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Quando um bebê nasce e começa a crescer, os médicos em geral recomendam aos pais para que coloquem o filho em aulas de natação. A idade varia de profissional para profissional, mas boa parte recomenda a partir dos 8 meses de idade.
Em um primeiro momento, ouvir esse tipo de recomendação, ainda mais de médicos, choca muitos pais. A imaginação vai longe e cenas de afogamentos, quedas na borda da piscina e outras situações trágicas passam pela mente. Claro, pode assustar você imaginar um bebê de 8 meses em uma piscina. Mas obviamente ele não estará sozinho. Haverá professores de Educação Física preparados para lidar com essa faixa etária, com as demandas que rondam essa idade.
Porém, como é esse cenário quando pensamos nas crianças que vão começar a pegar onda? Será que existe alguma idade ideal para começar a surfar? Falando especificamente do bodysurf, poderia existir alguma idade recomendado para iniciar na modalidade?
Sabemos que criança e esporte fazem uma combinação perfeita. A prática de esporte é algo recomendado por médicos desde a primeira infância. Mas como seria no do bodysurf, um esporte que requer apenas o uso de nadadeiras? Em outras palavras, não existe borda (de piscina) para a criança descansar, assim como não existe uma prancha para ela se deitar e relaxar.
Como podemos então confiar que o bodysurf é seguro para crianças? A resposta é: não se trata de um esporte ser seguro ou não. Uma criança poderia se machucar em uma aula de natação, tanto quanto uma criança em uma aula de surfe. A questão é a forma como a aula será conduzida, se é que a criança será encaminhada para um profissional competente que lhe ensine.
Muitas vezes na ânsia de transmitirem suas paixões para os filhos, os pais acabam atropelando o próprio ritmo dos filhos. Não entendem que cada indivíduo tem sua velocidade, seu ritmo para aprender e assim se aperfeiçoar em algo. Em um grande desejo de ver o filho surfando bem e de repente até vislumbrando vitórias em campeonatos, deixam de compartilhar conhecimentos e vivências fundamentais para este caminho. E aí que o professor, profissional especializado no assunto, entra. Pois este sabe como conduzir cada aluno, compreende o processo pedagógico de ensino-aprendizagem envolvido em cada esporte.
Se não falamos sobre leitura de mar, segurança aquática, corrente de retorno e demais temas, não conseguimos transmitir confiança para a criança.
No estado de Alagoas, onde o esporte handsurf alagoano foi criado, é muito comum os pais passarem essa tradição para os filhos. É algo que corre de geração para geração, até hoje. Alguns fazem isso por conta própria, enquanto outros procuram escolinhas para que a aprendizagem seja um processo conduzido por um profissional.
A meu ver, a paixão de um ser humano ser ensinada a outra, ainda mais sendo o esporte, é algo muito belo. Mas precisamos ser cautelosos para não pressionar nossas crianças, não devemos ser criadores de traumas, não podemos afastar as crianças do caminho da saúde e qualidade de vida. Um dado chocante que é importante termos em mente: no ano de 2018 aqui no Brasil, o afogamento foi a segunda causa de óbito em crianças de 1 a 4 anos e a terceira causa na faixa etária de 5 a 14 anos.
Em outras palavras, não podemos piscar, não podemos “tirar os olhos” das crianças, pois basta uma desatenção para uma tragédia acontecer. Precisamos saber dosar nossa empolgação, reconhecer que crianças precisam se divertir e ter em mente que não podemos nos distrair ao estar com eles. Sejamos sensatos.
Aloha
Letícia Parada
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Letícia Parada possui licenciatura e bacharelado em Educação Física e Esporte (CREF 129982-G/SP).