Expedição Tapajós-Arapiuns: Remando em apoio à Amazônia
Expedição Tapajós-Arapiuns percorrerá 135 km do Rio Arapiuns para documentar a seca em rios da Amazônia e ... leia mais
Prosseguindo em sua leitura sobre o mundo da canoa polinésia, vamos agora entender neste quarto artigo os detalhes da ‘sopa de letrinhas’ disponíveis no mundo do va’a. Primeiro, é importante você entender que a nomenclatura básica que identifica cada tipo de canoa é composta por duas partes. A primeira parte sempre começando por uma ou duas letras, representa a região de origem daquela canoa e suas características.
A segunda parte, identifica a quantidade de bancos disponíveis ou a quantidade de remadores para aquela embarcação. Por exemplo, quando remamos em uma canoa OC6 estamos dizendo que estamos remando em uma canoa do tipo Outrigger Canoe de modelo havaiano e com seis bancos disponíveis para remadores, quando remamos em uma canoa V6, estamos remando em uma canoa de modelo taitiana para seis remadores.
Veja abaixo um esquema que demonstra a nomenclatura do va’a com três exemplos de canoas:
Sabendo identificar a nomenclatura e as características do mundo do Va’a, você poderá identificar qualquer tipo de canoa que encontrar pelo mundo.
Muito importante entender que pela tradição havaiana as canoas deste arquipélago deveriam ser identificadas pelo “W” e não pelo “OC”, visto que no Havaí os nativos identificavam as canoas pelo nome Wa’a. Segundo Steve West comenta em seu livro Outrigger Canoeing The Ancient Sport of Kings – A Paddlers Guide “…em 1976 um conjunto de especificações definiu a nomenclatura Outrigger Canoe (OC) como sendo o padrão para países da orla do Pacífico e na própria região do Hawaii fazendo com que a nomenclatura Wa’a deixasse de ser utilizada…”.
Veja no quadro abaixo informações das nomenclaturas de canoas polinésias de várias regiões do mundo trazidas pelo autor Steve West:
Na próxima figura, demonstramos de uma forma diferente, mais informações a respeito da nomenclatura das canoas polinésias. Observe que inserimos informações mais recentes com relação às canoas específicas para “surfe” e canoas fabricadas com materiais mais leves como fibra de carbono chamadas de canoas “unlimited”. Estas canoas não seguem as regras básicas como tamanho, peso, tipo de fabricação, especificações de fundo da canoa e outros detalhes padronizados pela Federação Internacional de Va’a.
Algo muito importante de observarmos é que a Federação Internacional de Va’a – FIV (ou IVF, International Va’a Federation, em inglês) identifica todas as canoas em qualquer país ou região pela sigla “V”. Para identificar as canoas de um e dois remadores com leme é utilizado a letra “R” de Rudder (leme em inglês). Sendo assim as canoas OC1 e OC2 são identificadas pelo IVF como V1R e V2R respectivamente.
Aqui no Brasil, é muito comum identificarmos as canoas havaianas através da sigla “OC” e as canoas taitianas através da sigla “V” em nosso dia a dia. Agora devemos observar que, nas competições de responsabilidade da CBVAA, todas as canoas são identificadas conforme o quadro acima, ou seja, conforme regras da IVF. Por exemplo, veja que o campeonato brasileiro de sprint que estava previsto para fevereiro é chamado de “Campeonato Brasileiro de V6 Sprint”, mas as canoas que seriam usadas eram as havaianas, ou seja, as OC6 que são as mais comuns no Brasil. Observe ainda que no mundial da IVF são utilizadas canoas taitianas V6, conforme as regras da IVF.
Neste artigo você conheceu com mais detalhes as particularidades das canoas polinésias e agora consegue diferenciar as canoas havaianas das taitianas, bem como, diferenciar canoas OC6 de V6 e as canoas OC1 de V1 e V1R por exemplo. Viu quanto assunto interessante? Agora que você acabou de estudar todos estes detalhes, aguarde nosso próximo artigo para conhecer a anatomia das canoas polinésias. E não se esqueça de que todo esse material tem origem no Curso Básico de Va’a e lá você poderá se aprofundar em todos estes assuntos, bem como, assistir vídeo-aulas iradas e testar seus conhecimentos em exercícios de avaliação para cada capítulo do curso. Um big aloha!
WEST, Steve. Outrigger Canoeing The Ancient Sport of Kings – A Paddlers Guide. 2ª Ed. Batini Books, 2010.