Nas “cracas” de Itaipuaçu pelas lentes de Carlos Kopke
Letícia Parada fala sobre o trabalho de Carlos Kopke, fotógrafo do RJ e amante do bodysurf que vêm se ... leia mais
O Brasil é enorme. Temos um vasto litoral à nossa disposição. Mares para todos os tipos de gostos e objetivos. Mar sem onda, mar com ondas grandes, longas, tubulares, pequenas e muito mais. Com isso, é normal que o número de praticantes de esportes aquáticos aumente a cada ano que passa.
Com o título mundial de surfe conquistado por Gabriel Medina ainda no ano de 2014, o Brasil viu esse esporte cair no gosto e atrair novos adeptos. O surfe que antes era marginalizado, viu tudo mudar, sua indústria cresceu, milhares de pranchas foram vendidas e mais escolinhas de surfe foram abertas.
Nesse sentido, o bodysurf vem em uma crescente muito interessante. Desde o lançamento de anos atrás do programa de televisão “Homem Peixe”, pertencente a programação do Canal OFF, o bodysurf se popularizou muito. Cada um que descobri o programa de TV, fosse intencionalmente ou não, acabava se interessando por esse esporte.
Como seu apelido (Homem Peixe) dando nome ao programa, o carioca Henrique Pistilli fez com que muitos se identificassem com sua vida e estilo de vida. Amante do mar e surfista de corpo e alma, Pistilli transmitia muito carisma e performance nas ondas, sempre rodando o mundo em busca das melhores ondas.
Naquela época, meados de 2014, muitos de nós fomos motivados a formar grupos, organizar encontros de bodysurf e desenvolver o esporte de alguma maneira. Na Bahia, o bodysurf sempre esteve vivo, mas a chama foi reacesa na época do programa e hoje se mantém cada vez mais forte. Ainda em 2014, um grupo chamado Bahia Storm foi fundado por Lucas “Shark” Nelli, campeão onde todo mês um encontro na praia era realizado, mas com a pandemia as atividades foram pausadas e agora em 2022 espera-se que haja uma retomada.
Outro grupo formado por grandes atletas, fotógrafos e entusiastas do esporte é o Pescador Handsurf. Esse grupo tem movimentado muito bem a cena do esporte, especialmente a modalidade conhecida como handsurf de Alagoas.
O handsurf de Alagoas é uma modalidade de handsurf criada em Alagoas em meados da década de 80. Um esporte radical e diferente, cujo objetivo do handsurfer / handsurfista é executar manobras de três esportes: surf, bodysurf e bodyboarding. Dentre as manobras mais comuns do handsurf de Alagoas encontram-se aéreo, batida, cutback, el rollo, floater, parafuso, rasgada. Inclusive, até a prancha / handboard desse esporte é diferente e é chamada de palmar.
Com a melhora do cenário da pandemia, o grupo Pescador Handsurf promoveu, em parceria com o Handsurf Clube, um Seminário voltado para a disseminação do Handsurf de Alagoas na Bahia.
Os pioneiros do esporte e experientes handsurfers Sivory Farias e Alberto Mariano, respectivamente Presidente e Diretor Técnico do Handsurf Clube, abordaram sobre a origem do esporte, suas peculiaridades, bem como as regras adotadas no julgamento dos atletas durante os campeonatos.
O fato é que os atletas baianos vem apresentando um nível de performance muito bom tanto no bodysurf como no handsurf, ressaltando a força que estes esportes possuem no estado. Para Anderson “Cebola”, que cobriu o evento e que faz parte da Diretoria do Pescador HandSurf, a ideia é abraçar o esporte ao mesmo tempo em que a comunidade é abraçada também. “Queremos dar oportunidade aos garotos da comunidade, tirar as crianças e adolescentes da marginalidade e incluí-las ao nosso esporte. Não tem coisa melhor do que isso”, afirma o fotógrafo.
De fato, não há algo mais bonito do que promover o esporte como ferramenta de inclusão, educação e transformação social. O esporte nunca deve ser o fim, mas sim o meio para mudar realidades. Mais do que formar campeões que subirão ao pódio, precisamos pensar em formar pessoas dignas, que exerçam um papel positivo na sociedade, independente se estas irão tornar-se atletas profissionais ou não. Por fim, a Bahia merece o devido reconhecimento por tudo que vem fazendo em prol do bodysurf e handsurf, o desenvolvimento de ambas as modalidades é algo inspirador e serve como incentivo para que outros estados se mobilizem para fazer o mesmo. Aloha, Bahia!
Aloha
Letícia Parada
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Letícia Parada possui licenciatura e bacharelado em Educação Física e Esporte (CREF 129982-G/SP).