Remadores e surfistas unidos pela paz

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Fusão de festivais em Santos (SP) reúne tribos para promover um estilo de vida saudável e refletir sobre a paz no mundo

Um corredor de pranchas foi formado com a participação de praticantes de canoa havaiana, que chegaram pelo mar. Foto: PMS / Reprodução.

No último domingo (5) a cidade de Santos foi palco de um evento único e com um alto valor simbólico. Reunido dois festivais, o 1º Festival Náutico pela Promoção da Paz e o Festival Prancha Oca de Longboard Feminino, remadores, surfistas, autoridades municipais e público em geral se uniram para refletir sobre a paz no mundo e a luta pelo desarmamento nuclear.

O ponto de encontro das tribos foi o Parque Municipal Roberto Mário Santini, o famoso Quebra-mar santista, onde foram prestados atos de solidariedade entre brasileiros e japoneses, pelos 110 anos da chegada do navio Kasatu Maru trazendo os imigrantes do Japão, e a união de dois esportes náuticos, a canoa havaiana e o longboard, com a realização do 1º Festival Náutico pela Promoção da Paz e o Festival Prancha Oca de Longboard Feminino.

Canos dos clubes de canoagem polinésia de Santos no momento da chegada no Quebra-mar santista. Foto: Thiago Cerucci.

Um corredor de pranchas para a união das águas com a participação de praticantes de canoa havaiana, que chegaram pelo mar, foi formado na areia da praia até o Monumento aos Imigrantes Japoneses para a passagem de duas homenageadas, as surfistas Chloé Calmon, 23 anos, do Rio de Janeiro, 2ª melhor no ranking mundial de longboard, e Reiko Konno, 89, praticante da modalidade há 20 anos. Elas receberam recipientes contendo as águas doce e salgada.

“Essa cidade é a minha segunda casa. É um lugar onde a cultura do longboard é muito forte. Além do evento unir o surfe, homenageia os japoneses, promove a paz mundial e acaba envolvendo todo mundo que está na praia. Fiquei muito honrada em participar”, disse a longboarder profissional Chloé Calmon que participou do evento. Para dona Reiko, também homenageada com um colar havaiano (lei), símbolo do espírito de aloha, “Foi uma alegria ver japoneses e brasileiros todos juntos”.

DIÁLOGO, RESPEITO, SILÊNCIO

Dona Reiko (ao centro) recebeu as homenagens dedicadas á comunidade japonesa. Foto: PMS/ Reprodução.

O evento teve ainda um minuto de silêncio em homenagem às vítimas de Hiroshima e Nagasaki. “Buscamos a reflexão sobre o desarmamento nuclear, que é uma atualidade no mundo. Dentro da comunidade japonesa trabalhamos ações de promoção da cultura da paz, com essa diretriz da harmonia”, disse a presidente da Associação Japonesa de Santos, Marise Harue Hashimoto.

DE SANTOS PARA HIROSHIMA, A UNIÃO DAS ÁGUAS

Na ocasião, o recipiente com a união das águas foi entregue à servidora pública e também remadora Kelly Freitas que o levará para Hiroshima, em outubro, quando participará de estágio na cidade japonesa, sede da rede Prefeitos pela Paz. “A união de águas é uma tradição havaiana e a gente trouxe para essa celebração no intuito de levar para o Japão como símbolo da união dos povos. Quero aprender muito lá e disseminar o conhecimento”.

COMPETIÇÃO E TRADIÇÕES

Momento em que as homenagens foram prestadas. Foto: Thiago Cerucci.

O Festival Prancha Oca reuniu cerca de 250 competidoras, entre profissionais e amadoras de todo o País, que representaram as mulheres vítimas de bombardeio atômico nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Entre as participantes, muitas de descendência japonesa, como a professora Lísia Matsumura, 37, de Caraguatatuba, que conquistou a melhor onda. “Sempre surfei em Ubatuba, estou em Santos pela primeira vez. Sou iniciante no esporte, então nem acreditei. É um momento que marca a história da comunidade japonesa”.

A celebração ainda contou com apresentações folclóricas de tradição japonesa e com distribuição de colares havaianos, confeccionados pela Vila Criativa Mercado, e tsurus, pela Associação Japonesa de Santos. Também participaram os surfistas Isabela Panza e Cisco Araña, e o coordenador de desfiles de canoas, Cauê Serra. Realização da Prefeitura e da Associação Japonesa de Santos, com participação da Tumobgrafia.

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