“Não passa pela nossa cabeça desistir”: Diego Vale fala sobre a rotina após incêndio na Evolution

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Campanha Evolution Canoe
Diego Vale, da Evolution Canoe, no interior da fábrica antes do incêndio. Foto: Arquivo pessoal

No dia 16 de julho a comunidade da va’a brasileira foi surpreendida com a notícia de que a fábrica da Evolution Canoe havia sido novamente atingida por um incêndio, quase três anos após sofrer um grave incidente semelhante.

Apesar dos estragos não terem sito tão graves como ocorrido em 2020, o prejuízo foi grande. No entanto, assim como da primeira vez, funcionários e amigos se uniram em um esforço em conjunto para que a Evolution retomasse suas operações o mais rápido possível.

Na entrevista a seguir, o designer Diego Vale, um dos sócios proprietários da empresa, conta para o jornalista e diretor de conteúdo da plataforma Aloha Spirit Midia, Luciano Meneghello, como têm sido os trabalhos a volta completa das atividades da Evolution ainda esta semana.

Como tem sido a rotina da fábrica após o incêndio?

Nossa rotina tem sido marcada pelo engajamento, principalmente dos colaboradores e também pelos amigos e clientes, que são, na verdade, “clientes amigos”. Aí essas duas características se esbarram uma na outra, pois são pessoas que não mediram esforços para nos ajudar, fazendo acontecer o mais rápido possível. Isso daí foi a principal marca dessa situação.

A fábrica tem seguro?

Seguro? Não, não tínhamos. Já tentamos fazer, por conta até do incêndio que já teve. Ah, e as seguradoras não tratam a gente como uma situação normal. É um seguro muito caro por conta do risco, né?

E vocês já fizeram um levantamento do prejuízo?

A gente está estimando aí meio milhão, mas pode ser até um pouco mais. Os cálculos iniciais apontam para esse valor.  Esse número pode ser significativo? Assim, a gente já parte aí de 30 canoas que se queimaram em diversas momentos do processo. Tinha a canoa que tinha saído do molde, tinha canoa que já tinha recebido algum tratamento do acabamento, outras prontas. Enfim, canoa de reparo, muitos tipos de canoas. Somando o valor médio delas mais o que a gente já havia tido de custo. Estamos falando aí de 12.000 e fora que a gente vai ter que produzir de novo. Então, é um custo realmente alto. Só pelas canoas que queimaram. Aí, se somar todo o resto, vai passar de meio milhão fácil. E os clientes super colaborativos, compreensivos também em relação a prazo, etc.

Como tem sido a resposta dos clientes da fábrica?

Quero formalizar um pouco mais esse agradecimento. Isso realmente foi, mais uma, vez uma motivação a mais para a gente seguir em frente acreditando nesse mercado. Não passa pela nossa cabeça desistir, principalmente por conta desse acolhimento todo. Sim, é muito bom, muita mensagem, muitas pessoas querendo ajudar de várias formas e a gente aceitou aquilo, pois precisávamos mesmo. Então a gente aceitou o coração aberto.

E vocês precisam de algum tipo de ajuda financeira?

Aceitamos de coração aberto a todos que tem vindo aqui nos ajudar a reerguer a fábrica, mas ajuda de grana ou qualquer iniciativa assim a gente resistiu, né? E por um motivo simples: não que esteja sobrando, mas, não está faltando. Então, é como se fosse alguém que vai dar uma cesta básica pra alguém. E esse alguém tem arroz, feijão e fígado na geladeira. Ninguém tá falando de filé mignon, mas tem comida. Mas só que o vizinho dela só está com a farinha, não tem mais nada, entendeu? E aí é uma sensação estranha você receber uma cesta básica sabendo disso. E o que eu quero dizer é que eu sei que tem gente que precisa mais do que nós, então, não seria confortável receber ajuda financeira por conta disso, por conta de consciência mesmo. Mas logicamente, a gente agradece muito a todo mundo que quis contribuir financeiramente ou fazer vaquinha ou leiloar alguma coisa.

Em quanto tempo acredita que voltarão à produção das canoas?

A laminação já voltou. Agora só falta o acabamento, que é o lugar onde o incêndio teve o maior enfoque. Inicialmente imaginei retomar a produção em seis semanas e a gente está iniciando aqui terça-feira, na terceira semana após o incêndio. Ou seja, metade do tempo que eu imaginei por conta disso. Não que seis semanas fosse muito tempo, pelo contrário! Então, você tem ideia que a gente fez ali acontecer novamente as coisas que eram necessárias para deixar tudo no lugar. A gente fez como se fosse um funcionário trabalhando por dois, mas isso somente pela vontade de ter de volta a nossa rotina de trabalho. Claro que a parte financeira é importante, mas todo mundo curte estar aqui, porque é uma rotina boa. Então, isso é um ponto bem forte aí dos amigos também que não eram obrigados a estar aqui e nos ajudaram, nem os funcionários eram!

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