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Quando se fala de canoa havaiana no Brasil, o nome Fábio Paiva certamente estará, de alguma forma lidado à história da modalidade. Afinal, foi ele o responsável pela disseminação do esporte no País, inclusive em lugares distantes do mar como Brasília e no Pará. Construiu as primeiras canoas havaianas brasileiras e ajudou a alavancar o esporte de competição, inclusive uma das mais tradicionais provas, a Volta à Ilha de Santo Amaro.
O santista Fábio Paiva tem sua trajetória ligada à canoagem. Primeiro a oceânica e depois a havaiana. Outro marco importante é o projeto Kaora, iniciado em 2016, como terapia para mulheres em tratamento do câncer de mama. Nesta sexta-feira (10), o entusiasta da canoagem havaiana promoverá um inédito encontro, totalmente com uma função social, unindo duas iniciativas comandadas por ele e que auxiliam muitas pessoas através das remadas.
Ele convidou 25 crianças do Projeto Sahy Remando, projeto iniciado por ele em São Sebastião com crianças em situação de vulnerabilidade social, para uma integração com as mulheres e profissionais do Projeto Kaora, desenvolvido em Santos para auxiliar na recuperação de mulheres que tem ou tiveram câncer de mama. Todos estarão juntos num café da manhã na Canoa Brasil, base pioneira da modalidade no Brasil, na Ponta da Praia, em Santos, e depois irão para o mar, misturando gerações.
O encontro será finalizado na sede da Kaora, para experimentar o simulador de remada indoor. “A ideia é fazer essa união. Envolver e incentivar todos os participantes, sabendo que na canoa todos têm de remar juntos”, afirma Fábio Paiva, feliz com a ação, que ainda terá lembranças de Natal para as crianças.
“Há mais de 20 anos tive esse sonho de trazer as canoas havaianas para o Brasil e hoje está no Brasil inteiro, milhares de pessoas treinando. Basta ver a Ponta da Praia em Santos”, diz. “Depois estudei muito e vi que a remada é importante no tratamento do câncer de mama e desenvolvi esse projeto, em parceria com a Prefeitura de Santos, que vem dando muito certo. Mais recentemente lançamos o Sahy Remando, atuando com crianças carentes, tudo com remada na canoa havaiana”, acrescenta.
Para ele, o encontro de sexta-feira, será um momento emocionante, pois os integrantes já conhecem as histórias de cada projeto e estão ansiosos para interagir e se conhecer melhor. “Estes encontros acontecerão a cada semestre pois, todos nós temos muito a aprender com estas crianças e com estas mulheres guerreiras. Estes são os dois projetos que sempre idealizei para minha vida, que foi dedicada desde início de 1980, a levar pessoas para remar, para o mar, para a natureza, numa época que nem se ouvia falar em canoagem no Brasil”, vibra.
SAHY REMANDO – Idealizado e coordenado por Fábio Paiva, o projeto Sahy Remando, na comunidade de Barra do Sahy, em São Sebastião, tem parceria com a Verde Escola, que trabalha no contraturno, dando reforço a todas as escolas municipais da região da Costa Sul do Município, e com a Fundação Duccio Cipriani Avena. Oferece uma “escola a céu aberto”, formando cidadãos através do esporte. Atualmente são 22 crianças atendidas e o projeto é de aumentar para 60 em 2022. Todas são assistidas por psicólogos, assistentes sociais, professores, diretores, coordenadores e monitores.
Os participantes ganham lanches (muitos chegam em jejum) e remam em diversos tipos de cenários, como mar, costões rochosos, rio, manguezal. “Em cada aula temos vários temas que buscam ensinamentos, tanto conduta, disciplina, comportamental, quanto preservação ambiental, inclusive com profissionais especializados em cada área
Em dias de temporal, os treinamentos são realizados em sala de aula, com o aprimoramento de técnicas com vídeos de imagens registradas de suas próprias remadas”, conta Paiva.
Ele fala com entusiasmo da repercussão positiva alcançada rapidamente. “Em apenas quatro meses, já identificamos resultados expressivos que a remada trás, como respeito mútuo, trabalho de equipe, cooperativismo, foco, determinação. Tanto as notas como a atenção dentro da escola foram identificados com grande destaque”, ressalta o coordenador, anunciando que em 2022 terá início uma nova fase, com a identificação de talentos para treinamentos voltados à competição.
“Existe um potencial natural muito grande entre as crianças da região. Por ser uma área de alta vulnerabilidade, o projeto tem como maior objetivo, criar grandes referências, desviando o foco para o lado bom e não para a grande tendencia das drogas a que muitos são submetidos”, argumenta.
PROJETO KAORA – Criado em 2016, o Projeto Kaora vem crescendo constantemente e teve seu grande momento com a primeira “academia do câncer” do mundo, com atividades de remada indoor e outdoor, junto com ginástica yoga, dança e canto. Tudo supervisionado por uma equipe multidisciplinar, com médico, neuropsicólogo, nutricionista e educador físico.
Inicialmente são atendidas 66 mulheres, gratuitamente. “E já temos 30 na lista de espera. Apostamos em hábitos saudáveis, esporte, cabeça boa e muito amor, como a maior ferramenta para o combate ao câncer”, revela. “Já foi identificado que a remada é uma das melhores atividades pós-cirúrgico, recuperando de forma lúdica os movimentos e autoestima. O objetivo em 2022 é ampliar ainda mais o Projeto com mais vagas”, conclui.
“O esporte me trouxe muitos troféus e medalhas, mas o prêmio principal é o respeito que adquiri. Este sim abre portas para eu poder realizar tudo isso”, finaliza Fábio Paiva.
SERVIÇO – A Canoa Brasil, onde será iniciado o encontro fica na rua Afonso Celso de Paula Lima, 16, bairro da Ponta da praia, em Santos.
Horário previsto para o início – 9 horas
Horário previsto para o término – 12 horas.