A renovação do va’a baiano

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renovação no va'a baiano
Um dos aspectos que mais chamou a atenção durante a etapa do campeonato baiano foi o grande número de equipes estreantes, mostrando uma renovação do va’a na Bahia em pleno curso. Foto: Peu Fernandes e André Luiz Sá

No último fim de semana, (30 e 31/10), foi realizada em Salvador, a etapa única do Campeonato Baiano de Va’a 2021, chancelada pela Federação Baiana de Va’a – FEVAABA.

Normalmente, como sempre acontece após um evento oficial, fala-se muito sobre os resultados e os pódios alcançados, porém, trazemos agora uma abordagem diferente sobre um movimento que chamou a atenção de todos os presentes, a renovação no esporte na Bahia.

Um dos clubes participantes, o Kirymurê Outrigger levou mais de 50 atletas, distribuídos em nove das 22 equipes inscritas no evento, sendo cinco na categoria Estreantes.

Considerando que nunca se viu tantos novos atletas encarando o desafio de uma prova oficial, batemos um papo com os responsáveis pelo clube, Nicole e Dick Saback e Sérgio Leal, que nos contaram sobre o processo de preparação.

Nas palavras de Nicole Saback: “O Kirymurê Outrigger atua há mais de 5 anos em Salvador e há 8 meses demos início às atividades em Lauro de Freitas, no Litoral Norte. Desde o primeiro dia seguimos com a proposta de ser uma academia a céu aberto, para pessoas que querem se desenvolver no esporte, aprimorar a técnica e desta forma, naturalmente, acaba surgindo a vontade de se testar, de competir.

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O Kirymurê Outrigger levou mais de 50 atletas, distribuídos em nove das 22 equipes inscritas no evento, sendo cinco na categoria Estreantes. Foto: Peu Fernandes e André Luiz Sá

Logo que foi divulgada a etapa do Campeonato Estadual, fizemos uma reunião com os alunos, para explicar como era um campeonato, formato das provas, regulamento. Esclarecemos dúvidas e nos colocamos a disposição para prover mais dias de treinos e planilhas específicas para aqueles que quisessem levar o esporte de uma forma uma mais séria.

Com o passar dos treinos, vimos que a galera tinha potencial e semanas antes da competição trouxemos o educador físico e atleta Rafael Leão, responsável pelas planilhas de treino, para ministrar uma clínica, investimento pouco frequente em atletas iniciantes no esporte. Estávamos otimistas, mas ainda assim não esperávamos as 14 medalhas conquistadas nas diversas categorias”.

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Para Dick Saback, o que chamou a atenção foi o espírito de equipe, atletas dos dois municípios vizinhos, que não se conheciam, passaram a treinar e evoluir juntos, o que deu unidade e motivação:

Fora da água eram todos por um… Mas dentro da água, os treinos das equipes juntas, a briga pelo melhor resultado, certamente fez com que todos buscassem a sua melhor versão. Pretendemos continuar com este modelo de promover os treinões, com 5, 6 canoas do clube saindo juntas e disputando entre si. No final todos ganham com a evolução”.

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Todos esperam que este seja um movimento crescente, com a participação cada vez maior de remadores estreantes, pois o va’a só tem a ganhar com isso. Foto: Peu Fernandes e André Luiz Sá

Incentivamos os alunos a participarem para que pudessem ver como era um campeonato, sem preocupação com medalhas. O importante era o processo e foi impressionante ver como evoluíram durante a preparação. Tivemos o caso da equipe vencedora da categoria Master Feminina, praticamente com formação igual a nossa Estreante, meninas que há 8 meses nunca tinham entrado em uma canoa e, largando junto com a Open, conseguiram o segundo melhor tempo da prova o que foi muito gratificante.

Também nos chamou a atenção a forma com que a maioria dos outros clubes abraçou os nossos Estreantes, como se estivessem contagiados com toda aquela animação. Só temos a agradecer”, afirma Sérgio.

Os alunos que não se sentiram seguros para participar da prova puderam acompanhar todas as categorias a bordo de uma escuna exclusiva, uma espécie de camarote flutuante, que percorria o percurso por fora da raia, obviamente.  O fato de acompanharem tão de perto acabou envolvendo as pessoas, que já confirmaram participação de pelo menos mais duas equipes Estreantes no próximo campeonato. 

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A nova geração também precisa ser incentivada. Foto: Peu Fernandes e André Luiz Sá

Nicole espera que este seja um movimento crescente e cada vez mais atletas Estreantes se arrisquem e entrem nos campeonatos focados em dar o seu melhor, sem a pressão exagerada pelos resultados. Citou ainda a participação das equipes femininas da Muta Hoe, de Barra Grande, que vieram de longe e estrearam lindamente na prova. “Temos quase 30 clubes na Bahia, seria maravilhoso se todos tivessem a disposição destas meninas”.

 “É na raia que se aprende… Com a superação de limites, condições adversas, novos parâmetros, alegrias e até mesmo frustrações.  Vamos nessa!”, finaliza Nicole.

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