Ho’oponopono: a técnica havaiana de meditação que combate a ansiedade
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O IVF World Sprints, campeonato mundial de va’a velocidade que está sendo realizado em Hilo, na Ilha Grande do Havaí, entre os dias 18 e 20 de agosto, reúne 27 nações e cerca de 3.000 competidores, sendo a delegação brasileira a segunda maior do evento, com 305 inscritos, atrás apenas dos anfitriões havaianos, que contam com 600 remadores. Nem todos sabem, mas essa competição tem um significado especial para o Brasil, pois marca o retorno ao local onde uma equipe de va’a representou nosso país em mundiais, pela primeira vez, há exatos 20 anos.
“Tenho certeza que o mundo da va’a ficou muito impressionado pela quantidade de remadores na delegação brasileira em Hilo 2024 e seus expressivos resultados frente às fortíssimas delegações taitianas, havaianas e neozelandesas, 20 anos depois da primeira participação brasileira num mundial nessa mesma ilha”, recorda Nicolas Bourlon, francês de nascimento e brasileiro de coração.
Nicolas é uma figura central na história da va’a brasileira. Como fundador e presidente do Rio Va’a, um dos mais antigos clubes de canoagem polinésia do país, ele desempenhou um papel fundamental na popularização da modalidade por aqui e são muitas as recordações daqueles anos em que a canogem polinésia engatinhava. Mas a memória de Hilo é especial, afinal, foi a primeira vez em que uma equipe representando o Brasil participou de uma competição organizada pela Federação Internacional de Va’a (IVF). “A participação em Hilo 2004 colocou o Brasil no mapa do Va’a mundial”, relembra.
A equipe foi formada por Nicolas Bourlon e cinco brasileiros radicados em Maui: Yuri Soledad, Márcio Freire, dois renomados surfistas de ondas grandes, Jorge Müller, Rodrigo da Silva e Jefferson Espírito Santo. “Rodrigo e Yuri treinavam no Hawaiian Canoe Club, e tive a oportunidade de correr com eles na equipe estreante do Havaiian Canoe Club (HCC) na prova Queen Liliuokalani 2002, em Kona, HI, a minha primeira prova no exterior”, relembra Nicolas.
A construção da participação brasileira no Mundial de Hilo foi um processo gradual, alimentado por intercâmbios com outros clubes. Em 2002, além da participação na Queen Liliuokalani, o Rio Va’a Clube competiu na La Porquerollaise, em Toulon, França. No mesmo ano, o clube organizou a primeira Rio Va’a, que contou com a participação de equipes da França. “Esses intercâmbios a partir de 2002 foram fundamentais para o crescimento inicial da va’a no Brasil e as bases da organização da modalidade”, diz Nicolas. Em agosto de 2003, ele filiou o Brasil à IVF durante uma competição em Kona e, em Hilo 2004, foi convidado pelo recém-eleito presidente da IVF, Charles Villierme, para ser secretário-geral adjunto da Federação, encarregado de desenvolver a canoagem polinésia na América Latina.
A formação da equipe para o Mundial de 2004 contou com a ajuda de Jack Dyson, do HCC, um dos primeiros havaianos a visitar o Brasil após a divulgação da Rio Va’a 2002 em revistas internacionais. “Os treinos de equipe com o Jack foram fundamentais para a prova de V6 500m open e, principalmente, para a gente aprender a fazer as boias da prova de 1500m“, explica Nicolas.
Outra ilustre brasileira, Andrea Moller, radicada em Maui há muitos anos e considerada uma das maiores water woman do mundo, também marcou presença na competição, mas representando uma equipe feminina local.
Essa primeira participação marcou o início de um processo de intercâmbio com clubes e remadores estrangeiros que em muito contribuíram para o desenvolvimento da modalidade no Brasil, o que também ajudou a impulsionar a canoagem polinésia na América Latina.
Em 2008, a va’a foi oficialmente incorporada à Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), com a criação do Comitê de Va’a, permanecendo na entidade até a criação da CBVA’A, em 2016. A participação brasileira no Mundial de Hilo 2004 também despertou o interesse pelo parava’a, que ganhou força no Brasil a partir de 2009, muito em função de ações promovidas pelo clube Rio Va’a.
A semente plantada pelos pioneiros em Hilo 2004 floresceu e deu frutos, levando o Brasil a se tornar uma potência emergente na va’a mundial, mas também deixou uma grande saudade para aquela equipe. “Aproveito a oportunidade para lembrar da gentileza e espírito de equipe do Márcio Freire, que se foi em 2023 surfando em Nazaré, atrás da sua paixão por ondas grandes”, finaliza Nicolas, relembrando com carinho e respeito o amigo e companheiro de equipe, cuja memória continua a inspirar a nova geração de homens e mulheres do mar.