Com o foco nos amadores, WPA e SIC criam a categoria “One Class”
Circuito batizado de “One Class” será disputado em percursos amigáveis e com pranchas padronizadas A SIC ... leia mais
No mês de julho, o lançamento da linha de pranchas de SUP Race Mirage by Ratones causou um grande impacto no mercado do stand up paddle nacional.
Não foi por menos, afinal, com anos de atraso, finalmente uma marca de pranchas brasileira irá produzir um stand up paddle com o mesmo padrão de construção com que são fabricadas as melhores pranchas de SUP race do mundo.
A construção das pranchas de SUP brasileiras sempre foi o “calcanhar de Aquiles” do mercado nacional, uma vez que, apesar da indiscutível qualidade de nossos shapers, faltava alguém que investisse nas tecnologias de construção aplicadas pelos grandes fabricantes mundiais, para oferecer pranchas brasileiras tão boas, leves e duráveis como uma Starboard, objeto de desejo de dez entre dez remadores de SUP em todo mundo.
Contudo, a euforia gerada pela notícia da nova linha de pranchas de Mirage trouxe também questionamentos em relação ao valor dos SUP’s de alta performance fabricados em série.
Em suma, a diferença de valor está na tecnologia e materiais empregados na construção do SUP. Enquanto no Brasil, um stand up paddle é feito da mesma forma que uma prancha de surfe, a tecnologia empregada por fabricantes como a Starboard ou Mirage, é totalmente diferente, e se assemelha muito mais a de uma embarcação.
E para que não ocorram falhas ao longo do processo, essas pranchas são feitas em série, de uma forma bem mais industrial, mas com acompanhamento contínuo, o que garante uma resistência muito superior a de um SUP customizado.
Nesse ponto, há um grande equívoco quando comparamos pranchas customizadas com as atuais pranchas de alta performance feitas em série.
Certo que ainda tem gente parou no tempo e vive uma realidade de 2012, quando o mercado da fabricação de pranchas engatinhava e a tecnologia era muito inferior à usada atualmente.
Naquela época, as pranchas feitas em série eram bem mais pesadas, rústicas e direcionadas para o público em geral, o que levava alguns competidores de alta performance a “maquiar” pranchas customizadas em busca de mais performance.
Hoje em dia a realidade é outra, tanto no desenvolvimento de softwares de shape, quanto nos processos de construção de pranchas e nas opções oferecidas.
“Antigamente alguns atletas de alto rendimento faziam pranchas customizadas porque o mercado era muito aberto, não havia tecnologia para fazer pranchas em série rápidas e resistentes como elas são hoje em dia. Só que agora, tem. E isso facilitou a vida de todo mundo”, conta Américo Pinheiro, ex atleta profissional de SUP Race e técnico da campeã pan-americana Lena Guimarães Ribeiro.
À primeira vista, construir uma prancha de SUP Race customizada, ou seja, aquela que, em tese, é feita na medida para cada remador, considerando suas características e nível técnico, salta aos olhos como grande vantagem para quem opta por esse modelo de construção.
Na prática, contudo, a verdade é que, quando estamos falando de pranchas de 14 pés, as medidas aplicadas na elaboração de um shape são bem mais universais do que se imagina. Ou seja: seu peso e altura tem pouquíssima influência na elaboração de seu stand up paddle.
Já o nível do remador e o local escolhido para remar, sim, importam bastante e esse é o motivo pelo qual hoje em dia as pranchas de alta performance feitas em série são oferecidas em diferentes modelos.
Mas a grande diferença entre ambos os modelos se faz notar após a usinagem do shape, que é o momento em que um bloco de EPS (isopor) é esculpido.
Nas pranchas em série e na maioria das pranchas customizadas, esse bloco é esculpido por uma máquina de shape, de acordo com as informações enviadas por um software.
Em alguns casos, nas pranchas customizadas, ainda é necessário fazer o acabamento do shape, dependendo do nível de tecnologia do software utilizado.
Por fim, entra em cena o processo de construção – e é aqui que se denota a grande diferença entre as pranchas customizadas e as feitas em série, e não há como se comparar, pois, como mencionado anteriormente, são dois processos bastante diferentes, e a produção industrial garantirá, além de maior durabilidade, a certeza de que a prancha saia exatamente como foi projetada.
Ainda, vale salientar que no caso de pranchas de alta performance feitas em série, foram necessários meses de pesquisas e testes até que o modelo ideal saísse do chão de fábrica.
Isso, de maneira alguma deve ser interpretado de forma depreciativa em relação às pranchas customizadas, que tem seu espaço e performam muito bem, também. Contudo, uma prancha de alta performance produzida em série apresenta a garantia de um nível de desempenho acima da média, pois foi testada e aprovada antes de ser produzida em escala, com a vantagem de oferecer mais resistência e uma vida útil muito superior, por conta dos matérias utilizados e do processo industrial de construção.
Esse é o motivo pelo qual hoje em dia não há nenhum competidor, entre os primeiros colocados do circuito mundial de SUP race, usando pranchas customizadas.
No Brasil, Vinnicius Martins, atleta patrocinado pela JP, usa pranchas feitas em série há anos, bem como David Leão, atleta SIC, e nossa campeã Pan-Americana, Lena Guimarães Ribeiro, ex-atleta da Mistral e que agora integra o time da Mirage juntamente com o pentacampeão brasileiro Luiz Guida Animal, são alguns exemplos de remadores de alta performance a utilizar esse tipo de equipamento.
Essa é uma tendência irreversível.