WaterCast: Tiago Brant, muitas ondas antes da Série ao Fundo
Tiago Brant, apresentador no canal Série ao Fundo, no YouTube, tem uma longa história de serviços ... leia mais
Você surfava antes de sofrer o acidente de moto que mudou a sua vida para sempre?
Sim, mas estava iniciando nesse esporte e era um surfista muito ruim!
E como surgiu a ideia de ir para o mar, dessa vez como atleta adaptado?
Depois do grave acidente de moto, onde perdi a perna e todos movimento de um braço, comecei a ficar com depressão por achar que eu seria incapaz de fazer algum esporte. Gostava muito de ir à praia e com a ajuda de amigos e familiares, passei a entrar no mar. Um dia, vendo os surfistas, botei na cabeça e que iria voltar a surfar e então comecei a pensar em uma forma de viabilizar isso.
Como foi o processo de adaptação ao novo esporte?
A adaptação foi muito difícil por eu ter muitas dores no braço esquerdo. Eu não tenho nenhum movimento nesse braço, mas sinto dores 24h por dia. Então o primeiro passo foi usar uma tipoia para mantê-lo fixo a meu corpo. A prancha que eu uso é um SUP convencional. Mas nas primeiras tentativas notei que precisava de mais força no braço direito, pois ele emburraria todo meu corpo. Então comecei a pensar na concepção do remo adaptado que uso até hoje.
Quem desenvolveu o remo adaptado que você usa?
A ideia veio em um sonho onde usava um remo que ficava fixo a meu braço. Acordei e fiquei com aquela imagem na minha cabeça. Então, entrei em contato com um grande amigo e levei um cano de PVC de esgoto, esses que são mais largos, e ele me ajudou a cortar o cano no formato de meu braço e abrimos a boca do cano com calor e ele a moldou até ficar no formato de uma pá de remo.
A sua prancha, é um SUP convencional ou tem algumas adaptações?
A prancha é um SUP 7’5” com apenas uma adaptação de uma cordinha que me ajuda a subir.
Como se deu seu início nas competições?
Foi em 2003, durante o Mundial de SUP em Ubatuba. Pedi uma chance para os organizadores e eles me colocaram na prova de Race e de Wave! Fiquei amarradão e até hoje não parei!
Foi a partir daí que você deu início à carreira de competidor?
Sim! Hoje m considero-me um surfista adaptado profissional.
Que tal representar seu país no Sul-Americano de Surfe Adaptado e ainda conquistar a medalha de prata?
Foi uma grande luta conseguir participar do evento e representar meu país, pois estou há oito anos sem patrocínio. Porém, sabendo da minha luta para viabilizar minha participação no Sul-Americano de Surfe Adaptado, a Gzero me deu uma prancha e eu fiz uma rifa. Com o dinheiro arrecadado consegui fazer a viagem.
Hoje quais são as maiores dificuldades enfrentadas por você para se manter como atleta?
A falta de patrocínio às vezes me faz até pensar em parar de competir e apenas ficar no free surfe. Isto está me deixando bem triste, mas vou tentar mais um pouco.
O que a palavra “superação” significa pra você?
Superação significa acordar e saber que terei pela frente mil obstáculos e mesmo assim tentar. Se achamos que a vida está ruim, imagina a de quem está no hospital internado e sonha em ver o mar.
NOTA: A pesar da medalha de prata no Sul-Americano, Marçal segue sem patrocinadores e precisa arcar com boa parte das despesas para treinar e competir.
O atleta recebe apoios da Prefeitura de Caraguatatuba, na forma de um Bolsa Atleta, que, no entanto, não é suficiente para custear as despesas mensais de combustível para ir treinar em Ubatuba.
Outros apoiadores são Gzero Tech e Neco Carbone (equipamentos), Tio Coxinha , Pharma Dinâmica, Nádia Costa Nutricionista e OndaSup (suplementação e ajuda básica).