Expedição Anamauê: Missão cumprida!
Um grupo formado por seis remadores de Niterói, Rio de Janeiro, Santos (SP), Ubatuba (SP) e São Paulo ... leia mais
A REGIÃO – A região percorrida integra o Complexo Estuarino Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, mais conhecido como Lagamar, um dos mais importantes ecossistemas costeiros do mundo, que engloba as maiores áreas contínuas de floresta primária preservada, além de restingas, manguezais, praias e dunas da Ilha do Mel, do Parque Nacional do Superagüi e do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, nos estados de SP e PR. Região de uma riqueza cultural diversa, com uma das comunidades mais antigas do Brasil, remontando aos primórdios do descobrimento, com destaques também no artesanato, música, dança e costumes regionais tradicionais.
O PROJETO – Este projeto remonta o ano de 2017 e, desde então, foi cancelado e/ou adiado em diversas oportunidades, devido à sua complexa logística e por mudanças climáticas de última hora, que impossibilitaram a sua realização. Retomado este ano, surgiu a ideia de uma travessia cobrindo a maior parte da área. Tudo foi organizado para ser uma remada no estilo “nonstop”, ou seja, paradas apenas para hidratação e suplementação rápidas.
Esse formato de travessia iria requerer uma grande resistência de nossa parte, pois a distância a ser percorrida era muito grande e teríamos que necessariamente remar por muitas horas, com pesos extras de água, suplementos e roupa, além de eletrônicos como GPS, lanternas, baterias e telefone. A previsão era completar o percurso em cerca de 24 horas, podendo sofrer ajustes de acordo com as características climáticas e/ou operacionais encontradas.
Nosso treinamento foi bastante rigoroso, específicos de resistência e força nos últimos três meses. Treinos de água e de academia foram detalhadamente realizados. A estratégia de alimentação e suplementação foram igualmente e cuidadosamente organizada visto a complexidade da expedição. Teríamos que nos alimentar a cada meia hora.
LOGÍSTICA – A área foi estudada com detalhamento dos canais, rotas e localidades. Pontos de apoio e áreas mais problemáticas foram visualizadas. Foram feitos mapas em detalhe da região, para uma melhor orientação e navegação nos canais que iriamos passar. Tiramos dúvidas com remadores e frequentadores da região e organizamos a partir daí nossa base de apoio.
Foram discutidas algumas datas e desde então começamos a monitorar as condições climáticas. Às vésperas da travessia as condições mostraram uma leve melhora, que fez com que a gente decidisse a data, mas não deixamos de contemplar a possibilidade de travessia com chuva e frio, nos preparando para tal, com equipamentos e vestimentas apropriados.
Nossa equipe de apoio de água foi composta por dois grandes amigos do Ricardo Padovan, o nosso piloto e capitão da embarcação Laurent e seu filho Thomas, que além de copiloto participava ativamente no monitoramento em tempo real da navegação, por meio de sistemas de sonar e GPS para identificar os temidos baixios da região – trechos bem rasos no leito do rio. Nossa equipe em terra contava com o Anderson, um amigo remador, policial ambiental da região de Cananéia e conhecer de toda área que iríamos atravessar.
BASE DE APOIO CANANÉIA – Chegamos na Ilha de Cananéia na quinta feira dia 29/09, dia anterior ao desafio, pois lá seria nossa base de apoio, de onde sairíamos de lancha na manhã seguinte até a Ilha do Mel – ponto inicial da travessia. Após nos encontrarmos no hotel e organizarmos todos os equipamentos necessários fomos jantar em um restaurante. Lá encontramos com Anderson, Laurent e Thomas, para uma conversa bem informal sobre os detalhes da travessia. Após essa confraternização voltamos para o hotel.
A madrugada foi fria e bastante chuvosa, assim como estava sendo os últimos dias. Não tinha jeito, nosso desafio já estava marcado e teríamos que necessariamente passar por isso. Acordamos às 7h00, finalizamos as mochilas, tomamos café, carregamos o carro com as pranchas e equipamentos e nos dirigimos até a Marina de Cananéia, onde já estava a lancha.
