Remadores fazem a 1ª travessia de V1 de Niterói à Ilha Grande

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Travessia de V1 Niterói a Ilha Grande
Andre Guerbatin, Gustavo Jacobi e Fabio Valongo no momento da partida, em Niterói, ao cair da noite. Foto: Arquivo pessoal

No último sábado (16) três remadores de Niterói (RJ) realizaram mais um feito importante na história do va’a brasileiro.

Fabio Valongo, Andre Guerbatin e Gustavo Jacobi foram os primeiros remadores de V1 a concluírem a travessia entre Niterói e Ilha Grande.

No total, cada um, a bordo de sua respectiva V1, remou 130 km ao longo de 15h de travessia.

Eles saíram na sexta-feira (15), às 19h30, da base da Itaipu Surf Hoe, em Niterói, rumo às Ilhas Cagarras, na orla do Rio de Janeiro, onde iriam fazer sua primeira parada e encontrar com o barco de apoio, um veleiro onde estavam Rafael Horigome e Willian Jacobi, acompanhados do o casal Luiz Perin, Fabiano Faria e o pequeno Kainui.

À princípio, Fabiano Faria também estava escalado para fazer a travessia de V1, porém, o capitão do veleiro escalado para fazer o apoio acabou ficando doente alguns dias antes e Fabiano, por ser velejador, em um gesto muito bacana, abriu mão de fazer a remada para assumir o comando da embarcação na travessia.

Travessia de V1 Niterói a Ilha Grande
Equipe da apoio à postos (da esq. para dir.): Rafael Horigome, Luiza Perin, Willian Jacobi, o pequeno Kainui e Fabiano Faria (cortado pela foto).

Fabio Valongo conta que foram semanas de planejamento até colocar as canoas na água. Além disso, quando projeto ficou pronto, eles tiveram que aguardar mais algumas semanas até encontrarem a janela ideal para fazer a travessia:

A gente já fez essa remada de OC-6, em revezamento, mas sempre tivemos vontade de fazer o mesmo trajeto solo, remando de V1. No final de 2020 o Gustavo (Jacobi) botou essa pilha e na hora topei. Então começamos a nos preparar esperando as condições ideais. Até que em janeiro desse ano entrou uma previsão muito boa de vento leste, ideal para o trajeto”, conta Fabio.

No entanto, como todos trabalham, a travessia só poderia ser feita no final de semana. Dessa forma, acompanharam com grande ansiedade a previsão, torcendo para que os ventos continuassem soprando na mesma direção pelo menos até sábado.

Felizmente, no dia 15 de janeiro, sexta-feira, as condições estavam boas e os três amigos puderam colocar as canoas na água no início da noite rumo à Ilha Grande.

Chegada às Ilhas Cagarras

“Estávamos preparados para chegar à Ilha Grande com ou sem apoio”. Foto: Arquivo Pessoal

Após encararem o mar muito balançado na saída da Baía de Guanabara, ao chegarem nas Ilhas Cagarras, os três remadores tiveram o primeiro imprevisto: o veleiro não estava lá.

Fabio conta que por estarem as três V1 abastecidas como os mantimentos necessários para a realização de toda a travessia, optaram por mandar uma mensagem ao barco de apoio, combinando um novo ponto de encontro mais à frente: As Ilhas Tijucas.

As canoas estavam abastecidas com tudo que precisávamos, então, optamos por seguir em frente. Claro que contar com um barco de apoio ao lado seria excelente, mas estávamos preparados para chegar à Ilha Grande com ou sem apoio”, revela o remador.

No entanto, felizmente, cinco minutos após alcançarem as Tijucas, eles avistaram o veleiro.

Estava tudo certo para seguirmos solo até lá, mas foi muito importante contar com a segurança de um barco de apoio, ter a possibilidade de beber água gelada, até mesmo uma coca-cola”, brinca Fábio Valongo.

Após três horas de remada eles finalmente começaram a remar em condições realmente favoráveis, com ventos e ondulações na direção ideal.

No caso da V1, que não possui leme, o desgaste é muito grande quando a rota da canoa precisa ser ajustada a todo momento.

Surfando de V1

Travessia de V1
Após um surfe épico na Marambaia, os primeiros raios de sol. Foto: Arquivo pessoal

Ao alcançarem a Marambaia, os ventos sumiram, mas a ondulação, com cerca de um metro e meio, estava na direção ideal, o que proporcionou uma remada extremamente prazerosa.

Fabio conta que foi um momento de total conexão. Os três, na escuridão da noite, realçada pela natureza da restinga da Marambaia e longe das luzes da cidade.

O barco precisou se afastar por causa dos bancos de areia e éramos só nós três, deslizando pelas ondulações na escuridão da noite e só ouvido o barulho das ondas, foi um momento realmente especial, de conexão total com a canoa e com o mar”, revelou Fábio.

O sol começou a nascer quando eles estavam prestes a completar a pernada da Marambaia, que, no entanto, parecia nunca chegar ao fim.

Nesse momento, o barco de apoio voltou a ter contato com os remadores e eles passaram a atravessar o canal rumo à Ilha Grande.

travessia de V1 Niterói a Ilha Grande
Missão cumprida! Da esq. para dir.: Fabio Valongo, Fabiano Farias, Andre Guerbatin e Gustavo Jacobi. Foto: Arquivo pessoal

Agora remando de dia, eles puderam apreciar as águas muito claras do canal que separa Ilha Grande de Angra dos Reis, ocasião em que foram novamente presentados com a visão de um cardume de Arraias passando por baixo das canoas.

Pouco antes de chegarem na praia do Abraão, o destino final, três rápidas paradas para mergulhar, contemplar a natureza e agradecer por tudo ter transcorrido bem ao longo da jornada.

Chegando no Abraão, eles foram calorosamente recebidos pelos remadores Fogo e Jorge Freitas, da Ilha Grande Va’a, coroando em grande estilo a primeira travessia de V1 da história entre Niterói e Ilha Grande.

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