20 mil SUP infláveis sofrem recall por risco de vazamento
20 mil SUP infláveis sofrem recall por risco de vazamento no sistema de vedação. Pranchas foram vendidas ... leia mais
Caros leitores, esta será uma coluna em minissérie, com início, meio e fim, além de capítulos pré-definidos, para que vocês possam revisitar com mais facilidade cada assunto. Sim, teremos um índice que será divulgado nas próximas semanas, à medida em que os textos forem postados!
A ideia de escrever a coluna surgiu quando o Luciano, diretor de conteúdo da plataforma Aloha Spirit Mídia, mandou um Whatsapp perguntando sobre os softwares que utilizamos na gestão da Kanaloa, pois estavam surgindo alguns no mercado voltados para o nosso esporte e ele queria escrever uma matéria a respeito.
Como um software é apenas uma ferramenta das muitas necessárias para uma boa gestão, e que por trás de todo software é necessário o trabalho dedicado e bem organizado de pessoas, sugeri que ele me ligasse para contar como fazemos na Kanaloa e como o nosso trabalho havia se transformado em uma metodologia com uso de software para prestar serviço a outros clubes, sob uma nova marca, a Va’a Connect.
Nesta série de artigos trarei temas que são amplamente discutidos em atividades que envolvam ensino, seja uma escola, uma universidade ou prestadores de serviços de atividade física, como academias e clubes de canoa, com o acréscimo dos meus pontos de vista e adaptados a peculiar realidade do nosso esporte no Brasil.
Serão dois textos introdutórios, o primeiro para dar o tom da conversa e o segundo, onde nos apresentamos e contextualizamos o que virá em seguida: aproximadamente 12 capítulos com as nossas perspectivas sobre temas que podem não só melhorar os resultados do seu clube, mas principalmente melhorar a sua qualidade de vida.
Notem que os capítulos estão inter-relacionados e os assuntos acabam invadindo os espaços uns dos outros, mas ficará tudo bem.
Tratando-se de um projeto em andamento, pode ser também que alguns capítulos deem lugar a outros e que o índice sofra algumas alterações, mas em linhas gerais, todos os assuntos mencionados e mais coisas que surjam, serão abordados.
Preciso começar com algumas considerações e deixando aqui um texto introdutório cuja leitura recomendo antes de cada próximo artigo.
Compartilharei reflexões e maneiras de pensar que me ajudaram a compreender o negócio “Clube de Canoa Havaiana” e a navegar com mais eficiência por suas recompensas e armadilhas.
Será a primeira coluna do Aloha Spirit Mídia, voltada para os sócios e instrutores de clubes mas, que se também for lida por alunos, remadores e entusiastas, trará novas perspectivas e um olhar mais solidário para os desafios de empreender em um segmento tão desafiador.
Para começar, quero confrontar algumas distorções, alguns enganos muito comuns e que estão relacionados com as expectativas e crenças, versus a realidade.
Em primeiro lugar, ao contrário do que pensa a maioria, um clube de canoa, quase nunca é um negócio – é apenas um emprego que o dono das canoas dá a si mesmo ou, quando muito um lifestyle business* onde o dono faz tudo sozinho.
*”Lifestyle business” é um negócio criado e administrado por seus fundadores principalmente com o objetivo de sustentar um nível específico de renda e não mais; ou fornecer uma base para desfrutar de um estilo de vida específico.” fonte: Wikipedia.
Por maior e mais bem-sucedido que um clube se torne, continua sendo um negócio pequeno que pagará um salário baixo ou mediano a no máximo dois sócios, sem sobrar recursos para contratar e delegar funções, quanto mais para recuperar o investimento, reinvestir e pensar em expandir.
Há o canto da sereia, de trabalhar apenas duas a três horas por dia, dando aula de canoa e ganhando para fazer algo que a gente pagaria pra fazer. Criamos o clube, mal sabendo o trabalho árduo que teremos, por menor que ele seja!
