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Uma estatística alarmante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que revelou que um terço das mulheres no Brasil já sofreu ou sofre algum tipo de violência, foi o estopim para a criação da campanha “Nadando com Elas”. A iniciativa, idealizada pelo nadador de águas abertas Eduardo Schubert, busca mobilizar a sociedade de uma maneira geral, mas, principalmente, os homens, para combater ativamente a violência de gênero, começando pela comunidade da natação.
Schubert conta que, ao se deparar com o dado, a reflexão foi imediata e pessoal. “A gente está cercado de mulher”, afirma, lembrando de sua mãe, esposa, filhas e das inúmeras parceiras de treino. A constatação de que, estatisticamente, pessoas muito próximas a ele poderiam fazer parte desse número o deixou “paralisado” e motivou a ação.
Para dimensionar o problema em seu próprio meio, Schubert fez uma estimativa. De um universo de aproximadamente 50 mil nadadores de águas abertas no Brasil, cerca de 40% (20 mil) são mulheres. Aplicando a mesma proporção da pesquisa, seriam 6 mil nadadoras que já vivenciaram algum tipo de abuso. “Numa prova média, com 200 ou 300 mulheres, estamos falando de 60 a 90 delas que podem estar sofrendo ou já sofreram. É um número muito incômodo”, ressalta.
Antes de lançar a campanha, uma conversa informal com oito amigas nadadoras trouxe um resultado ainda mais chocante: seis delas confirmaram ter sido vítimas de violência em algum momento. Esse foi o empurrão final para levar o inconformismo adiante.
A campanha “Nadando com Elas” tem um foco claro: a conscientização de homens e meninos. “As mulheres não precisam ser conscientizadas disso. Elas são as que sofrem esse problema, causado pelos homens. Como nós, homens, aceitamos que isso seja feito?”, questiona Schubert. O objetivo não é criar uma estrutura rígida, mas sim disseminar uma cultura de indignação que se transforme em atitude. A proposta é que os homens adotem posturas de acolhimento e proteção às mulheres, de censura explícita a qualquer ato de violência e, principalmente, de mudança de comportamento, educando as novas gerações com base no respeito.
A campanha “Nadando com Elas” é um movimento orgânico, alimentado pela vontade de fazer a diferença. Não possui financiamento e cresce com o engajamento da comunidade. Para apoiar, os interessados podem:
A campanha já conta com o apoio de atletas relevantes e organizadores de provas, que ajudam a disseminar a mensagem através de adesivos, bandeiras e divulgação. A iniciativa de Schubert é um lembrete poderoso de que a luta pelo fim da violência contra a mulher é uma responsabilidade de todos, e que a mudança começa com a coragem de não se conformar.