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Na última quinta-feira (18) a comunidade do SUP foi convidada a participar de uma apresentação on-line promovida pela Nação Surf Brasil, uma das chapas concorrentes à gestão que comandará a CBSurf pelos próximos quatro anos.
A eleição, no entanto, já foi realizada, mas pode ser anulada.
O pleito aconteceu no dia 30 de dezembro de 2020, dando a vitória chapa de situação “Rumo às Olimpíadas”, presidida por Adalvo Argolo que, por hora, terá mais um mandato pela frente.
Porém, a chapa Nação Surfe Brasil e seis federações estaduais (Pernambuco, Espírito Santo, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Ceará), alegando uma série de irregularidades no processo eleitoral, não participaram da votação e agora brigam na justiça para que um novo pleito seja realizado.
E enquanto a justiça decide se haverá ou não novas eleições, a chapa Nação Surf Brasil tem realizado reuniões on-line, por meio do aplicativo Zoom, para apresentar suas propostas e também ouvir o que tem a dizer atletas e simpatizantes.
Cada reunião tem sido direcionada a uma modalidade diferente, ligada à CBSurf, como o surf adaptado, longboard, bodyboard, entre outras, que, aos olhos do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) são entendidas como “modalidades de surf”.
Dentro dessa lógica, no caso do stand up paddle, cabe à CBSurf, definir as equipes nacionais que irão representar o Brasil em eventos com algum tipo de ligação ao circuito olímpico, como foi o caso dos Jogos Pan-Americanos de Lima.
A CBSurf também representa a ISA no Brasil e é responsável pela definição das equipes brasileiras nos mundiais, que no final são escolhidas de acordo com o ranking brasileiro da CBSUP.
Ambas as entidades, CBSUP e CBSurf mantém uma relação harmônica e de parceria, e no que depender da chapa Nação Surf Brasil, essa política se manterá.
A apresentação de quinta foi convocada pela chapa Nação Surf Brasil através de seu coordenador de SUP, Américo Pinheiro (veja a entrevista ao final da matéria).
A reunião virtual, que foi aberta ao público, contou com a presença de toda a diretoria: Teco Padaratz (atual Presidente), Paulo Moura (Vice-Presidente), Ricardo Bocão (Diretor de Marketing), Geraldo Cavalcanti (Diretor de Relações Institucionais) e Guilherme Gomes (Diretor Executivo).
Outros membros da chapa também marcaram presença, como Bira Schauffert, Ricardo Tautí e Alex Willians, que ficou responsável pela administração do chat.
As propostas apresentadas foram realmente interessantes e os membros da chapa se mostraram interessados em ouvir a comunidade.
Américo e os membros da diretoria, tiveram a oportunidade de falar sobre sua visão para o futuro do stand up paddle e também ouviram o que tinha a dizer a comunidade do SUP, numa troca de ideias muito interessante.
Claro que no campo das promessas tudo é possível, contudo, até hoje, nunca houve um movimento assim, em que dirigentes, ainda que concorrendo a uma eleição, se dispusessem a ouvir pessoas ligadas a uma modalidade.
Para conhecer as propostas da Nação Surf Brasil para o Stand up Paddle, baixe o arquivo abaixo:
Mas, no mundo real, pelo menos até os Jogos Pan-Americanos, o apoio foi quase inexistente.
O movimento para tornar o SUP um esporte olímpico teve início em 2012, no Peru, com a criação do primeiro Mundial da ISA (International Surfing Association).
Por ser a CBSurf a entidade legalmente representativa da ISA no Brasil, coube a ela organizar as seletivas que classificariam os atletas ao Peru, dentro de um formato semelhante aos moldes olímpicos.
Com pouca experiência nesse universo, a CBSurf, felizmente, recorreu à CBSUP (que na época ainda mantinha o status de associação – ABSUP) e a solução foi usar os resultados do circuito brasileiro como seletiva.
Acontece que os atletas que garantiram suas vagas, tiveram que arcar com todas as despesas, desde a passagem, hospedagens, alimentação e até inscrições, já que as entidades não forneceram nenhum tipo de apoio financeiro.
Uma marca, contudo, forneceu o uniforme à seleção. Mas, se por um lado isso foi bom, pois trouxe unidade à equipe, por outro, trouxe problema aos atletas patrocinados, que eram obrigados a usar o uniforme da seleção, ao invés das logomarcas de seus patrocinadores individuais, que, de fato, haviam sido os reais financiadores de suas viagens.
Outros atletas, sem patrocínios, tiveram que se virar para conseguir levantar verbas para representar seu país no Mundial. E muitos acabavam desistindo de ir, abrindo mão de sua vaga.
