CBVA’A abre edital para a realização dos campeonatos brasileiros de 2021
Confederação Brasileira de Va’a (CBVA’A) abre edital para interessados em realizar as etapas do ... leia mais
No último domingo chegou ao fim mais uma edição do Mundial de SUP e Paddleboard da ISA. Realizado no pico de Sunzal, em El Salvador, a competição reuniu atletas representando 27 países para competir em provas de SUP Race, SUP Wave e Paddleboard.
O evento, anunciado em cima da hora como uma clara resposta ao Mundial promovido pela ICF, na China, gerou desconfiança, que muito possivelmente motivou algumas ausências importantes, sobretudo da equipe australiana, nação com maior número de títulos na história dos mundiais da ISA, que enviou apenas quatro competidores para Sunzal.
E o Mundial, realizado às pressas, não teve dos melhores inícios. A bizarra prova de Sprint no mar e a confusão gerada na prova do Long Distance Feminino pareciam apontar para um fiasco eminente.
No entanto, a simpatia do povo local e o apoio irrestrito do governo de El Salvador foram fundamentais para criar uma atmosfera favorável, e a ISA conseguiu desenrolar o evento sem maiores percalços e até obtendo um feedback positivo por parte dos atletas.
Dentro d’água a França fez história. O país conseguiu seu primeiro ouro entre as nações nos oito anos de evento, depois de ganhar a medalha de prata em duas ocasiões (2016 e 2017).
Ao longo da semana, a equipe francesa colocou seus atletas em todos os pódios, acumulando 15 medalhas, incluindo quatro de ouro.
Seguindo a França no ranking das nações vieram a equipe da Espanha, com a medalha de prata, a equipe EUA, com o bronze, e a equipe Itália com cobre.
O Brasil ficou na quinta colocação, a um passo da medalha de cobre, e por apenas 74 pontos de diferença. Isso é menos do que a menor pontuação em qualquer uma das provas.
Esse resultado está longe de ser ruim, mas não deixa de ser injusto com uma seleção que passou por verdadeiras provações para conseguir competir em El Salvador.
A começar pela falta de apoio da CBSurf, confederação representante da ISA no Brasil e responsável por escalar os competidores para esse mundial, que não conseguiu levantar nenhum tipo de verba para ajudar os atletas no custeio das despesas de viagem, inscrição nas provas (que não são baratas) e apoio logístico. Os uniformes foram doados pela Silver Bay.
Os competidores escalados também não puderam contar com uma comissão técnica para representá-los nos briefings das provas, e tiveram que lidar diretamente com questões burocráticas como inscrições, hospedagem e alimentação.
No fim das contas, cada um teve que cuidar de sua prova, tendo que contar com a boa vontade de colegas para exercer as funções de um técnico e apoio.
Já na partida, ainda no aeroporto, no Brasil, Jessika Moah e Luiz Guida “Animal” não foram autorizados pela cia aérea a embarcar com suas pranchas, e, sem stand up paddle, tiveram que correr atrás de um SUP emprestado para competirem em Sunzal.
Nas provas, alguns momentos deixaram claro a falta que um técnico faz, como nas desclassificações de Sinara Pazos e Aline Abad, ou na eliminação precoce de Fernanda Freitas em sua bateria de repescagem. Muito distante do pico das ondas, a brasileira passou quase metade da bateria boiando enquanto suas adversárias pegavam onda. Algo que seria resolvido com a presença de um técnico na areia orientando a atleta.
Isso sem falar do julgamento da bateria da final do SUP Wave Masculino, na qual, em minha opinião, o Leco foi prejudicado. Para mim, ele merecia ficar com a prata na disputa, resultado que teria levado o Brasil à quarta colocação e a medalha de cobre entre as nações.
Seria a segunda vez que nosso país alcançaria esse feito em oito anos de Mundial. Em 2014, fomos medalha de bronze na Nicarágua em uma situação parecida com a enfrentada em El Salvador.
Mas, por outro lado, se almejamos grandes resultados mais contundentes nos Mundiais da ISA, não podemos ficar à mercê de julgamentos subjetivos e nem da falta de apoio.
É verdade, também, que houve evolução nessa trajetória.
Nos dois primeiros anos de Mundial, 2012 e 2013, a CBSurf não considerava somente o ranking da CBSUP para escalar a seleção e também montava a equipe considerando resultados em seletivas que eram feitas através de eventos realizados no Nordeste. Algo que acabou por deixar muita gente boa de fora desses mundiais.
A partir de 2014 o ranking da CBSUP passou a ser a única forma de se organizar a seleção, resolvendo também o impasse institucional entre CBSurf e CBSUP.
Mas se no campo institucional alcançamos este avanço, em termos práticos nossos atletas seguem tendo que correr atrás de patrocínio e apoio para representar o Brasil em mundiais da ISA.
Imaginei que a entrada do surfe nas olimpíadas e o reconhecimento da CBSurf como entidade olímpica perante o COI poderiam resultar em mais apoio à equipe brasileira em eventos da ISA, principalmente após o brilhante desempenho de nossos atletas de SUP em eventos chancelados pelo COI, como o Pan-Americano, que literalmente livraram o surfe brasileiro de uma participação nula na competição.
É certo que diversos fatores externos dificultaram mais apoio. A longa crise econômica do Brasil, a estagnação do mercado de stand up paddle, o anúncio em cima da hora do evento em El Salvador, enfim, a lista é grande, mas tudo fica mais fácil quando temos planejamento e um plano de ação.
Então eu pergunto: Existe um plano de ação? Há algum tipo de planejamento visando captar recursos para nossa seleção em 2020?
Os recursos do COB são a primeira coisa que vem a nossa mente, mas não é tão simples assim ter acesso a esse recurso, pois o SUP não é esporte olímpico e, além disso, essa entidade não deveria ser vista como a única fonte de renda para apoio. As leis de incentivo ainda existem. Patrocinadores ainda existem.
Dependemos da CBsurf para participar do Mundial a ISA e sabemos que o SUP não é a prioridade da entidade, mas, tudo o que já fizemos para alavancar o surfe em eventos oficiais não deveria ser levado em consideração e colocado em pauta na elaboração de um evento estratégico?
Também não dá pra contar somente com gente trabalhando de forma voluntária nos bastidores. Precisamos de alguém remunerado dentro da entidade para desempenhar essa função. Até para podermos cobrar resultados.
Certamente não é uma tarefa simples, mas espero que ela se concretize, ou vamos ter que continuar lutando sempre na raça para conseguirmos resultados.
Leco Salazar (medalha de bronze)
Matheus Salazar
Aline Adisaka
Fernanda Freitas
Vinnicius Martins (medalha de ouro e bronze)
Arthur Santacreu
Luiz Guida “Animal”
Jessika “Moah” (medalha de prata)
Aline Abad
Isttefany Morais
Iasmim Morais
Murilo da Rosa
Maitê Lima
Patrick Winkler
Rogerio Mello
Sinara Pazos