Isaquias Queiroz está na semifinal olímpica da canoagem velocidade
Agora competindo na C1 1000 m, brasileiro Isaquias Queiroz venceu sua bateria com folga e se classificou ... leia mais
O cenário mudou, mas o favoritismo foi mantido. A Samu Team Brazil garantiu o heptacampeonato no 18º Desafio DP World Volta à Ilha de Santo Amaro de Canoa Havaiana, disputado neste sábado (9), com largada e chegada em Santos. Uma prova que ficará marcada na história, pelo novo percurso, onde a prioridade foi a segurança.
Foram 33 equipes (sete desistiram), reunindo cerca de 500 pessoas na água, incluindo os apoios e a organização. Entre os remadores, destaque para o campeão paralímpico Fernando Rufino, o Cowboy de Aço, ouro na canoagem de velocidade nos Jogos de Tóquio este ano.
Com o mar oferecendo riscos, devido às ondas grandes, e muito vento, a organização optou pelo Plano B, fazendo a prova no Porto e no Canal de Bertioga, numa situação mais abrigada. Mas nada que mudasse a configuração de desafio, com áreas de mangue, curvas sinuosas e muitos baixios, além da maré estar baixa, oferecendo riscos de encalhar.
No plano original, as canoas largariam da praia, fariam metade do trajeto pelo mar e depois sim pegariam o Canal de Bertioga e o Porto, com 75 km, três a mais do que este ano.
Cada time contou com nove atletas, que se revezaram nos seis lugares na canoa, fazendo as trocas com as embarcações em movimento. A largada ocorreu depois da travessia de balsas entre Santos e Guarujá, com uma imagem fantástica, com 33 equipes alinhadas e remando em direção ao Porto.
Depois de um início mais acirrado, a equipe Samu, equipe de capital paulista, abriu e manteve vantagem em todo o percurso. Chegou até a encalhar numa das margens, mas conseguiu se recuperar a tempo de seguir na ponta até o final, completando o novo percurso em 4h52min47s, com uma diferença de 14 minutos e 19 segundos para a segunda colocada, a Bertioga Paddle Club, com atletas da Baixada Santista. A terceira colocada foi a Dos Reis Paddle Club, de Ilhabela.
“A gente veio focado, para vencer. Treinou sabendo que tinham equipes fortes e iam vir juntos, mas a estratégia deu certo”, vibrou o capitão da Samu, Sergio Prieto, um dos mais experientes no evento, com 16 participações. “Infelizmente não deu para fazer a volta, mas foi uma atitude responsável da organização mudar. A prova é maravilhosa”, elogiou Serginho, ressaltando as dificuldades na disputa: “A maré estava baixa, em alguns lugares demos uma encalhada, mas é um tipo de remada que gostamos. Treinamos bastante em água parada”.
O capitão da Bertioga, Marinho Cavaco, enalteceu a qualidade dos heptacampeões. “Foi bem legal, ótimo nível. Parabéns à galera da Samu. Irretocável. Tentamos buscar, eles deram uma atolada, tentamos tirar a diferença, mas eles estão um degrau acima, temos de tirar o chapéu e vamos trabalhar para buscar na próxima”, falou. “Não fomos para o mar, mas foi legal do mesmo jeito, alto nível, como sempre”, acrescentou.
Paulo dos Reis, capitão da terceira colocada, evidenciou as dificuldades da prova, mesmo sem ter a parte do mar. “Foi desafiadora. Água parada, bastante corrente e os baixios, que são muito difíceis. A gente queria remar no mar, treinamos para isso, mas o Fabião mandou muito bem de colocar a prova no Canal, porque realmente lá fora estava gigante, bastante vento. Decisão em prol da segurança da galera”, comentou.
Quem também gostou da prova foi Everdan Riesco, único atleta a ter participado das 18 edições. Ele estava na Brucutus, de Bertioga, equipe mais antiga em atividade, e que chegou na quarta colocação geral. Bombeiro, ele destacou a acertada de mudança de percurso. “Foi a melhor decisão, pensando na segurança dos atletas. As equipes masculinas open poderiam até encarar, mas temos de pensar no contexto geral”, frisou. “Este é o único evento que continuo participando, depois de 40 anos de vida esportiva e foi um prazer remar com os amigos”, disse.
Quatro equipes femininas participaram da disputa e a Odoyá, de São José dos Campos foi a grade vencedora. A equipe contou com a participação de feras do va’a nacional, como Gabi Lartini e Thassia Marques.
