Remada ‘non stop’ de Registro a Iguape
Desde sempre o homem busca se superar em desafios extremos em relação ao ambiente em que vive. A lista é ... leia mais
COMO TUDO COMEÇOU? – A ideia dessa travessia surgiu durante uma conversa entre dois amigos remadores, eu, Caio Coutinho e Marcelo Bullo, como uma forma de reunir pessoas com objetivos em comum em uma remada de confraternização de final de ano. Ela foi realizada durante três anos seguidos, 2017, 2018 e 2019, até que foi interrompida por conta da pandemia e ficou meio esquecida.
No final de 2022, eu entrei em contato com a Aline Sati com a ideia de retomar essa travessia, tentando agregar mais valor e propósito, propondo para ela uma parceria na forma de uma ação para arrecadar fundos para o Instituto Pequeno Luca – IPL, uma organização social criada por ela. Por diversos motivos o evento não foi realizado em 2022 e nem em 2023.
Este ano, durante o evento do Desafio de 19km da Marina Andrade, em Cubatão, alguns amigos, principalmente o Gaúcho, me perguntaram se eu não tinha vontade de retomar o projeto, visto que tinha algumas pessoas interessadas em realizar essa travessia. Depois desse empurrão inicial retomei as conversas com a Aline e ela de prontidão aceitou entrar nessa aventura conosco.
Entrei em contato com alguns amigos que tinham participado nos anos anteriores e a partir daí montamos um grupo de discussão para organizar e debater as questões importantes ligadas a travessia. Logo fomos agregando muitos interessados e com o tempo, e muita conversa, o grupo acabou fechando com 25 remadores e a divulgação do retorno da Travessia Santos-Bertioga, como forma de ação social para o Instituto Pequeno Luca, ganhou mais corpo nas redes sociais.
O Instituto Pequeno Luca nasceu após muitas batalhas enfrentadas pela advogada, Aline Satil, mãe do Luca. Em meados de 2013, a família da Aline teve que lidar com todos os desafios que um diagnóstico de uma síndrome degenerativa e rara trás.
Após a tempestade de sentimentos, Aline foi dando lugar à resiliência e gratidão pela vida do Luca. E foi justamente essa gratidão que levou a idealização do IPL, hoje com 10 anos de muito trabalho voluntário, solidariedade e união.
O Instituto Pequeno Luca, por meio de seus voluntários e amigos parceiros realiza campanhas de doações de suplementos alimentares e de higiene para colaborar com famílias de crianças com deficiência e adultos e/ou idosos acamados. O IPL ajuda cerca de 72 crianças somente na baixada santista e outras 190 espalhadas pelo Brasil. E esse número só está crescendo.
O Instituto Pequeno Luca precisa muito de doações para poder manter essa rede de apoio. Quer ajudar o IPL? Siga o @institutopequenoluca e acompanhe todas as atividades dessa instituição séria e que luta pela causa dos deficientes. Você pode doar também pelas redes bancárias via PIX do IPL no endereço: institutopequenoluca@gmail.com.
O grupo se reuniu conforme combinado entre 8h00 e 8h30 do dia 02/11. Foram chegando aos poucos com suas pranchas coloridas, se abraçando e celebrando dia maravilhoso que se abria nessa manhã de sábado.
Amigos que vieram de longe, amigos que moram ao lado, todos se reunindo em prol da confraternização e do desafio proposto. Todos organizando os seus equipamentos e eis que surge a Aline, algumas voluntárias do IPL e o Luca. Sensacional ter ele por perto para prestigiar a nossa remada, pois sabemos das limitações e da dificuldade que ele tem de poder participar de um evento assim.
Após muita conversa boa, fotos e filmagens, alinhamos nossas pranchas na faixa de areia, bem próximo da água e o Rodrigo de Deus teceu algumas palavras emocionantes sobre o evento e a ação social que estávamos realizando. Fizemos um minuto de silencio em homenagem ao Dia de Finados em lembrança aos nossos entes queridos e depois uma grande roda de energia ao redor do Luca e da Aline, começamos a nos preparar para a saída.
Pontualmente às 09h00, conforme acertado, nos dirigimos para os ajustes finais e o drone registrou toda a nossa movimentação, com cenas incríveis que marcaram profundamente o evento. Todos entramos na água e iniciamos nossa remada rumo à Bertioga.
Assim como todas as edições anteriores, cada remador seria responsável por sua autossuficiência em relação a hidratação, alimentação/suplementação e segurança em relação a travessia, além da logística de retorno ao final do desafio. Particularidades como tipo de alimentação, quantidades de água e estratégias de deslocamento, navegação e segurança foram tratadas em longas conversas com os remadores.
