Delegação visita a sede das modalidades SUP e Surfe dos Jogos Pan-Americanos de 2019
Membros da PASA, atletas e autoridades do governo, foram ver de perto como estão as obras que servirão de ... leia mais
Se você acompanha a cena global dos water sports, vai perceber que muitos atletas do stand up paddle já foram ou são competidores e grandes remadores de va’a. O inverso também se aplica. Dany Ching, Travis Grant, Dave Kalama e Georges Cronstadt, só para citar alguns nomes internacionais, enquanto Monica Pasco, Babi Brazil, Luiz Guida “Animal”, Marinho Cavaco, Rogério Mendes e Paulo dos Reis são exemplos brasileiros desse panorama. Temos ainda nossa “embaixadora”, Andrea Moller, que vive há muitos anos no Havaí e é uma das water women mais respeitadas do mundo.
Quem chegou primeiro ao Brasil foi a canoa polinésia, com as primeiras bases fundadas em Santos (SP) e no Rio de Janeiro (RJ) há quase 20 anos. Já o SUP, mais recente, começou a aparecer em nosso litoral em 2006, e começou a ganhar vulto a partir de 2008, com realização da primeira competição de stand up paddle do Brasil, o Festival da Remada, também realizada em Santos (SP), já apontando para uma tendência cada vez mais comum: a de integrar praticantes de diferentes modalidades de water sports.
Nos anos seguintes a popularidade do SUP explodiu, enquanto o va’a, por sua vez, também cresceu, só que de forma mais gradual.
As canoas polinésias existem há milhares de anos e estão profundamente enraizadas na história dos povos que habitam o Triângulo Polinésio (Havaí, Rapa Nui, Taiti, Nova Zelândia, entre outras ilhas do Pacífico) e, enquanto nos dias de hoje as canoas são produzidas a partir de materiais leves, fortes e modernos, sua essência permanece inalterada.
Para além da atividade física, essa rica história e cultura encantaram centenas de remadores de stand up paddle no Brasil, que passaram a ter contato com o va’a sobretudo graças a eventos como o Aloha Spirit Festival, que foi decisivo para unir esses dois universos.
“Bem no começo havia por parte de alguns competidores um sentimento de rivalidade entre o SUP e a canoa, mas filosofia do Aloha, de integrar as modalidades de esportes de água, rapidamente mudou isso e o que passamos a ver foi um intercâmbio cada vez maior entre remadores de stand up paddle e va’a”, conta João Castro, fundador e organizador do Aloha Spirit.
De fato, muita gente que remava de SUP passou a integrar equipes de va’a e a praticar mais efetivamente a modalidade no Brasil, que nos últimos anos passou a crescer de forma exponencial por aqui. Hoje, há bases de canoa polinésia em quase todos os estados brasileiros.
Já o SUP, após vivenciar um período de crescimento impressionante, teve, a partir de 2018, um momento de retração e agora dá sinais de que entrou em um período de estabilidade. Só que, por outro lado, a modalidade está se fortalecendo institucionalmente, já integrada aos Jogos Pan-Americanos e, segundo apontam especialistas, muito em breve estará incluída nas Olimpíadas.
Como muitos remadores já perceberam, tanto o SUP, quanto o va’a, são atividades físicas realmente divertidas, de alta qualidade e que se complementam.
A canoa permite ao praticante lapidar sua técnica de remada de forma apurada: captura, uso da energia, saída e recuperação, são mais fáceis de serem analisadas (e aperfeiçoadas) quando estamos a bordo de uma va’a.
Já a remada de SUP proporciona um maior fortalecimento da região do core (músculos que suportam e estabilizam a região do tronco), muito importante para dar sustentação e evitar lesões. Além disso, a amplitude de visão e manuseio do remo, no caso do stand up paddle, ajudam bastante no treinamento de leme para o va’a.
Já no caso do downwind, enquanto alguns preferem a velocidade incrível que as canoas alcançam entre as vagas, outras enaltecem o prazer de surfar em pé as ondas de vento em águas mais profundas. O fato é que, preferências à parte, é muito bom saber que podemos nos integrar com a energia dos oceanos, rios e lagos de diferentes formas e, no caso do SUP e do va’a, de uma maneira complementar.