Após toda a preparação na Marina, as pranchas foram posicionadas em um vão entre os lugares do piloto e copiloto, atravessando o maior comprimento da lancha de fora a fora, como se esse espaço fosse feito para isso. As bagagens e equipamentos foram ajeitados nos pisos e a lancha foi cuidadosamente colocada na água com ajuda do pessoal da Marina. A chuva caia gelada e saímos por volta das 10h00 de 30/09.
COMEÇA A EXPEDIÇÃO – Seguíamos pelo Mar Pequeno em boa velocidade de navegação, passando próximo da foz na Baia dos Golfinhos e seguimos em direção aos canais fluviais e de maré mais restritos do Parque Estadual da Ilha do Cardoso. Logo nas proximidades da Ilha da Casca o sonar da lancha denunciou baixas profundidades. Atolamos com 1m água. Motor desligado, pulamos na água e conseguimos empurrar a lancha para águas mais profundas.
Já dentro dos canais mais sinuosos, a velocidade tinha que ser reduzida, mesmo com a ajuda dos sensores de profundidade, visto a quantidade de baixios naquela região. Passamos pela Vila de Marujá, às costas da Ilha do Cardoso e na sequência pela cidade abandonada de Ararapira e depois Ariri. Já na divisa dos estados de SP e PR percorremos o histórico Canal do Varadouro, Vila Fátima e ultrapassamos a Baia dos Pinheiros, em direção à Ilha do Mel.
ILHA DO MEL – Cortamos os canais da Ilha das Peças e chegamos na porção norte da Ilha do Mel por volta das 15h00, desembarcamos nossos equipamentos em uma praia deserta com areias muito finas e brancas e vegetação rasteira típica de restinga. Organizamos tudo, despedimos de nossa equipe de apoio e entramos na água por volta das 15h30 na Baia de Paranaguá, em direção a parte sul da Ilha das Peças.
Esse primeiro trecho foi marcado por uma forte ondulação lateral vinda do mar. A maré enchente e ventos fortes oriundos de uma tempestade se aproximavam com boa velocidade. Sofremos bastante com o desequilíbrio nesses primeiros quilómetros, até encontrarmos condições para aproveitar essa direção de vento e corrente em uma navegação bem técnica até as praias da Ilha das Peças, em um trajeto de cerca de 5km.
Aportamos, reorganizamos nossas coisas para melhorar o acesso a itens como alimentação, blusas e lanternas e fizemos nossa primeira suplementação. Logo retomamos em uma remada cadenciosa, agora bem mais tranquila, ainda com a ajuda do vento que soprava ao nosso favor, mas sem as emoções das ondulações oceânicas. Com o tempo nublado foi rápido esse anoitecer.
VILAREJO GUAPICU – Chegamos já sem a luz do dia em Guapicu aos 16km. Aportamos debaixo de uma leve chuva, ao pé de uma grande árvore, em frente a uma casinha de pescadores, modesta e com uma música bem animada. Ao primeiro barulho que fizemos um cachorrinho já denunciou que tínhamos chegado.
Logo o som abaixou e apareceu o morador, seu Juninho. Foi muito solicito e deixou que nos abrigássemos na sua varanda para podermos pegarmos nossas lanternas. Nesse meio tempo apareceram a esposa e seu filhinho, nos dando suas boas-vindas. Aproveitamos para conversar sobre o trajeto até nossa próxima parada, o Vilarejo de Tibicanga. Logo partimos novamente, em meio a uma chuva mais forte e fria.
Deste ponto abandonaríamos o trecho da Baia de Paranaguá para entrar nos canais mais restritos e meandros da Ilha das Peças. Aos 19km, seguindo o canal principal, tendo como referência às margens de vegetação de ambos os lados, avistamos luzes de barcos de pesca na margem do canal. Fomos até eles.
Os pescadores nos deram dicas importantes para chegar até o vilarejo, nos avisando para evitarmos uma entrada no canal do Rio da Escada, cerca de 3km antes do vilarejo. Mesmo tendo nos ajudado, eles se deslocavam, de tempos em tempos, e com feixes de lanterna continuaram nos auxiliando na navegação até Tibicanga.
VILAREJO TIBICANGA – Com muita chuva chegamos aos 24km em Tibicanga. Aportamos para nos organizar para a próxima parada que era considerada a mais importante e difícil, a travessia de 10km pela Baia dos Pinheiros, um trajeto de direção NE até o outro ponto de estrangulamento dos canais, que daria passagem até a Vila Fátima.
