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No início de 2021, os remadores de Londrina (PR), Matheus Ramos Navarro e Arthur Aguiar Bernardes, remaram a bordo de um caiaque oceânico duplo de Matinhos (PR) à Ilhabela (SP).
A aventura de 50km teve início em 25 de janeiro e terminou no dia 13 de fevereiro. A iniciativa da expedição partiu de Arthur:
“No início de 2020, estava em Itapoá, Santa Catarina, na casa de um tio que tem um caiaque de pesca. Tive a ideia de remar até São Francisco do Sul” conta o canoísta, que depois de uma travessia de pouco mais de 16 km, sentiu vontade de desafiar-se e chamar o amigo Matheus para essa aventura.
Os preparativos para o desafio duraram um mês, envolvendo um estudo logístico da travessia até os treinos, passando por aprendizados de primeiros socorros e técnicas de segurança.
“Muita gente, até mesmo da canoagem, disse que era loucura e muito arriscado, mas acho que isso prova que precisamos nos preparar, sair da nossa zona de conforto e buscar esses objetivos” conta Arthur.
Os desafios começaram antes mesmo de chegarem ao mar. Chegaram à Matinhos em 18 de janeiro e uma frente fria atrasou o início da viagem até o dia 25 de janeiro.
Tratava-se de um ciclone extratropical com característica explosiva, que se formou próximo à fronteira do Brasil com o Uruguai, no sudeste do Rio Grande do Sul. O fenômeno, conhecido como “ciclone bomba”, é raro no verão.
A Marinha emitiu alerta para a força do vento, que chegou à 80 km por hora no Rio Grande do Sul, e para ressaca do mar no litoral de todo o Sul do País. Durante este período de espera, a dupla colhia informação com pessoas que já conheciam as marés da região.
“Todo dia estávamos em frente ao mar, conversando com pescadores, surfistas e bombeiros. O maior desafio é conseguir uma janela meteorológica que permita remar de forma segura. Acho que essa é a parte difícil de entender, que a natureza é um sistema completamente interligado” explica Arthur.
Ao todo, foram três semanas passando por ilhas, mangues e praias desertas. “A aventura tem esse ar de suspense, de acontecer coisas que estavam fora do script. No primeiro dia, viramos o barco em uma barra, mas conseguimos conduzir até a areia, esvaziamos ele e seguimos viagem. Quebramos um remo e ficamos um dia parados para ir à outra cidade comprar um novo” lembra Arthur.
Outra dificuldade encontrada pelos atletas de Caiaque Polo foram as ondas, no momento de entrar e sair do mar.
“É muito diferente de remar em águas abrigadas de lago. Há uma outra dinâmica, pois há movimento e alterações a partir do clima e do vento. É preciso estar sintonizado com o ambiente“, diz Matheus. “Quando estamos em dupla no barco, fica ainda mais difícil fazer o movimento correto e síncrono” complementa Arthur.
Arthur ressalta que a oportunidade lhe mostrou o litoral em uma nova perspectiva:
“Passamos em uma velocidade que nos possibilita apreciar tudo, de uma forma que não estamos produzindo nenhum impacto ecológico. O caiaque não imite gás, fumaça ou som. Tem cantos que só um barco pode te levar”.
Matheus avalia a aventura: “Foi muito legal ver que testamos nossos limites, que tivemos a capacidade e habilidade para administrar essa viagem e fazê-la acontecer“.
“Fomos recepcionados por muita gente. Pessoas que não conhecíamos e que nos davam os parabéns. Ao mesmo tempo, dava uma sensação de ‘quero mais’, que aquela não era a primeira e última, mas sim a primeira de muitas“, pontua Arthur.
Agora, a dupla vislumbra novas aventuras, entre elas, a travessia Rio-Santos, no litoral fluminense. Outro trajeto seria, pedalar de Londrina até Florianópolis, Santa Catarina, e de lá, remar até a Ilha do Mel, no litoral do Paraná.
No entanto, o desafio mais ambicioso é o “Londrina ao mar”: “Sairíamos pelo Rio Tibagi, no Norte do Paraná, até o Rio Paranapanema, e de lá, à foz do Rio Paraná, conhecido como Rio da Prata, entre Argentina e Uruguai” explica Arthur.
Ao todo, os canoístas remariam por quatro países: Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, totalizando 2400 km de navegação.
“Para isso precisamos de patrocínio e de uma estrutura muito maior” pondera Matheus, que calcula que o desafio levaria entre dois e três meses para ser concluído.
Fonte: CBCa