Aloha Spirit e WSL destacam-se em evento sobre Economia do Mar em Saquarema
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Como já é de conhecimento, o Brasil é um celeiro de grandes praticantes do bodysurf e tem sido muito bem representado dentro e fora de competições, em mares grandes e pequenos, nos tubos e nas ondas cheias.
O fato é que os bodysurfers brasileiros têm se destacado e elevado o nível desse esporte a cada dia. Quebramos paradigmas com vários atletas desbravando picos que até então muita gente dizia serem impossíveis para se pensar em surfar de peito.
Quem vive nesse “mundo” do bodysurf sabe que os praticantes do esporte são bastante unidos e isso foi novamente comprovado dias atrás.
Quando foi anunciado o evento Prêmio Brasileiro de Ondas Grandes – Extreme Boardriders 2020, uma mobilização intensa ocorreu nos grupos de mensagens instantâneas e nas redes sociais.
Isso porque o evento que visa premiar as maiores e mais impressionantes ondas surfadas no litoral brasileiro, através de registros fotográfico e de vídeo, divulgou quais modalidades poderiam participar. E adivinha… o bodysurf não era uma delas.
Estavam lá o Surf, Tow-in, Kitesurf, Bodyboard e SUP. E talvez o que não estava previsto era a avalanche de comentários que atingiu a publicação feita no Instagram, onde era solicitada a reconsideração do regulamento e a inclusão do bodysurf.
Primeiramente, a organização se posicionou enfatizando que o prêmio era voltado para esportes com prancha.
Contudo, imediatamente bodysurfers e simpatizantes deste esporte, de toda as partes do Brasil, argumentaram que por muitas vezes o bodysurf é praticado com uma prancha também, chamada de handboard / handplane.
Ou seja, a justificativa de que a modalidade não se encaixava nos moldes do evento já não fazia mais sentido.
Centenas de comentários solidificaram a importância do bodysurf estar nesse evento e aqui preciso citar Rodrigo Soares.
Carioca, praticante de todas as modalidades de esportes de onda, que só de bodysurf possui 40 anos de prática, fez um apontamento muito interessante.
Rodrigo comentou que no Havaí, ao entrar de peito em Pipeline ou qualquer outro pico, mesmo sendo um bodysurfer desconhecido, você recebe o respeito dos locais mais cascudos.
Então, conversei com Rodrigo após ter lido seu comentário e ele me contou que na primeira onda que ele pegou no Havaí, ao lado de Pipeline, acabou rabeando um longboarder havaiano mais velho:
“Andei muito na onda e só ao final percebi a rabeada. Me preparei para tomar o primeiro esporro havaiano e, para minha surpresa, o cara elogiou a minha performance na onda”, relembra o carioca.
E em sua visão, a inclusão do bodysurf no evento demonstra que a união e a força dos praticantes são um grande diferencial, haja vista o reconhecimento dos organizadores em incluir uma modalidade que não usa prancha em um evento que é focado em esportes de prancha.
“Isso só confirma a visão de que o surfe de peito é o verdadeiro elo entre as demais modalidades e que estamos atingindo um grau de maturidade sem perder a essência. Principalmente a essência constituída da propriedade da soma e não da divisão”, afirma Rodrigo.
E se estamos falando de um evento que premia ondas grandes e impressionantes, como não falar sobre os bodysurfers atirados?
Em 2017, Fabio Eller “Russo” desafiou os limites e elevou o nível de radicalidade do bodysurf na laje da Besta.
Ele conta que se sente orgulhoso em falar que na onda mágica e enorme da Besta, quem foi lá pela primeira vez e dropou na remada pura foi o surfe de peito.
E que, no futuro, quando forem contar as histórias daquela onda mitificada desde o século 16, com a entrada dos portugueses pela Baía da Guanabara, terão que falar que os primeiros a surfarem lá sem ajuda de jet ski foram os surfistas de peito.
Naquela época o feito era até então inédito para o bodysurf e a aos olhos de poucas pessoas isso poderia ser possível algum dia.
Julio Cesar “Kamikaze”, mais conhecido como JC, sempre falava sobre a onda da Besta e como gostaria de tentar surfar lá.
Maurício Jordan da Leblon Fins organizou tudo e a galera partiu nessa missão de surfar onda gigante de bodysurf, que acabou dando certo e que trouxe muita visibilidade para a modalidade.
Para Russo, assim como aconteceu com o surf e com o bodyboard, o surf de peito em ondas grandes encontra-se em evolução.
Ele conta que não é de hoje que surfistas de peito pegam ondas grandes, pois isso já vem desde a década de 80 com os caras das antigas.
A galera da Associação de Surfe de Peito do Santo Cristo e a galera da Associação Carioca de Surfe de Peito que, mesmo sem mídia, caíam e dropavam ondas grandes por amor ao esporte.
“Se hoje o surfe de peito teve grandes conquistas como essa do evento de ondas grandes, a galera das antigas tem que ser valorizada, porque nos inspiraram e nos inspiram ainda pelas atitudes que tiveram”, afirma Russo, que considera o surfe de peito como uma arte, e que vê a inclusão do bodysurf no evento como uma conquista coletiva e histórica de seus praticantes, onde se viu um engajamento enorme e também uma grande sensibilidade dos organizadores que merece ser reconhecida.
Diante desta mobilização geral, o bodysurf está na parada! Então, se você quer participar, basta se inscrever no evento e enviar fotos e vídeos das ondas até o dia 10 de novembro de 2020.
É válido ressaltar que as ondas devem ter sido surfadas no período de 20/10/2019 a 10/11/2020.
Para mais informações sobre o evento, assim como o regulamento, clique AQUI.
Finalizo esse artigo citando uma frase feita por Russo, que disse que:
“Independente do tamanho de onda que dropamos, nosso esporte é muito mais do que um tamanho de onda. A união de todos os esportistas é o mais importante”.
A vitória é nossa! Viva o bodysurf! É o peito, bota pra baixo!
Aloha
Letícia Parada
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