No mínimo passamos o dia inteiro respondendo mensagens de alunos e prospects e organizando as listas das aulas do dia seguinte. Isso toma tanto o nosso tempo que deixamos de fazer uma série de outras coisas que são importantes para transformar o clube em um bom negócio.
Amamos a Canoa e estar na água. A ideia de passar mais tempo remando, recebendo para isso e proporcionando saúde e qualidade de vida para as pessoas parece muito boa.
O problema é que em pouco tempo, os donos de clubes estão sacrificando a própria qualidade de vida em função dos alunos, presos a uma roda viva da qual não fazem a menor ideia de como sair. Nos sobrecarregamos, envaidecidos pela ilusão de um aparente sucesso, pagando altos preços ao custo de uma carga injustificável de trabalho e sacrifício, a qual só nos sujeitamos sem perceber com clareza a realidade, por estar relacionada com algo que amamos fazer.
Também são poucos os horários com realmente muita demanda e é enorme a dificuldade de criar novas turmas. Em quase todos os clubes, as turmas mais disputadas estariam lotadas mesmo que houvesse o dobro de canoas, enquanto que no restante do dia é uma luta conseguir alunos e não vale a pena o investimento de tempo, esforço e dinheiro para tentar.
Comprar mais canoas para os horários mais concorridos é um enorme desafio e raramente compensa. Muito melhor seria ter mais horários cheios com as canoas existentes e acabamos ficando divididos entre o desejo e a insegurança de crescer.
É reinante a mentalidade de escassez, ou seja, tomar decisões a partir do medo de perder e da dificuldade de conquistar novos alunos, sendo a consequência cobrar menos do que deveria e gastar muito tempo nas redes sociais e whatsapp prestando um atendimento prolixo para os potenciais futuros remadores.
Para diferenciarem-se dos “concorrentes” os clubes acabam criando um “novo igual”, novamente às custas do próprio clube, por exemplo: Longão de sábado sem cobrar e deixando de ter 3 a 4 turmas de alunos pagantes, num dia que certamente teria turmas cheias. Muita gente só pode remar aos sábados por exemplo e adoraria poder contratar um plano para remar uma vez na semana.
Recentemente, falando com clubes por todo o Brasil, em razão do Va’a Connect, estou descobrindo que a maioria sequer cobra a aula experimental, como se experimental e gratuito fossem sinônimos e mal sabem de quanto dinheiro estão abrindo mão diariamente.
Esse assunto das aulas experimentais voltará com força no artigo em que falarei de marketing digital e retorno de investimento.
Um clube de canoa, seja ele um hobby, um complemento de renda ou um pequeno negócio, sejam quais forem os seus objetivos e o tamanho da sua ambição, precisa parar de pé.
Ser economicamente viável é o único caminho para que o interesse e o entusiasmo de tocar um clube siga firme e forte, crescendo de forma sustentável, gerando oportunidades e prosperidade.
O valor justo, pago pelo cliente é a única validação relevante para corroborar a qualidade do seu produto e serviço. Pensar diferente é um delírio.
Mesmo nos casos em que os sócios não dependam financeiramente do clube, possuam outros trabalhos, ou sejam aposentados, devem cobrar corretamente pelas aulas e passeios em respeito e consideração aos tantos outros clubes que são o sustento de tantas outras famílias.
E não é porque é um negócio pequeno e cheio de limitações que as melhores práticas do mundo corporativo não se aplicam – ao contrário, é justamente quando processos, gestão, estratégia e criatividade são mais necessários.
Se dentro da água somos responsáveis pela qualidade dos serviços prestados e pela segurança dos nossos alunos e clientes, é do trabalho feito fora d’água que a vida e o sucesso de um clube de canoa depende.
Pá na água e foco na gestão!
Até a próxima semana!
Antonio Gonzaga – vaaconnect.com.br / kanaloavaa.com.br