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O brasileiro Thiago Silva, 36, radicado em Greenbrae, Califórnia (EUA), e o estadunidense Connor Jones, 30, venceram no último fim de semana um dos eventos de corrida em águas abertas mais desafiadores da Costa Oeste dos Estados Unidos, aberto a diferentes modalidades de embarcações movidas à tração humana, em um teste de resistência de 70 milhas (aproximadamente 112 km) chamado Seventy48.
Remando em um skiff duplo emprestado, os dois percorreram o curso no mar aberto notoriamente agitado de Puget Sound em 9 horas e 35 minutos. O melhor tempo registrado nesta prova em anos anteriores foi de 9 horas e 54 minutos em um skiff duplo.
Silva, que agora treina nos clubes de canoa de Marin County, e Jones, um remador universitário que ganhou uma medalha de ouro no Campeonato Mundial de Remo Sub-19, começaram o desafio às 19h, largando de Puget Sound, em Tacoma, ao norte do estado de Washington e, remando pela noite por entre os canais da região, terminaram em Port Townsend, ao sul do estado, às 4h35 da manhã seguinte.
Eles seguiram os cursos a partir de um GPS portátil, usando luzes de navegação alimentadas por bateria e se hidratando constantemente. Por três horas, a água estava relativamente calma, mas nas últimas seis horas de remo no escuro as ondas batiam no barco constantemente – e eram jogadas para fora com o auxílio de um bailer (balde utilizado em canoas e barcos à remo).
Connor Jones e Tiago Silva se conheceram no Open Water Rowing Center em Sausalito, Califórnia, competindo um contra o outros em barcos individuais.
Eles trocaram a liderança várias vezes ao longo do percurso de 9 milhas saindo do Golden Gate e de volta à Baía de São Francisco. Silva venceu essa corrida, eles concordaram em remar juntos em seu próximo desafio em águas abertas e escolheram o Seventy48.
O nome vem do desafio básico: remar ou remar 70 milhas nas águas abertas de um braço do Oceano Pacífico, com 48 horas para terminar a corrida. Sem motores, sem velas, apenas músculos.
O skiff fabricado utilizado pela dupla é um equipamento de remo coastal pela Maas com 31 pés de comprimento e menos de dois pés de largura na parte mais larga.
Os barcos Maas foram projetados e desenvolvidos por Chris Maas, um morador de Puget Sound, na década de 1970 na Baía de São Francisco. Construídos primeiro em Richmond, CA, depois perto de Seattle, esses barcos são remados em águas agitadas em todo o mundo hoje.
Utilizado no Remo Olímpico, o skiff é uma embarcação à remo muito veloz tradicionalmente utilizada em condições de “água lisa” (flat water), características de canais e lagos, porém, não funciona muito bem quando há interferência de ondulação.
Sua versão para águas mais agitadas, conhecida no Brasil como “Remo Coastal”, tem sido cada vez mais usada nas corridas de longa distância em águas agitadas. É uma vertente pequena, mas crescente, do remo.
Houve corridas de remo de longa distância em ambas as costas dos EUA e nas costas de muitos países ao redor do mundo nos últimos anos.
A Federação Internacional de Remo trabalha para incluir o remo coastal nas olimpíadas, e a modalidade poderá ser incluída nos Jogos de Los Angeles, em 2028.
Foi o remo coastal que atraiu o brasileiro Thiago Silva para os EUA como atleta competitivo e treinador. Ele competiu com sucesso pela Marin Rowing Association em barcos de equipe e individuais em cursos de flat water.
Mas Silva também é um exemplo dos mais longínquos do esporte. Remando como parte de uma equipe de quatro homens chamada “Uniting Nations” em um barco à remo oceânico.
Tiago e seus companheiros de equipe da França, Islândia e EUA remaram da Baía de Monterey, Califórnia, a Honolulu em pouco mais de 39 dias – um recorde estabelecido em 2016 que ainda permanece no Guinness Book of World Records.