10 anos de Brasileiro de SUP Race com Luiz Guida “Animal”
Luiz Guida "Animal" fala sobre os dez anos de circuito brasileiro de SUP race, uma história da qual é ... leia mais
Você surfava antes de sofrer o acidente de moto que mudou a sua vida para sempre?
Sim, mas estava iniciando nesse esporte e era um surfista muito ruim!
E como surgiu a ideia de ir para o mar, dessa vez como atleta adaptado?
Depois do grave acidente de moto, onde perdi a perna e todos movimento de um braço, comecei a ficar com depressão por achar que eu seria incapaz de fazer algum esporte. Gostava muito de ir à praia e com a ajuda de amigos e familiares, passei a entrar no mar. Um dia, vendo os surfistas, botei na cabeça e que iria voltar a surfar e então comecei a pensar em uma forma de viabilizar isso.
Como foi o processo de adaptação ao novo esporte?
A adaptação foi muito difícil por eu ter muitas dores no braço esquerdo. Eu não tenho nenhum movimento nesse braço, mas sinto dores 24h por dia. Então o primeiro passo foi usar uma tipoia para mantê-lo fixo a meu corpo. A prancha que eu uso é um SUP convencional. Mas nas primeiras tentativas notei que precisava de mais força no braço direito, pois ele emburraria todo meu corpo. Então comecei a pensar na concepção do remo adaptado que uso até hoje.
Quem desenvolveu o remo adaptado que você usa?
A ideia veio em um sonho onde usava um remo que ficava fixo a meu braço. Acordei e fiquei com aquela imagem na minha cabeça. Então, entrei em contato com um grande amigo e levei um cano de PVC de esgoto, esses que são mais largos, e ele me ajudou a cortar o cano no formato de meu braço e abrimos a boca do cano com calor e ele a moldou até ficar no formato de uma pá de remo.
A sua prancha, é um SUP convencional ou tem algumas adaptações?
A prancha é um SUP 7’5” com apenas uma adaptação de uma cordinha que me ajuda a subir.
Como se deu seu início nas competições?
Foi em 2003, durante o Mundial de SUP em Ubatuba. Pedi uma chance para os organizadores e eles me colocaram na prova de Race e de Wave! Fiquei amarradão e até hoje não parei!
Foi a partir daí que você deu início à carreira de competidor?
Sim! Hoje m considero-me um surfista adaptado profissional.
Que tal representar seu país no Sul-Americano de Surfe Adaptado e ainda conquistar a medalha de prata?
Foi uma grande luta conseguir participar do evento e representar meu país, pois estou há oito anos sem patrocínio. Porém, sabendo da minha luta para viabilizar minha participação no Sul-Americano de Surfe Adaptado, a Gzero me deu uma prancha e eu fiz uma rifa. Com o dinheiro arrecadado consegui fazer a viagem.
Hoje quais são as maiores dificuldades enfrentadas por você para se manter como atleta?
A falta de patrocínio às vezes me faz até pensar em parar de competir e apenas ficar no free surfe. Isto está me deixando bem triste, mas vou tentar mais um pouco.
O que a palavra “superação” significa pra você?
Superação significa acordar e saber que terei pela frente mil obstáculos e mesmo assim tentar. Se achamos que a vida está ruim, imagina a de quem está no hospital internado e sonha em ver o mar.
NOTA: A pesar da medalha de prata no Sul-Americano, Marçal segue sem patrocinadores e precisa arcar com boa parte das despesas para treinar e competir.
O atleta recebe apoios da Prefeitura de Caraguatatuba, na forma de um Bolsa Atleta, que, no entanto, não é suficiente para custear as despesas mensais de combustível para ir treinar em Ubatuba.
Outros apoiadores são Gzero Tech e Neco Carbone (equipamentos), Tio Coxinha , Pharma Dinâmica, Nádia Costa Nutricionista e OndaSup (suplementação e ajuda básica).