PASA 2018 | Competidores brasileiros recebem inédita preparação olímpica
Nosso editor bate um papo com o preparador físico João Renato, que viajou ao Peru para trabalhar ao lado ... leia mais
O New York SUP Open começou a todo vapor nesse sábado (22). As ondas, ao contrário do dia anterior, apesar de pequenas, com cerca de meio metro, estavam bem formadas e permitiam condições de surfe. Além disso, a organização da APP World Tour tinha a missão de colocar na água nada menos do que 24 baterias e concluir a primeira etapa do Mundial de SUP Wave, uma vez que a previsão para domingo, último dia da janela do evento, não era nada animadora.
Às 7h30 em ponto (horário local) os atletas do Round 3 entraram na água para finalizar a rodada em disputas no formato “homem a homem”.
E a primeira bateria do dia começou com força total, com um inspirado Zane Schweitzer (HAV) abusando dos aéreos e reverses contra Dave Boehne (EUA), que usou sua experiência para escolher boas ondas. Sua estratégia, no entanto, não foi suficiente para frear o havaiano, que encerrou o confronto pontuando 14.73 contra 10.37. O dia prometia!
Na sequência, mais quatro brasileiros iriam entrar na água: Marcio Grillo, Leco Salazar, Léo Gimenez e Luiz Diniz.
Grillo enfrentou o norte-americano Fisher Grant em uma bateria bem disputada. O brasileiro, que é um especialista em ondas pesadas e tubulares, mostrou que também sabe lidar com ondas pequenas. O norte-americano começou a disputa com um 3.33 em sua segunda onda. Grillo respondeu a altura imprimido uma boa combinação de cutbacks e uma boa batida para arrancar um 3.43 dos juízes. Mas a resposta do surfista local veio em seguida, com um 4.00 e, na sequência, um 4.07.
O destemido local de Maresias manteve o foco e seguiu firme na batalha tentando encontrar uma onda boa o suficiente para fazer um high score. Mas, em um mar pequeno e com poucas ondas, essa, muitas vezes, pode ser uma missão inglória. Aos quatro minutos para o término ele quase conseguiu a virada com 4.23 após uma boa sequência de rasgadas. Mas faltou mais uma onda ao brasileiro e Fisher Grant avançou às quartas de final totalizando 8.07, contra 7.66.
Na sequência, uma disputa verde e amarela entre o campeão mundial Leco Salazar e a grande revelação da etapa, Léo Gimenes.
Foi uma bateria construída onda a onda, mas as escolhas feitas por Léo fizeram a diferença. Leco, por sua vez, seguiu em busca de uma onda de série que não veio. O campeão mundial manteve o nível de surfe alto, porém não conseguiu encontrar uma de série que lhe permitira conseguir um score alto. Melhor para o jovem talento de São Vicente, que conseguiu totalizar 12.16 pontos contra 9.84 de Leco e garantir, assim, a primeira colocação no confronto.
Fechando o Round 3, Luiz Diniz não teve dificuldades para vencer o havaiano Bernd Roediger, emplacando 10.67 na somatória contra 6.94 de Roediger.
ROUND 4
Sem perder tempo os organizadores já colocaram o Round 4 na água. Dessa vez em baterias com três homens, com os dois primeiros avançando para as quartas de final.
O norte-americano Sean Poynter dessa vez fez jus ao favoritismo e conquistou a maior somatória da rodada: 12.56.
Ele enfrentou dois brasileiros: Wellington Reis e Matheus Salazar, e, como haveria de se esperar, foi uma bateria de alto nível, sendo a vaga para as quartas conquistada por Wellington, por 9.67 contra 8.97 de Matheus.
Na bateria seguinte o confronto foi entre Zane Schweitzer (HAV), Alexis Deniel (FRA) e Léo Gimenes.
Dessa vez o brasileiro não conseguiu repetir a brilhante atuação que teve na bateria anterior. Coisas de competição. E quando se trata de um mar com ondas pequenas e esparsas, surfar a boa da série pode fazer toda a diferença. E infelizmente essa onda não veio para Léo, que terminou a disputa na terceira colocação, totalizando 7.33 pontos contra 8.13 de Deniel, e 8.94 de Zane, respectivamente, segundo e primeiro colocados na bateria avançando para as quartas.
Léo Gimenes encerrou sua participação no Mundial impressionando a todos com o nível de seu surfe. Ele e Dani Ferlin, que também fez bonito nas ondas e ainda iria disputar a final da Junior, são exemplos do talento da nova geração do SUP Wave Brasileiro que com o apoio necessário pode ir muito longe no cenário internacional.
Luiz Diniz encerrou a rodada enfrentando Fisher Grant e o havaiano com sangue brasileiro Mo Freitas. Mostrando-se mais à vontade e surfando de maneira mais solta do que nos dias anteriores, Diniz imprimiu seu ritmo na bateria, que mesmo assim foi disputada, fazendo a maior nota da bateria, 5.83, que lhe garantiu a somatória de 10.73, contra 10.16 de Grant e 7.17 de Mo.