A Baia dos Pinheiros é famosa por seus baixios de maré, principalmente na sua saída para a Vila Fátima, onde é comum a presença de bancos de areia e muitas ilhas fluviais. Nos aconselhamos com dois locais que encontramos se abrigando da chuva e logo retomamos nossa remada. Teríamos que bordejar por cerca de 2km a margem direita do canal (a mesma margem onde estávamos) e depois cruzar para a margem esquerda da Baia dos Pinheiros. E foi isso que fizemos.
BAIA DOS PINHEIROS – As condições climáticas pioraram após a saída de Tibicanga, com a visibilidade sendo muito prejudicada por conta de uma chuva fina e muita neblina, dificultando a utilização da lanterna. Somando-se a isso, entrava uma ondulação vindo da parte sul da baia, vindos de sua porção aberta para o mar.
Por segurança optamos na medida do possível remar bem próximos, mas a visibilidade estava tão prejudicada que mesmo próximos não conseguíamos nos ver, e vez ou outra tínhamos que gritar um ao outro para saber a correta localização. As vezes tínhamos que ligar a lanterna para um melhor posicionamento relativo entre a gente. Apesar disso conseguíamos manter uma boa navegação tendo a margem esquerda como uma boa referência.
Remando praticamente às escuras começamos a notar pequenas faíscas verde azuladas, vindos do contato da prancha e do remo contra a água. Pensei estar tendo algum tipo de alucinação e demorei para comentar o fato com o Padovan que na mesma hora confirmou. Demos risadas, afinal ambos estávamos presenciando um fenômeno de bioluminescência de micro-organismos presentes na água. Era sensacional, parecia sonho e fantasia, estávamos literalmente viajando pelo espaço escuro a bordo de nossos foguetes. Foi mágico.
BAIXIOS DE MARÉ – Seguimos nessa direção por cerca de 2 horas até passamos por um grande baixio aos 33km. A princípio nossos remos começaram a bater no fundo e com águas cada vez mais rasas acabamos com a quilha enterrada. Não dava para prosseguir, tivemos que caminhar, puxando a prancha, com cerca de 30cm de água. Com as lanternas percebemos que era uma grande área.
Decidi caminhar sem a prancha para explorar mais à frente. Após cerca de 15m a situação tinha piorado, com os pés afundando até a canela num misto de lama e areia muito fina. Quando retornei percebemos que as águas baixaram muito rápido. Em um impulso de sobrevivência fizemos um esforço enorme para tentar sair daquele atoleiro. O atrito da prancha sendo arrastada de lado, somado aos equipamentos amarrados era enorme. Conseguimos retornar às águas mais profundas. Que alívio ter saído daquelas condições. Agora tínhamos que achar um modo de contornar esse baixio.
Padovan visualizou luzes na margem oposta. Nos deslocamos então para o Vilarejo Canudal. Mandamos sinais de luzes e tivemos retorno de alguém que estava na margem. De acordo com o morador estávamos a cerca de 40min da Vila Fátima, indicando a direção que teríamos que seguir, passando ao lado da Ilha do Segredo, bem de relance à nossa direita.
PRESOS NA MARÉ BAIXA – Passamos pela ilha indicada, buscando encontrar a passagem no canal até a Vila Fátima. Foi quando encontramos outro atoleiro aos 37km. Tentamos novamente achar um caminho a pé para águas mais profundas, sem sucesso. Eram 23h30 e a chuva caia fina e gelada em meio a uma forte neblina.
Estávamos com 20cm de água, com a maré baixando, sem perspectiva de soltar. Sentei-me em cima da prancha, abri meu bag estanque de eletrônicos e peguei meu celular. Sem sinal de internet, mas tinha salvado a carta de marés desse dia. Conforme já tínhamos percebido, a maré estava descendo, mas em vias de mudança. Teríamos que aguardar cerca de 1,5h. Era a única coisa que poderíamos fazer no momento, aguardar.
Não estávamos próximos. O atoleiro nos distanciou por cerca de 10m. E cada um ficou na sua posição. Estava escuro e muito desanimador não conseguir se movimentar. Isso era péssimo pois estávamos molhados e a chuva ainda caia. Tínhamos lidado bem com todos os obstáculos que apareceram, mas meu estado psicológico quis fugir de minhas mãos. Me senti muito mal, com um amedrontamento que durou minutos. Não conseguia desligar a lanterna, mesmo sabendo que não poderia desperdiçar bateria.