O trajeto é clássico, saindo da praia em frente ao canal 6 em Santos, seguindo pelo mar e adentrando pelo canal do maior porto da América Latina, passando pela balsa Santos-Guarujá. Nesse trajeto convivemos durante 11 km com navios de carga gigantescos, barcos de diversos tamanhos e muita ondulação, com maré a favor, até a primeira parada programada, na Base Aérea de Santos.
Após reagrupar todo pessoal, partimos para o segundo trecho, também de 11 km. Abandonando todos os obstáculos do porto, o trajeto agora se dava em uma região de manguezais dentro do chamado Canal de Bertioga, que segue serpenteando tendo como vista os paredões da Serra do Mar (à nossa esquerda). Convivemos agora com maior fluxo de lanchas e aumento considerável do vento, até a próxima parada, em uma prainha na parte mais larga do canal, região chamada de Largo do Candinho. Tivemos sorte que o sol ficou bem encoberto nesse trecho.
Após um descanso um pouco mais longo que o habitual o grupo partiu para a última perna do desafio. A maré tinha invertido e agora estava a nosso favor novamente. Nesse trecho, passamos pelas diversas marinas do Canal de Bertioga, onde era presença garantida o tráfego de lanchas, iates e muitos jet-skis. Na parte final ainda sentimos a influência do maior rio da região, o rio Itapanhaú, que deságua no canal de Bertioga, antes do encontro com a balsa. Ventos contrários nessa parte da travessia já era esperado, mas não foi suficiente para atrapalhar nosso deslocamento, visto a força incrível da maré deste dia.
Esse ano tivemos bastante sorte, pois as previsões meteorológicas se confirmaram e pegamos um tempo bastante nublado durante a maior parte do percurso. Os ventos fortes de leste se confirmaram parcialmente e a estratégia de navegação para adentrar e sair do canal durante a subida e descida das marés foi perfeita, permitindo que a gente passasse pelos piores trechos com a ajuda considerável.
A chegada, após cerca de 7h de remada (tempo total, incluindo as paradas de descanso e agrupamento do pessoal) foi no Forte de São João em Bertioga. Todos, um por um com suas pranchas de SUP Race, Paddleboard e Canoas OC-1, foram chegando e se aglomerando, alinhando suas pranchas nas areias da praia, em frente ao mar.
A satisfação do grupo era imensa, os desafios foram superados com êxito total. O semblante era de missão cumprida e de fortalecimento interior. Individualmente e em grupo fomos todos vencedores. Colocamos as nossas pranchas e canoas em frente ao Forte de São João para a foto clássica da travessia. Pranchas empinadas em direção ao céu, sentimento total de orgulho. Amigos se encontrando mais uma vez para uma confraternização. Amigos do MAR e, agora também, Amigos do LUCA.
Principalmente para a Aline Satil, que acreditou na realização do evento e fez de tudo para nos ajudar na organização. Ao Luca, nossa fonte maior de inspiração, um guerreiro incansável. Ao Instituto Pequeno Luca @institutopequenoluca, seus idealizadores e voluntários, por fazer algo incrível e motivador.
Aos 25 remadores que se desafiaram durante as 7h de remada – orgulho de vocês todos. Foram 20 com pranchas de Stand Up Paddle (SUP Race): Leandro Teodoro, Joca, Marcello Neto (Gaúcho), Ana Luiza, Patrícia Alves, Freddy Jacob, Irineu Zanini, Renato dos Santos Júnior, Rodrigo de Deus, Weslley Teixeira, Willian Godan, Roberto Melchior, Douglas Duarte, André Zanin, Neno Atibaia, Raul Gerosa, Willian Mamedio, Ulisses Bicudo, Cristiano Pinto e André Paiva (Dé). 3 remadores com canoas OC-1: Fabio Vicente (Esquerdinha), Leandro Laurindo e Renato Contini e 2 remadores com prone paddleboard: Caio Coutinho e Noa Danucalov.
Aos colaboradores e divulgadores desse evento, em especial ao operador de drone @aquituvedecima e ao Luciano Meneghello, editor-chefe do Aloha Spirit Midia @alohaspiritmidia. Aos doadores que por meio dessa ação de solidariedade conseguiram arrecadar cerca de 5000 reais para o Instituto Pequeno Luca, além de suplementos especiais, nossos mais sinceros agradecimentos.
A nossa família, pelo apoio em todos os momentos, nossa fonte de resistência. Agradecer também pela proteção recebida nestes 35 km. Não foi uma competição, nem um passeio, mas foi um grande desafio pessoal. Foi um dia para celebrar a amizade, a saúde e o esporte. Uma confraternização entre amigos para celebrar a solidariedade. Gratidão.