Nosso esquadrão brazuca sofrera baixas significativas, mas dois guerreiros, Wellington Reis e Luiz Diniz, ainda continuavam vivos na disputa, firmes e fortes.
QUARTAS DE FINAL FEMININO
Encerrado o Round 4 masculino, foi a vez das meninas entrarem na água. E logo veio uma surpresa com a eliminação da tricampeã mundial Izzi Gomez pela havaiana Dominique Miller. As ondas pequenas e cada vez mais sem força refletiram os scores relativamente baixos para uma bateria desse nível. Um 4.40 Dominique garantiu sua vitória já na reta final da disputa, quando faltavam três minutos para o término.
Em seguida, outra briga parelha entre Aline Adisaka e a espanhola local das Ilhas Canárias, palco da próxima etapa do APP World Tour, Iballa Moreno, que assumiu a liderança aos oito minutos da bateria e se manteve firme contra as investidas de Aline. A brasileira foi guerreira e lutou até o fim, surfando várias ondas até os minutos finais em busca de uma salvadora que, infelizmente, não veio.
A redenção da torcida brasileira veio com Nicole Pacelli que encarou pela frente Vania Torres, a peruana que tirou o sono de muitas competidoras por conta do alto nível de seu surfe.
Nicole, porém, usou sua experiência para escolher as ondas certas e botar a pressão em cima da adversária. Em um mar com ondas difíceis, uma boa estratégia era fundamental para conquistar um bom resultado na disputa. E assim fez a brasileira, que manteve a liderança do início ao fim. Porém, foi um vitória bem apertada: 6.93 contra 6.84.
Na última bateria das quartas mais uma baixa para o Brasil com a derrota de Gabriela Sztamfer frente a experiente Terrene Black.
Black, que é uma atleta de ponta do SUP race, mostrou que também tinha desenvoltura nas ondas por conta de sua vitória na prova técnica de terça. E em um mar difícil como esse, a experiência falou mais alto.
Fazendo um tradicional (mas eficaz) “feijão com arroz” e sem arriscar muito nas manobras, Black escolheu as ondas certas manobrando na medida ideal para conseguir seus scores.
Gabriela talvez tenha sentido o peso por estar pela primeira vez nas quartas de final de um Mundial pois não conseguiu reagir por boa parte do confronto. O surfe que impressionou a todos em suas belas atuações desde a triagem, começou a aparecer quando faltavam seis minutos para o término da disputa, e a brasileira começou a impor seu jogo.
Mas o relógio estava correndo há bastante tempo e a virada salvadora não aconteceu. A bateria terminou em 4.87 para Terrence Black contra 2.66 da brasileira.
QUARTAS DE FINAL MASCULINO
Encerradas as quartas de final do feminino, foi a vez dos marmanjos voltarem para a água.
Wellington Reis enfrentou o taitiano Poenaiki Raioha na primeira disputa da rodada. Um pouco apagado no começo da bateria, Wellington só iria encontrar uma boa onda aos onze minutos de bateria, quando encontrou uma esquerda que proporcionou uma forte batida na junção da espuma, jogando muita água para cima. Os juízes deram 6.50.
Já Poenaiki vinha mais tranquilo na liderança. Aos cinco minutos ele havia feito um 7 redondo ao aplicar uma sequência de rasgadas em uma onda de série. Essa nota lhe garantiria a liderança da bateria do início ao fim. As ondas, por sua vez, não facilitaram a vida dos competidores e os scores baixos foram a tônica da disputa. Ao final, vitória de Poenaiki por 10.53 contra 9.30 e mais uma baixa para o Brasil.
Nas rodadas seguintes Sean Poynter venceu Kai Lenny por 16.37 a 12.60, fazendo a maior nota da competição até o momento: 9.10. Em seguida, Zane Schweitzer venceu Fisher Grant por 15.33 a 8.70.
Na última bateria da rodada o brasileiro Luiz Diniz enfrentou Alexis Deniel e não deu chances para seu adversário. Dominando as fracas ondas para aliar manobras mais progressivas e explorando bem a troca de remos, Diniz Liderou a bateria do início ao fim, fechando a tampa do caixão com um 8.10 a um minuto para o término da disputa. Resultado: 15.10 contra 6.73 e uma vaga na semifinal para Luiz Diniz.
SEMIFINAL FEMININO
Na primeira semifinal da rodada a espanhola Iballa Moreno travou uma boa disputa contra a havaiana Dominique Miller, uma das revelações do evento.
Iballa, no entanto, se valeu da experiência para escolher as melhores ondas e garantir seu lugar na final. E o mar, por sua vez, começava a dar sinais de que estava melhorando, com séries mais alinhadas e constantes.
Nicole Pacelli veio logo em seguida e “vingou” a torcida brasileira derrotando Terrene Black pelo placar de 10.50 contra 7.90. Foi uma disputa relativamente tranquila para a brasileira, uma vez que Black só conseguiu uma nota acima de 2.87 no minuto final da bateria (um 5.67).
O Brasil estava na final do Wave Feminino.
