Adeus a Simone Rena: O legado de uma campeã da va’a brasileira

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Simone Rena
“Se existe algo para ser lembrado é a alegria dessa mulher quando sentava na canoa e remava”, conta Dayone Rossi, ao homenagear a amiga Simone Rena, que nos deixou no início de janeiro. Foto: Arquivo pessoal

No início de janeiro, a va’a brasileira perdeu uma de suas grandes pioneiras: Simone Rena. Remadora experiente e dedicada, ela enfrentou com coragem a batalha contra o câncer e deixou um legado marcante no esporte. Representando o Brasil em diversas competições nacionais e internacionais, Simone conquistou títulos expressivos, incluindo o Campeonato Mundial de 2014 pelo Clube Náutico de Cabo Frio, integrando a equipe Mana Brasil.

Para homenageá-la, Dayone Rossi, amiga de longa data e companheira de equipe, relembra sua trajetória e contribuição para a modalidade. Em seguida, Marta Terra, também sua parceira de equipe, presta sua homenagem. Confira abaixo:

Se existe algo para ser lembrado é a alegria dessa mulher quando sentava na canoa e remava. Simone Rena foi a primeira atleta de Cabo Frio a representar a cidade em competições de canoa fora do estado. A Va’a chegou na Região dos Lagos em 2005 e por volta de 2006 Simone já estava envolvida em provas nesse esporte contagiante.

Simone Rena
“As viagens de competição não tinham a mesma graça sem ela… Como líder da equipe, digo a vocês, dava vontade de escalá-la só por que íamos morrer de rir de tudo que ela fazia acontecer”. Foto: Arquivo pessoal

Logo em seguida, passou a fazer parte da primeira equipe feminina de performance e uma das que mais se destacava no país: a “Cabo Frio Va’a”, formada pelos remadores do Clube Náutico de Cabo Frio. Na formação tínhamos Alice Nassif, Claudia Sá, Dayone Rossi, Nilza Pitanga e Rozangela Scuotto.

Uma equipe onde Simone guardava seu banco com orgulho e determinação. Dizia ela: “Meu banco 2”. Logo depois, essa equipe bipartiu e Simone se afastou por um pequeno período. Nesse tempo, nasceu a nova formação com a criação da tão querida Equipe Mana Brasil, onde Simone solicitou retornar e assim esteve durante todo esse tempo.

Foi campeã mundial com as “Manas” Alice, Dayone, Alisa, Mariana e Patrícia. E também várias vezes campeã Sul-Americana, Brasileira e Estadual… São muitos títulos. Simone era a felicidade do grupo, sabe aquela pessoa que nos faz rir todo tempo? Pois é, essa era ela…

Simone Rena
No banco 01 da Mana Brasil. Foto: Pedro Plá

Antes de tantos títulos, ela precisou aprender a ser atleta para se manter em performance e, depois de um tempo, com o crescimento do esporte, tive que passar a cobrar mais dessa mulher guerreira. Falava para ela: “Si! Você precisa treinar mais! Não serve mais, só sair para remar, agora para ter seu digno banco, tem que treinar muito”. E assim fui conseguindo, de pouco a pouco, fazer Simone se acostumar com a rotina de treinos na minha Escola e também no acompanhamento das minhas planilhas periodizadas.

Foi difícil, mas ela conseguiu – e eu também! Minha felicidade foi conseguir mostrar a ela o potencial que tinha guardado dentro daquela mulher de estatura baixa, porém, de enorme vontade de vencer. Foi um grande aprendizado ser a treinadora e amiga da Simone e lembrar dela, é lembrar do tanto de paixão que ela tinha por remar. Simone está guardada no coração da Mana Brasil como a atleta mais divertida, engraçada, nossa ranzinza preferida, e que fazia falta nas viagens quando não era escalada. As viagens de competição não tinham a mesma graça sem ela… Como líder da equipe, digo a vocês, dava vontade de escalá-la só por que íamos morrer de rir de tudo que ela fazia acontecer. Simone era diversão na certa! E assim lembrarei dela para todo o sempre! Vai com Deus, amiga atrapalhada, amo você!

Simone Rena
Simone (3ª da esq. para dir.) com suas companheira de equipe durante etapa do Aloha Spirit. Foto: Arquivo pessoal

Depoimento de Marta Terra: Falar da Simone, lembrar da Simone, é muito fácil, o difícil tá sendo saber que ela não está mais por aqui, pelo menos da forma que gostaríamos.

Simone era aquela que não se imaginava longe do mar, longe da canoa, longe da sua equipe, era a ranzinza mais teimosa que já conheci, mas também generosa e humilde. Si, aquela que divertia a gente, mais que todas nas viagens, com seu jeito de ser, leve.

Era aquela que tinha um orgulho danado de ser uma “Mana” e estar no meio da sua equipe, mesmo quando não estava competindo, porque isso fazia parte dela. Simone era aquela que fazia a gente rir, até no desespero. Seu inglês invejado por todas da equipe, era o que nos salvava nas viagens internacionais (risos). Tá bom, era regular, mas sempre nos fazia sorrir.

Simone aquela que pensava nos seus meninos toda vez que fazia uma inscrição, pois a blusa era sempre deles (risos), era pequenininha no tamanho, mas com um enorme coração. Pequena no tamanho, mas que deixa um vazio enorme no meio da gente.

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