Babi Brazil, pentacampeã brasileira de SUP e recordista nacional de medalhas conquistadas em Mundiais da ISA, sentiu na pele o que é representar seu país sem apoio.
Ela teve que realizar clínicas, rifar equipamentos, fazer campanhas pedindo apoio, sempre com o objetivo de conseguir verba para viajar e competir:
“Nunca tivemos apoio de nem de CBSurf e nem da CBSUP. Nos mundiais em que competi (Peru 2012/ 2013, Nicarágua 2014, Dinamarca 2017) eu e os demais atletas tivemos que arcar com todas as despesas, desde as passagens até a hospedagem, tivemos apoio somente na aquisição dos uniformes e, uma única vez, a CBSUP custeou as inscrições, pois até isso tínhamos que pagar”
(Babi Brazil).
Não raro, essa falta de apoio fez com que ela e muitos atletas de peso abrissem mão de representar o Brasil nesses eventos por não terem condições financeiras de arcar com tantos custos.
É o caso do também pentacampeão brasileiro de SUP Race Luiz Guida “Animal”, que mesmo competindo em altíssimo rendimento, e garantindo a vaga para o Mundial em praticamente todos os anos, só teve a oportunidade de participar em duas edições (2012 e 2019), justamente por não ter apoio financeiro:
Minhas participações no Mundial ISA foram complicadas, principalmente pela falta de apoio das confederações de SUP (CBSUP) e de surfe (CBSurf).
Para se ter uma ideia, eu fui selecionado para quase todos os mundiais da ISA, mas só fui para dois! Os outros tive que passar a vaga para quem tinha dinheiro pra ir.
Sim, a vaga vai passando de mão em mão até que algum atleta selecionado tenha dinheiro pra ir, isso porque não temos nenhum apoio financeiro das confederações, sempre tivemos que pagar tudo do bolso, desde passagem, inscrição, alimentação, transporte de pranchas etc.
Para piorar ainda mais a situação dos atletas, durante os eventos somos obrigados a usar uniforme da seleção, com marcas de “apoiadores da seleção” que dão apenas o uniforme e aparecem muito, como se fossem um patrocinador, só que a grande realidade é que nossos patrocinadores e apoiadores pessoais não podem aparecer.
Resumindo, as confederações não patrocinam e ainda nos impedem de usar roupas de nossos patrocinadores, pois somos obrigados a usar esses ‘uniformes’, então fica difícil o atleta conseguir patrocínio para estes eventos já que as marcas que irão banca-lo não vão aparecer.
Por estes motivos optei em não ir pra maioria das etapas, fui na primeira, no Peru, e na última em El Salvador, na qual fiquei em sexto.”
(Luiz Guida “Animal”).
Tetracampeã brasileira de SUP Race e medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, Lena Guimarães Ribeiro também abriu mão de participar em vários mundiais, mesmo tendo direito a uma vaga, por falta de apoio:
“Fui ao ISA de 2015, no México e só fui porque a Babi, que era quem tinha a vaga não teve condições financeiras de ir, e eu, na época tinha um bom patrocinador que aceitou em bancar parte das despesas da viagem e eu banquei o resto.
Nesse mundial, os atletas ganharam apenas duas camisas de algodão, que eu acho que veio da CBSurf, e a CBSUP deu uma ajuda financeira para o pagamento de algumas inscrições, mas não todas (cada prova da ISA custa em média US$ 150 de inscrição por atleta).
Então, ficou combinado entre a gente que aqueles atletas com menos condição usariam essa verba para fazerem suas inscrições.
Nos anos de 2016 à 2019, eu conquistei a vaga, mas abri mão de participar desses Mundiais por falta de dinheiro”.
(Lena Guimarães Ribeiro)
Lena, contudo, lembra que a partir do momento em que o surfe se tornou esporte olímpico e da articulação da ISA para que o stand up paddle fosse visto aos olhos do COI (Comitê Olímpico Internacional) também como uma modalidade de surf, a situação começou a mudar.
“Em 2017 tivemos um evento que serviu de preparação para os Jogos Pan-Americanos no Peru chamado ‘PASA Games’.
Como era um evento teste e o Peru precisava de uma adesão dos atletas, o próprio governo peruano custeou nossas despesas, menos as passagens aéreas, que tiveram que ser pagas pelos atletas, pois novamente, nem CBSurf, nem CBSUP, puderam nos ajudar com esses custos.
Em 2018, o evento foi novamente realizado, mas agora sendo válido como seletiva para os Jogos Pan-Americanos.
Dessa vez a seleção brasileira viajou ao Peru com todas as despesas pagas pela CBSurf, mas via COB (Comitê Olímpico Brasileiro), afinal, tratava-se de uma seletiva de um evento integrado ao círculo olímpico.