Remando forte, a Odoyá chegou na 18ª colocação geral. Dos Reis Va’a Feminino, foi a vice campeã da categoria, e também fez uma grande prova dando um “calor” nas Odoyá na primeira parte da disputa. Mas a equipe de São José soube segurar sua liderança e abrir vantagem segura para se mater na liderança.
Na Mista, Macknight Paddle School confirmou seu favoritismo e foi a grande campeã. Considerada uma das melhores equipes mistas do país, a MPS teve, contudo, uma boa briga contra a equipe Pololi Remo Brasília, que inclusive chegou a liderar a prova, entre as equipes mistas, no começo da disputa.
Porém, aos poucos, os remadores da conseguiram ultrapassar a equipe do Distrito Federal para conquistar a primeira colocação até a linha de chegada.
CAMPEÃO PARALÍMPICO – Sem pensar em vitória, uma equipe chamou muito a atenção na disputa e foi muito festejada na chegada, a Empresto Minhas Pernas/DP World, que contou com dois atletas PCD, Luciano Fachini e Fernando Rufino, ouro nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, na paracanoagem. Os dois competiram na categoria Masculina Open e, apesar das limitações físicas, fizeram as trocas normalmente. O time chegou na 14ª colocação geral, com 6h07min49s.
“Estou só o pó da gaita, mas foi bom”, vibrou o Cowboy, na chegada, em meio à muita comemoração. “Foi uma experiência nova, foi difícil as trocas, técnica diferente do que venho remando na V1. Independente das dificuldades, falei que iria remar igual foi em Tóquio para conquistar a medalha de ouro paralímpica. O mesmo cowboy de aço que entrou nos Jogos estaria aqui. A estratégia deu certo, vencemos o percurso total. Ano que vem quem sabe eu volto mais experiente e com mais sangue nos olhos”, avisou.
SUCESSO – O idealizador e organizador do evento, Fábio Paiva, comemorou o sucesso da edição, diante de todas as adversidades impostas. O maior entusiasta das canoas havaianas no Brasil priorizou a segurança dos atletas e mesmo dos barcos de apoio. “A preocupação era que tínhamos cerca de 500 vidas envolvidas. Foi difícil tomar a decisão. Não podíamos correr riscos. Fizemos a atitude certa. Foi um sucesso. A gente notou as equipes felizes, determinadas. Foi algo novo para todos”, argumentou.
“Foi um momento histórico. Depois de uma largada simbólica na praia, tivemos um comboio fantástico adentrando o maior porto da América Latina, porque tivemos de passar a travessia de balsas. Foi um cenário inédito e, para mim, muito emocionante”, festejou.
O XVIII Desafio DP World Volta à Ilha de Santo Amaro de Canoa Havaiana teve o patrocínio de DP World Santos, através do Promifae/Semes, e copatrocínio da Opium Caiaques e Canoas. Apoios: Panificadora Rainha da Barra, Baraçaí, Secretaria Municipal de Esportes de Santos/Prefeitura de Santos, TV Tribuna, Comfort Hotel e FMA Notícias. Organização da Canoa Brasil, com supervisão da Abracha – Associação Brasileira de Canoa Havaiana.
1 Samu Team Brazil – 4h52min47s – Masculina Open
2 Bertioga Paddle Club – 5h07min06s – Masculina Open
3 Dos Reis Va’a – 5h16min54s – Masculina Open
4 Brucutus – 5h23min51s – Masculina Open
5 Sampa Canoe Club – 5h25min44 – Masculina Open
6 Muta Hoe Va’a – 5h28min30s – Masculina Open
7 Maikekai Canoe – 5h31min50s – Masculina Open
8 Paddle Club Ilhabela – 5h34min42s – Masculina Open
9 Santos Canoe Club – 5h44min11s – Master 40+ (1)
10 Santos Canoe Clube – 5h44min52s – Masculina Open
11 Sampa Canoe club – 5h51min41s – Master 50+ (1)
12 MPS Macknight Paddle School – 5h56min21 – Mista (1)
13 Urubu Va’a – 6h03min51s – Master 40+ (2)
14 Empresto Minhas Pernas DP World – 6h07min49s – Masculina Open
15 Nativos 50+ – 6h16min59s – Master 50+ (2)
16 Pololi Remo Brasília – 6h17min52s – Mista (2)
17 Monstros do Pantano Vicentino/Vibe Ocean – 6h19min10s Master 50+ (3)
18 Odoya – 6h24min51s – Feminina (1)
19 Sampa Canoe Clube – 6h26min53s – Master 40+ (3)
20 Hohu Va’a – 6h27min00s – Mista (3)