Canoas, gráficos de varas e mapas estelares: como era feita a navegação polinésia
A navegação polinésia é milenar e feita à partir da transmissão do conhecimento ancestral na observação ... leia mais
Eduardo VIII, que foi rei da Inglaterra no início do Século XX, entrou para a história por ter abdicado do trono real para se casar com Wallis Simpson, uma americana divorciada, em 1936. Um escândalo para época e que fez com que seu irmão mais novo, George VI, pai da rainha Elizabeth II, se tornasse rei.
No entanto, o que pouca gente sabe é que o espírito libertário Eduardo VIII não se restringia ao campo amoroso. Conhecido por seu ímpeto aventureiro, ele foi um dos primeiros europeus a surfar e remar de canoa havaiana.
Em 13 de abril de 1920, quando ainda era o Príncipe de Gales, Eduardo e sua comitiva visitaram a ilha havaiana de Oahu durante uma viagem que faziam rumo à Austrália.
A bordo do HMS Renown, um dos maiores navios da Marinha Real Britânica, eles desembarcaram em Honolulu e então visitaram o Outrigger Canoe Club, em Waikiki.
Um dia após essa visita, os jornais havaianos divulgaram a notícia de que o herdeiro do trono britânico gostaria de aprender surfar e que receberia aulas de ninguém menos do que Duke Kahanamoku.
Naquela manhã, uma grande multidão se reuniu na praia, em frente ao Outrigger Canoe Club, para assistir ao príncipe Edward e seu primo, Louis Mountbatten, em trajes de banho, se aventurarem nas ondas de Waikiki.
Duke Kahanamoku os encontrou na beira da água, ao lado das canoas do Outrigger Canoe Club. Ele cumprimentou a dupla e em seguida verificou os ajustes da canoa e, então, convidou a dupla para entrar e tomar seu assento e conduziu o leme do va’a até a arrebentação de ondas, por meio do canal.
Eles então remaram por cerca de dois quilômetros para fora do mar e viraram-se para a praia, e então, em direção à costa, surfam a primeira onda de canoa havaiana.
Eles repetiram esse “passeio pelas ondas” várias vezes, para a alegria do príncipe, que então disse a Duke que queria tentar surfar de prancha.
Kahanamoku trouxe a canoa de volta para praia, escolheu uma de suas maiores pranchas de madeira e voltou para o mar, levando o príncipe, de bruços, na frente.
Duke se posicionou no outside e esperou pela onda certa. Uma boa direita, quebrando rente ao canal, se formou. O havaiano remou com força até certificar-se de que estava na onda. Ele então, num salto, ficou de pé e deslizou com prancha até o píer de Moana, trazendo consigo o príncipe maravilhado com a experiência.
Mais tarde Kahanamoku revelaria que, após pegar aquela onda, o príncipe teria lhe dito que aquilo era muito divertido e que era a primeira vez em que ele conseguira escapar das câmeras dos noticiários e dos homens do serviço secreto. “Nunca tive um momento sozinho até agora”, teria lhe dito o príncipe.
Eduardo então quis tentar surfar sozinho. Kahanamoku então o ajudou a remar para o outside e o orientou a remar nas ondas certas.
O príncipe lutou bravamente até conseguir entrar nas primeiras ondas e conseguir ficar de pé por alguns segundos, até tomar um caldo feio e bater a cabeça na prancha.
“Ele veio falar comigo gaguejando, um pouco assustado, mas sorridente”, disse Kahanamoku. Eles então resolveram que era hora de descansar um pouco. Apertaram as mãos e voltaram para a praia, onde conversaram um bom tempo antes de se separarem.
No dia seguinte, o HMS Renown seguiu viagem rumo à Austrália. Na volta, o príncipe Edward exigiu que o navio parasse em Oahu. Duke não estava na ilha, e coube a seu irmão, David, receber a comitiva real para ministrar mais aulas de surfe.
Dessa vez, mas relaxado e com mais tempo, o futuro rei da Inglaterra aprendeu a se levantar em uma prancha de surf, surfando várias ondas.
O Honolulu Star-Bulletin então publicou uma ampla reportagem relatando a visita do monarca britânico ao Havaí, e suas aventuras com uma canoa havaiana e uma prancha de surfe. Fotos do Duke e do futuro rei Eduardo VII sorrindo juntos na praia, foram divulgadas mundialmente, ajudando para popularizar a expressão “Esporte de Reis”, criada pelo escritor Jack London alguns anos antes.