Foi uma luta interna até conseguir abstrair os maus pensamentos e focar conscientemente para o controle da situação. Comecei colocando uma blusa quente por baixo de meu anoraque e uma balaclava para proteger meu rosto do frio. Decidi me deslocar mais próximo do Padovan, mas no movimento em meio ao atoleiro acabei escorregando e acabei ficando também sujo de lama.
Conversamos um pouco. O tempo passava, comemos e ficamos aguardando. Demos uma cochilada pois de repente as pranchas tinham se se soltado. Foi um momento de atenção, pois pior do que ficar preso era perder a nossa referência de direção. Ligamos as lanternas e avistamos a ilha. Que susto, ela estava próxima, tínhamos rotacionado um pouco, mas não perdemos nossa orientação.
ERROS DE NAVEGAÇÃO – Agora com bastante água ao nosso redor retomamos a remada aos 37km depois de 1,5 horas de espera. Logo de cara cometemos nosso primeiro erro de navegação. Entramos muito à direita em um canal marginal e após 2km ele tinha fechado. Retornamos pelo mesmo caminho.
Entramos aos 43km em um canal bem mais amplo e seguimos por ele. Aos 47km nosso segundo erro de navegação, em uma bifurcação desse canal. Escolhemos novamente à direita. Uma observação que só perceberíamos mais tarde, olhando os gráficos e mapa, era que se tivéssemos seguido a bifurcação à esquerda tínhamos chegado na Vila Fátima após 1km.
Enfim, seguimos no canal da direita, um canal amplo também, com a certeza de encontrar a Vila Fátima. Como a Vila Fátima não aparecia o Padovan questionou nossa localização. Eu afirmei que as características do canal eram as que deveríamos encontrar se estivéssemos corretos e seguimos avante. Aos 49km entramos em um trecho mais sinuoso e o Padovan me questionou novamente. Para mim, a configuração e navegabilidade ainda pareciam estarem corretas, apesar do cansaço excessivo, condições ruins de visibilidade e alta madrugada. A restrição de sono pode trair o correto discernimento das coisas. Aquilo martelava minha mente, mas acreditava que estávamos corretos.
Seguimos e aos 51km, após uma breve curva, entramos em um trecho totalmente fechado. Eram 03h00 da madrugada e tínhamos errado. Fiquei atordoado, não acreditava no que tinha acontecido. Eu fiquei insistindo e agora teríamos que dispender um tempo considerável para retornar. O agravante era que com a mudança de maré os canais poderiam fechar novamente. Não poderíamos errar mais.
Seguimos com toda a cautela pelo caminho já navegado. Aos 54km mantivemos a direita seguindo a margem do canal e aos 56km passamos por uma armadinha de pesca, nos deparando com um descampado de gramado, uma casa e uma igreja bem ao alto. Será que era a Vila Fátima? Não sabíamos, estávamos cansados demais e eram 05h30 da manhã aos 57km.
VILA FÁTIMA – Apesar de muitas canoas a vila estava abandonada. Andamos e vimos outras construções, chegamos até a Igreja e observamos a figura de uma santa. Não chovia mais e aos poucos o dia tendia a clarear. Troquei toda a minha roupa molhada. Limpei toda a lama que tinha impregnado minhas coisas, me alimentei e senti um grande alívio por termos chegado na Vila Fátima.
Enquanto isso o Padovan dormia sentado, encolhido, com a mesma roupa encharcada. Às 07h00 visivelmente abatidos pelos acontecimentos decidimos seguir avante até a localidade de Ariri, cerca de 20km dali. Era necessário continuar, apesar de tudo, e nos manter no percurso correto, visto que poderíamos ter dificuldade de resgate se ficássemos parado ali. Em Ariri teríamos a oportunidade de acessar a internet e nossa equipe de apoio se necessário.
Tinha até esquecido da satisfação de remar de dia, era sensacional poder visualizar as curvas do canal com absurda antecedência se comparado à navegação noturna. Por outro lado, o desânimo tomou conta, pois a estratégia e objetivos originais teriam que ser alterados visto às intercorrências da véspera. Não teríamos tempo hábil de remada para chegar até Cananéia e invariavelmente nossa expedição teria um final precoce provavelmente em Ariri.