SEMIFINAL MASCULINO
Sean Poynter abriu a semifinal enfrentando Poenaiki Raiohae. Novamente o norte-americano mostrou que estava em sintonia com o mar. Poenaik começou bem o duelo, com um 5.17, porém, a resposta veio com um 7.67 que colocou o norte-americano na liderança.
Assim, administrando suas ondas e com um bom posicionamento no line up, Poynter carimbou seu passaporte para a grande final pontuando 15.34 contra 10.94.
Na segunda semifinal um duelo entre dois dos SUP surfistas mais progressivos do mundo: Zane Schweitzer contra Luiz Diniz.
O mar, que estava melhorando, caprichosamente deixou de funcionar nessa bateria e as ondas fracas pareciam que iriam prejudicar o show que a plateia esperava de um duelo como esse. Mas a coisa não foi bem assim.
Schweitzer soube lidar melhor com a situação, conseguindo um 7.83 nos primeiros minutos da bateria. Luiz Diniz respondeu bem, com um 5.67.
O havaiano conseguiu se manter na liderança, mas a disputa se manteve bem equilibrada até que aos 15 minutos de bateria, Schweitzer, após aplicar uma séria de reverses em uma onda da série, arrancou um 9.17 deixando a vida do brasileiro bem complicada na final.
Diniz ainda reagiu com um 7.57 aos quatro minutos para o término. Uma nota boa, mas não o suficiente para garantir uma vaga na final ao brasileiro, que encerrou sua participação em Long Beach na terceira colocação.
FINAL FEMININO
Nicole Pacelli fez uma final disputadíssima contra a espanhola Iballa Moreno. O placar final de 14.60, contra 14.23, deixa claro o quão eletrizante foi a bateria, com a espanhola impondo um forte ritmo desde o início, abrindo com um 5.90 prontamente respondido por Nicole com um 5.50.
O mar reagiu e apresentou uma boa melhora, permitindo às competidoras imprimir mais radicalidade, com Nicole investindo também nas direitas, aplicando fortes rasgadas, para jogar bastante água para o alto.
Já Iballa apostou nas esquerdas e conquistou o score mais alto da final ao surfar uma de série, onde conseguiu aplicar uma forte batida na junção, emendada a um cutback aplicando a troca de remos e finalizando com uma rasgada que lhe valeu um 7.83 dos juízes.
Nicole, no entanto, seguiu firme e fez uma série de pontuações boas, como um 6.83 e um 7.40, mas que infelizmente não lhe garantiram a vitória, que escapou por meros 37 décimos!
Ainda assim, uma grande conquista para a brasileira, dona de dois títulos mundiais de SUP.
FINAL MASCULINO
A finalíssima do masculino pode ser muito bem definida como um duelo da polidez contra a radicalidade.
Sean enfrentou seu companheiro de equipe Zane Schweitzer em um mar bem melhor do que a média do dia. Não tanto por conta do tamanho, mas, sim, em termos de formação, proporcionando uma disputa bem movimentada, com Zane botando pressão já no início, aplicando suas famosas rabetadas.
No entanto, a resposta de Poynter veio forte e bem ao seu estilo, executando batidas bem verticais com o remo invertido. Nota: 8.17. Mas Schweitzer, porém, voltou à liderança logo em seguida ao completar um reverse.
A situação iria se alternar de novo com uma boa esquerda surfada por Sean, que lhe garantiu um 6.60 e a liderança novamente.
A partir de então o norte-americano soube controlar a disputa mantendo um bom posicionamento no line up e, assim, sacramentou sua vitória com um 8.20 no finzinho da bateria.
FINAL JUNIOR
Após a conclusão das finais do Masculino e Feminino foi realizada uma final entre juniores.
Na água, um brasileiro, Dani Ferlin, enfrentando o porto riquenho Maximilian Torres e o norte-americano Sam Moritzkat.
Dani foi quem surfou melhor a final, conquistando as notas mais altas. No entanto, acabou ficando com o vice-campeonato após cometer uma interferência nos minutos finais da bateria, beneficiando indiretamente Maximilian Torres, que ficou com o título da Junior.
Final de competição, hora de celebrar e, em seguida, voltar aos treinos.
A próxima etapa do APP World Tour será realizada de 11 a 20 de dezembro nas Ilhas Canárias. Até lá.
NEW YORK SUP OPEN 2018
PROFISSIONAL MASCULINO
1 – Sean Poynter (EUA)
2 – Zane Schweitzer (HAV)
3 – Luiz Diniz (BRA)
3 – Poenaiki Raioha
PROFISSIONAL FEMININO
1 – Iballa Moreno (ESP)
2 – Nicole Pacelli (BRA)
3 – Dominique Miller (HAV)
3 – Terrene Black (AUS)
JUNIOR
1 – Maximilian Torres
2 – Dani Ferlin
3 – Sam Moritzkat
VÍDEO DAS FINAIS
Sean Poynter fica com o caneco
Mundial terá nova chamada no sábado
Balanço do dia 02 – Brasileiros seguem fortes na competição
Balanço do dia 01 – Brasileiros dão show nas ondas de Long Beach
Confira as baterias do Mundial de SUP Wave