Shell Va’a, imbatível, vence a Vodafone Channel Race
Sem ser ameaçada, Shelll Va'a completou a corrida de 85 km entre as ilhas do Taiti e Moorea em pouco mais ... leia mais
O mês de setembro marca o aniversário de dez anos da realização da primeira competição oficial de SUP Wave do Brasil.
Entre os dias 05 a 07 de setembro de 2008 o quebra-mar de Santos (SP) recebia a segunda edição do Earthwave Festival de Surf Ecovias, um evento idealizado por Rico de Souza e Picuruta Salazar que reunia competições de surfe, ações ambientais e a famosa tentativa de quebra de recorde do maior número de surfistas na mesma onda.
Entre as atrações, porém, uma chamava a atenção dos curiosos, afinal, seria a primeira vez que uma modalidade desconhecida, mas que rapidamente vinha ganhando adeptos, seria apresentada ao grande público: o stand up paddle!
A ideia de Rico de Souza de incluir o SUP no festival foi prontamente abraçada por Picuruta. Tanto ele, quanto Rico, já estavam viciados na novidade e o Earthwave seria a oportunidade perfeita para projetar o esporte a um novo estágio (algo que de fato aconteceu).
Em 2008 já havia notícia de praticantes em várias partes do litoral brasileiro, mas pouco se sabia em termos de equipamentos e nível dos praticantes. A novidade, que havia chegado ao Brasil cerca de quatro anos antes, pelas mãos de pioneiros como Jorge Pacelli, Haroldo Ambrósio, Vitor Marçal, Marc Conrad, Romeu Bruno, Rodrigo Koxa, Alessandro Matero e o próprio Rico de Souza, ainda era vista como um treino complementar para big riders, mas já dava sinais de que iria explodir.
E, por uma dessas coincidências mágicas, o brasileiro Vitor Marçal, radicado no Havaí, estava vindo ao Brasil na companhia de Brian Keaulana, water man havaiano filho de Buffalo Keaulana, uma lenda viva do esporte e remanescente original dos Beach Boys de Waikiki, um grupo de nativos a quem se atribui a criação do stand up paddle e o resgate do surfe e da cultura dos clubes de canoa havaiana. Pois é… Não era pouca coisa!
Brian foi convidado a visitar o Earthwave e ficou sabendo sobre a competição de stand up paddle. O havaiano não só ficou amarradão com o fato, como também ajudou a viabilizar, juntamente com Vitor, o apoio da marca havaiana C4 Waterman, na época uma das únicas marcas no mundo que produzia pranchas e equipamentos para a prática do SUP.
A novidade foi muito bem aceita e as inscrições para as oito vagas esgotaram-se rapidamente. A curiosidade era muito grande e mesmo sendo a quebra de recorde o carro chefe do festival, muita gente estava curiosa para saber mais sobre aquele tal de stand up paddle.
No dia da competição, lá estavam eles, com aquelas pranchas enormes, que mais pareciam um “longboard anabolizado”, munidos de remos e prontos para desafiar as ondas que quebravam no quebra-mar santista.
Na grande final Picuruta Salazar, Carlos Bahia, Haroldo Ambrósio e Leco Salazar deram um show, abrindo definitivamente a porta para a entrada e o crescimento do stand um paddle brasileiro.
Ao final, o resultado foi o seguinte:
1 Picuruta Salazar (Santos)
2 Haroldo Ambrosio (Guarujá)
3 Carlos Bahia (São Sebastião)
4 Leco Salazar (Santos)
Campeão da primeira competição brasileira de SUP Wave da história, Picuruta conta que até sonhou com o troféu:
“Quando o Rico me mostrou o remo que o Brian trouxe, fiquei namorando o remo e até sonhei com a vitória”, revela o maior recordista de títulos no surfe brasileiro.
Seu filho, Leco, que anos mais tarde viria a se tornar o primeiro brasileiro a conquistar um título mundial de stand up paddle, também traz boas recordações desse momento histórico:
“Lembro que o dia estava nublado e o mar com ondas em torno de um metro e meio. As pranchas ainda grandes, com o bico arredondado. Era o início… O Brian Keaulana trouxe o troféu em forma de remo diretamente do Havaí, que foi entregue ao meu pai pela conquista do campeonato. Foi a partir daí que a gente pode dizer que começou a história do stand up paddle no Brasil. Esse remo tem muito valor e fico muito feliz, pois ele está com a minha família, é uma recordação que a gente vai guardar para sempre”, recorda.
De fato, a partir do Earthwave Festival de Surf Ecovias o stand up paddle passou a ser visto com outros olhos e ser considerado um esporte promissor. No ano seguinte, seria fundada a Associação Brasileira de SUP (que mais tarde se tornaria CBSUP) e realizado, em Ibiraquera (SC), o primeiro campeonato brasileiro da história, vencido por Leco Salazar. Em pouco tempo o SUP brazuca viria se consolidar como um dos mais fortes e bem estruturados do mundo. Mas isso é assunto para outra reportagem…
NOTA DO EDITOR: A primeira competição de stand up paddle do Brasil oficialmente reconhecida foi realizada na mesma cidade, Santos, alguns meses antes: o 1º Festival de Ramada da Baixada Santista, um evento de Race que reuniu as modalidades Va’a, Paddleboard e SUP Race.
Também em 2008 foram realizados encontros de SUP em Itacimirm (BA) e na cidade do Rio de Janeiro.