CANAL DO VARADOURO – Aos 65km entramos na região do Canal do Varadouro, um trecho bem retilíneo, uma obra realizada pelas mãos humanas na década de 50 com o intuito de escoar as produções e passageiros entre os estados do PR e SP. Suas margens são altas com afloramentos de rocha arenítica bem características. Fizemos uma breve parada aos 68km, em uma linda praia na sua margem direita. O sol começou a aparecer, pela primeira vez nos últimos dias.
Durante essa manhã, tínhamos a impressão de viajar nos pensamentos e até esquecíamos que estávamos em cima da prancha. O cansaço e privação ao sono estava atuando forte e o corpo parecia querer ceder. Passamos por canais mais sinuosos de mangues muito bem preservados, de uma natureza exuberante. Seguimos avante e às 11h00 aportamos aos 76km na localidade de Ariri.
VILA DE ARIRI – Paramos no segundo píer que encontramos, em frente a um restaurante. Puxamos as pranchas para cima da base de cimento e começamos a desmontar os equipamentos. Entramos no restaurante e com sinal de internet mandamos uma mensagem rápida para nosso apoio de água. Logo recebemos retorno do Laurent e Thomas, que estavam há duas horas dali. Tínhamos tempo hábil para um almoço muito bem-vindo com peixe, arroz, feijão, batatas e refrigerante. A gente merecia. Mandamos as primeiras mensagens para às nossas famílias e conversamos bastante sobre os acontecimentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS – Apesar de tudo estávamos felizes por ter finalizado a travessia de 76km em Ariri. Foi um feito considerável, visto que remamos por 19 horas seguidas, destas cerca de 12 horas em navegação noturna, com todas as dificuldades e agravantes como chuva, neblina e frio. Sem contar os atoleiros nos baixios de maré, que foram muito desgastantes do ponto de vista físico.
A navegação e orientação em meio às ilhas fluviais em baixíssimas condições de visibilidade e a busca por alternativas dos canais corretos foi psicologicamente muito desgastante, visto a frieza de raciocínio e tomadas de decisão que tivemos que ter. Isso tudo com muita seriedade, humor e nenhuma discussão ou desavenças. Esse foi o ponto forte, o enfrentamento maduro frente às dificuldades. Uma frase sempre vinha à mente em diversos momentos: que não era a situação em si que era o problema e sim a minha reação frente a estes problemas.
AGRADECIMENTOS – Primeiramente nossas famílias, nosso motivo de orgulho, nossa força de ânimo e último refúgio. A imagem de meu filho se despedindo de mim lá em casa aparecia de tempos em tempos em minha mente, sempre me trazendo o equilíbrio necessário. Não sabemos às vezes por que saímos de casa, mas temos certeza para onde retornar.
Aos nossos amigos e equipe de água, Laurent e Thomas (pai e filho) que nos levaram de Cananéia até a Ilha do Mel e posteriormente nos trouxeram de volta a civilização, vocês foram formidáveis e possuem uma sintonia sensacional – obrigado pela presença, bom humor e prontidão. Ao amigo Anderson que se prontificou a ser nosso guarda vidas em terra. Ao meu amigo de infância Luiz Augusto Lisboa que juntou as peças do nosso quebra-cabeça e editou na forma de um vídeo sensacional que ilustra bem o que passamos nesta travessia. Aos nossos parceiros de treino, Rodrigo de Deus, Fabio Japa, Renatão, entre outros, que nos impulsionam em direção à superação dos obstáculos.
Ao meu irmão de remada Ricardo Padovan por mais essa travessia. Momentos de extrema complexidade. Momentos em que teria sido fácil e até compreensível perder a sanidade foram cruciais para aumentar nossa experiência como remadores e fortalecer mais nossa amizade. Tínhamos motivos para retornar para nossa casa, tínhamos capacidade para isso e foi o que fizemos, em meio a momentos de muita provação. Esse foi o espírito da expedição, em essência.
Finalizo agradecendo ao Luciano e Aloha Spirit Midia que não medem esforços para divulgar nossas aventuras. Siga o conteúdo SUP Extremo nas redes sociais Instagram, Facebook e Youtube. Aloha!
Caio Coutinho