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Não foram poucos os feitos do aventureiro polonês Aleksander Doba. Contudo, para nossa tribo, certamente a marca de três travessias do Atlântico a bordo de um caiaque transoceânico será a mais marcante.
A última foi em 2017, aos 70 anos de idade, ocasião em que ele também se tornou pessoa mais velha do mundo a cruzar o oceano Atlântico.
Na última semana, Aleksander Doba nos deixou. Aos 74 anos, ele morreu no cume do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, após um mal súbito.
Difícil imaginar uma morte mais digna para um aventureiro desse quilate do que essa.
Nascido em 1946, em Swarzęd, perto da cidade de Poznań, Aleksander iniciou a canoagem, a disciplina que o tornaria internacionalmente famoso aos 34 anos.
E foi só aos 65 anos, em 2010, que ele embarcou na primeira de uma série de três travessias pelo Oceano Atlântico, ganhando o apelido de “aventureiro aposentado”.
A primeira viagem do polonês foi de Dakar, no Senegal, a Acaraú, no Brasil. Na época, ele estabeleceu o recorde da mais longa viagem transatlântica de canoa sem apoio.
Muitas dessas viagens são acompanhadas por velas, mas não no caso de Aleksander. Ele é uma das duas pessoas que completaram a jornada contando apenas com a força muscular do remo. A travessia levou 99 dias e ele perdeu 14 quilos nas 14 semanas de viagem.
Para fazer o que fez, Aleksander teve que construir um caiaque especial que é significativamente diferente dos comuns que podem ser usados de forma recreativa em lagos e rios.
O barco, batizado de Olo, tem sete metros de comprimento e pesa quase 500 quilos. O remo em si tem 2,75 metros de comprimento.
Não satisfeito em cruzar uma vez, o aventureiro partiu para outras duas travessias no Atlântico. A segunda viagem, feita em 2014, foi de Portugal à Flórida, e levou 196 dias para ser concluída, devido a problemas perto do famoso Triângulo das Bermudas e o leme do caiaque quebrou em uma tempestade.
Já em 2017, ele embarcou em mais uma viagem transatlântica, com a intenção de navegar de caiaque de Nova Jersey à França. Esta última viagem levou 110 dias. Esta última viagem foi a mais perigosa, e ele suportou várias tempestades, ventos de 55 nós, ondas gigantescas e equipamentos quebrados.
Aos 70 anos de idade ele se tornou a primeira pessoa a cruzar o oceano três vezes.
Aleksander Doba foi premiado com o Prêmio de Aventureiro do Ano em 2015 pela National Geographic Society.
Este ano, ele decidiu escalar o Monte Kilimanjaro, a montanha independente mais alta do mundo.
“[Aleksander Doba] morreu a morte de um viajante que alcançou o pico mais alto da África – o Kilimanjaro, realizando seus sonhos”, escreveu a família de Aleksander em um post no Facebook.
De acordo com outros viajantes, Doba alcançou o cume da montanha em 22 de fevereiro e parou para tirar uma foto. Ele então ficou inconsciente e não pôde ser ressuscitado.
Doba deixa para trás sua esposa e família, e um legado de aventura e conquistas que o tornaram um herói da Polônia.