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Se havia alguma dúvida sobre o protagonismo da capital do Espírito Santo no panorama atual da canoagem polinésia e dos esportes a remo de uma maneira geral, ela foi completamente dissipada com a realização da Volta Ilha de Vitória, terceira etapa da Tríplice Coroa, realizada no último sábado, 10 de julho.
Organizado pelo remador Carlo de Castiglioni, o evento, que faz parte do calendário oficial da Prefeitura de Vitória desde 2017, reuniu o impressionante número 550 competidores, em 142 embarcações – sendo 72 canoas polinésias, das quais, 60 eram OC-6 (novo recorde capixaba e uma das maiores largadas da história do va’a nacional).
Dessa forma, tendo em vista o grande número de participantes, as modalidades largaram em intervalos de cinco minutos. Primeiro, às 10h10, largaram OC1, V1, Surfski e Coastal; em seguida, às 10h15 foi a vez de OC2 e Surfski Duplo, seguidos pelas canoas V3 e OC4, depois, a histórica largada de OC6, V6 e Skiff Feminino, com Remo Olímpico Skiff Masculino e Double Skiff Feminino, na sequência e, às 10h35, Remo Olímpico Skiff Masculino e Double Skiff Feminino, fazendo a última largada.
A largada foi perfeita para os remadores, com vento e correnteza a favor, as embarcações dispararam em alta velocidade. Talvez por isso, os primeiros colocados de quase todas as categorias conseguiram abrir boa vantagem de seus rivais.
Contudo, esse panorama logo iria mudar: na face oceânica da ilha de Vitória, os competidores enfrentaram um “mar grosso”, com muita ondulação e vento contra.
Fernando Bonfá, que fez a locução da prova e a transmissão ao vivo pelo Instagram @voltaailhadevitoria embarcado em um dos barcos de apoio, fala sobre as condições:
“Quando a gente saiu da pare de mangue e entramos no mar aberto, estava balançando muito. Tivemos que passar por dentro da curva da jurema, por questões de segurança. Foi tenso”, revela Bonfá.
E o Skiff novamente foi a primeira embarcação a cruzar a linha de chegada, com os remadores do Flamengo, Vangelys Reinke e Emanuel Borges, concluindo os 30 km de prova com o tempo de 2 horas e 10 minutos.
Na OC-6, categoria com o maior número de participantes, vitória da bicampeã brasileira He’e Nalu. A equipe vem embalada pela vitória na Iron Va’a e mostra que segue em grande fase.
Os tempos oficiais ainda não foram divulgados, contudo, de acordo com marcações extraoficiais, a equipe provavelmente bateu o recorde da categoria na prova, 2 horas e 29 minutos, chegando em 2 horas e 24 minutos.
“Prova muito bem organizada, com uma largada linda e condições difíceis, muito vento contra. Achei também que o nível das equipes está maior a cada prova. Todos andando muito bem. A equipe Trindade, clube do Robert [Almeida] andou colado com a gente por metade da prova, só conseguimos abrir um pouco deles na parte de mar”, conta Carlos Ribeiro “Chinês”, da He’e Nalu, ao se referir sobre a prova e a equipe vice-campeã, Trindade Va’a Club, de Vitória, grande revelação do evento.
Entre as mulheres, Vênus Va’a marcou sua volta às competições em grande estilo, fazendo uma bela vitória.
“Foi uma prova sensacional dentro e fora da água”, conta a capixaba Thassia Marques, integrante da Vênus.
“Ficamos muito felizes por fazer parte disso. Da água, confesso que foi um pouco preocupante, mas saímos ilesas [risos]. Fora da água, foi surreal ver, ouvir e sentir a torcida. Ouvimos gritos de incentivo durante toda a prova, em cada cantinho tinha alguém torcendo mesmo que não conhecesse a equipe. Isso com certeza empurrou a Equipe Vênus. Realmente foi histórico”, revela Thassia.
A remadora fala sobre a importância desse resultado para o retorno da Vênus às competições:
“Para a equipe foi um retorno em grande estilo. A última vez que nos encontramos e remamos juntas foi em janeiro de 2020. Ficamos todo esse tempo sem competir e a pressão psicológica foi grande. Tínhamos uma preocupação enorme em manter o condicionamento físico e a performance.
Ontem foi o dia de ver o tamanho do estrago, e não teve estrago nenhum! Só admiro ainda mais essas meninas por isso. E queria aproveitar para agradecer ao Bonfá pela homenagem que fez para a Monica. Ela realmente é uma inspiração para toda a equipe como remadora, mãe e profissional”, conclui Thassia, emocionada, ao falar sobre sua companheira de equipe, Monica Pasco, que é médica e esteve na linha de frente do combate à pandemia de Covid-19 nos últimos anos.
Entre os destaques da OC-6, também vale a pena mencionar a Soul Va’a, campeã Máster, que segue invicta na Tríplice Coroa.
Outro ponto alto da prova foi a categoria V1, cujo campeão, Reginaldo Birkbeck, andou junto com os remadores de Skiff do Flamengo por boa parte do trajeto:
“Achei a organização da prova muito boa e o percurso foi irado. Fiquei um pouco preocupado pois nunca havia feito a Volta a Ilha de Vitória, e me disseram que era só seguir os Skiffs (que largaram por último por serem muito rápidos) quando eles me ultrapassassem, só que eu fiquei um tempão remando sozinho e comecei a pensar que havia feito o trajeto errado! Quando estava próximo de entrar na parte de mar aberto os competidores do Flamento (Skiff) me alcançaram, e consegui andar uma parte da prova junto. Foi muito bom ter participado dessa prova e ano que vem se Deus quiser estou aqui de volta”, revela o campeão da V1, que teve como vice-campeão, Igor Lourenço de Oliveira, companheiro de Reginaldo na Rio Va’a.
Feliz com a realização de mais uma Volta a Ilha de Vitória, Carlo de Castiglioni, comenta a importância do evento para a cidade:
“Esta é a quinta Volta à Ilha de Vitória. É a maior largada de canoa havaiana da história do Brasil, com 142 embarcações. O evento tem o objetivo de propagar saúde e consciência ambiental. E Vitória tem as condições favoráveis para a prática de esportes náuticos. Somos uma ilha e temos que usar mais o mar, e esse esporte está aqui para fomentar isso“.
Os resultados oficiais AQUI.
PRÓXIMA PARADA: A quarta etapa da Tríplice Coroa, Niterói Va’a, será realizada no dia 21 de agosto em Niterói (RJ).