Para não dizer que a CBSurf não nos deu nada, nós recebemos um agasalho, que não servia, pois era muito grande, uma camisa e uma calça.
Nos Jogos Pan-Americanos, novamente tivemos todas as despesas custeadas, mas novamente via COB.”
Essa dependência do COB ficou evidente quando, em 2019, no Mundial da ISA, em El Salvador, os atletas do Brasil novamente não receberam apoio financeiro, pois a CBSurf alegou não ter verba uma vez que se tratava de um evento sem ligação direta com o circuito olímpico, ao contrário do Pan-Americano.
Na reunião de quinta, os membros da chapa Nação Surf Brasil argumentaram que a CBSurf já recebe um apoio financeiro do COB, independente de haver ou não eventos oficiais.
Essa verba deveria ser destinada ao fomento das modalidades ligadas à CBSurf, o que incluiria ajuda financeira aos atletas classificados para mundiais.
Para entender melhor essas propostas e o papel que a CBSurf poderá assumir caso novas eleições sejam realizadas e esta chapa vença o pleito, conversei com o Coordenador de SUP, Américo Pinheiro.
A entrevista você confere a seguir:
Quando soube que haveriam essas eleições, e que as chapas estavam incluindo propostas para o stand up paddle, procurei me informar sobre as propostas de cada uma delas.
Vi que a chapa do Bocão (Nação Surf Brasil) foi a que tinha propostas mais bem estruturadas em relação ao SUP. Além disso, as pessoas que formaram a chapa são todos profissionais do surf que construíram carreiras muito sólidas, mesmo depois que deixaram de competir.
Conheço muitas dessas pessoas, inclusive de membros da outra chapa, e entrei em contato, mas sem pensar em fazer parte, apenas para saber mais a respeito. Depois, fiquei sabendo que a Nação Surf Brasil já estava sondando o meu nome e então recebi o convite.
Fizemos então esse projeto que foi apresentando na reunião (baixe o arquivo nessa matéria) e inclusive, deixei essas propostas em aberto, para caso as outras chapas queiram usar nosso projeto para o SUP, pois realmente acredito que são propostas muito boas para alavancar novamente o nosso esporte.
Aproximar e ser um link de comunicação da CBSurf com a CBSUP. O fato é que o stand up paddle hoje está meio adormecido, por conta de outros fatores que não vem ao caso comentar agora.
Queremos estar mais próximos aos atletas, prestando apoio técnico nos eventos e ajudando na coordenação.
As coisas estagnaram e eu estou com muita vontade de trabalhar para que o SUP volte a ‘bombar’ novamente, como foi no passado.
Olha, precisamos primeiro entender o que está acontecendo, pois o SUP está meio adormecido.
Então, acho que o primeiro passo é mostrar que estamos dispostos a ajudar a CBSUP a movimentar o SUP como a entidade fazia anos atrás.
Mas também não podemos deixar de ouvir o que tem a dizer os atletas e hoje há um atrito muito forte entre eles e a entidade.
Isso precisa ser resolvido da melhor maneira para o esporte e, acima de tudo, a minha missão será fazer com que essas duas entidades andem de mãos dadas.
Quando me apresentaram o projeto, a primeira coisa que questionei foi esse valor. Ainda brinquei dizendo que o SUP não está acostumado com isso não.
Porém, após as explicações, entendi que com o valor repassado pelo COB à CBSurf, será possível fazer até quatro competições oferecendo essa mesma premiação.
Agora, o mais interessante é que esse é um valor de premiação que serve apenas como ponto de partida.
Nossa é meta é triplicar o valor repassado pelo COB através de ações de parcerias com a iniciativa privada.
Dessa forma, certamente será possível também aumentar ainda mais esse valor das premiações.
Nós já temos um grupo com alguns atletas profissionais que foi montado entre os dez primeiros colocados do circuito profissional. O pessoal do Wave acabou não aderindo, e então ficou mais entre nós do Race.
Ainda assim, me sinto um representante do SUP Wave, pois, além surfar regularmente de SUP, sou o atual vice-campeão brasileiro Master e meu filho é campeão brasileiro Júnior.
Mas, voltando ao grupo, ele foi criado pra o pessoal se organizar para os mundiais da Isa e Pan-Americano, principalmente por causa da falta de apoio das confederações.
Mas a ideia agora é criar um novo grupo aberto a todos os atletas profissionais para lidar com essas questões da CBSurf e, principalmente, eleger um representante dos atletas para votar na possível nova eleição.
A Dani Paiva deu a sugestão de se criar esse grupo através do Telegram, pois assim seria possível a adesão de todos os atletas. Este, então, seria o novo grupo.
(Nota: numa eventual nova eleição da CBSurf, a modalidade SUP tem direito a um voto de um representante)