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Depois de se tornar a primeira e única pessoa a remar solo por toda a circunferência da costa sul-africana, em 2012, o remador Richard Kohler tem treinado para sua próxima expedição, batizada de “Ocean X”.
O remador de 52 anos está fazendo os preparativos finais para atravessar o oceano atlântico remando, a bordo de um caiaque transoceânico da Cidade do Cabo, a África do Sul, até a capital da Bahia, Salvador.
O caiaque, batizado de “Osiyeza”, será a casa de Kohler durante a travessia que ele pretende concluir de 60 a 80 dias. O nome deriva de uma canção de 1993 do sul-africano Johnny Clegg, chamada “The Crossing” (a travessia), que significa literalmente “estamos chegando”. A música é sobre um sonho que está ao seu alcance, a possibilidade de cruzar as trevas e o sofrimento para a prosperidade e é um lembrete a Richard que seu sonho está ao seu alcance.
Kohler partirá de Granger Bay, na Cidade do Cabo, e procurará a janela do tempo entre 1 e 10 de dezembro para sua partida. Ele será a primeira pessoa a tentar remar em um caiaque transoceânico através do Atlântico Sul, em uma distância estimada em 7000 km.
A travessia tem também uma missão nobre: Richard pretende arrecadar fundos para uma instituição de caridade chamada “Operação Sorriso”, que realiza cirurgias plásticas em crianças nascidas com fissura labiopalatina.
Para cada 6.000 Rands (moeda sul-africana) arrecadados, outra criança poderá receber a operação. Richard pretende arrecadar mais de 100 mil Rands para essas crianças.
O mar sempre esteve presente na vida de Richard Kohler. Aos seis anos, ele começou sua jornada de aprendizado como velejador até se tornar um atleta de nível internacional, representando seu país em diversas regatas.
Em 2012, Kohler se tornou a primeira pessoa a remar solo, de caiaque, por toda a extensão do litoral sul-africano.
Em sua última travessia antes de iniciar os preparativos para a Ocean X, Kohler foi atacado por um tubarão. O remador, felizmente, nada sofreu, porém, seu caiaque sofreu severas avarias, se quebrando ao meio. Com muita dificuldade ele conseguiu chegar a terra firme, mas teve todo seu equipamento roubado na praia, quando saiu para buscar ajuda.
No entanto, essa experiência em nada abalou seu ímpeto de aventureiro e poucas semanas após o incidente, ele já dava início aos preparativos para a travessia do Atlântico.
O aspecto marcante dessa jornada ao desconhecido é a embarcação que levará Kohler até o Brasil. Um caiaque transoceânico de 8 metros permite através do qual ele pretende remar 15 horas por dia fazendo em média 100 km
Cada centímetro de espaço do caiaque foi pensado em função da performance e conforto ideais.
“O objetivo do projeto era mantê-lo o mais próximo de um Surfski tradicional, mas deveria incluir uma área de dormir que pudesse me proteger dos elementos externos nos momentos de descanso”, diz Kohler.
A nave é construída em fibra de carbono, tornando-a mais leve e fácil de manobrar. O aventureiro também usará um remo feito sob medida com um cabo mais longo e pá CS1 com 260-270 cm de comprimento para compensar a largura do caiaque.
“O caiaque tem 8m de comprimento e menos de 1m na largura máxima. Considerando que uma largura média de ombro é de cerca de 50 cm, não deixa muito espaço interno para mim e meu equipamento.” A falta de espaço é um dos maiores desafios de Kohler. Evitar cãibras nas pernas e feridas provocadas pela salinidade são requisitos diários para garantir que ele complete sua missão.
Do lado de fora, há uma grande variedade de painéis solares com duas placas laterais dianteiroas para apresentar uma melhor absorção solar do sol para a água potável. Ter energia elétrica suficiente para produzir água é uma das maiores prioridades. Em uma travessia gigantesca como essa, água potável é igual a vida.
Kohler precisará se manter hidratado e irá ingerir pelo menos 6 litros de água por dia. Ele consumirá principalmente alimentos liofilizados com o mínimo de carboidratos. Ele obterá toda a sua energia de gorduras saudáveis como azeite de oliva, manteiga de amendoim e nozes cruas e manterá seu corpo em um estado de cetose (queima de gordura).
O sul-africano fará a travessia solo, ou seja, sem a presença de um barco de apoio. Remando, em média, 15 horas por dia, ele terá que programar seus horários para comer, beber e descansar para garantir que seu corpo receba nutrição e descanso suficientes para se recuperar do esforço físico.
Kohler partirá da Cidade do Cabo e seguirá na direção noroeste, se beneficiando do vento sudeste, predominante na costa da região. Ele então seguirá na direção oeste assim que estiver alinhado com Walvis Bay, na Namíbia (fazendo uma rota similar a que Amyr Klink fez 30 anos atrás) . O vento estará atrás dele enquanto ele cruza o Atlântico e se dirige ao norte do Rio, rumo a Salvador, onde completará sua jornada.
Richard fechou uma parceria com a SMD Africa Marine para a comunicação da água. O caiaque de Richard terá o sistema Thales Vessel LINK usando a rede de satélites Iridium Certus que podem enviar e receber dados de qualquer parte do planeta.
Isso significa que Richard poderá enviar imagens, vídeos curtos, verificar as previsões do tempo e e-mails diariamente. Ele também terá um telefone via satélite para chamadas de voz e mensagens de texto em caso de emergência.
Através dessa parceria com a SMD, Richard Kohler pretende alimentar regularmente suas redes sociais com fotos e vídeos de sua travessia ao longo de toda a expedição.
Além disso, a SMD também disponibilizou vários dispositivos essenciais de segurança, incluindo um Radio Beacon Indicador de Posição de Emergência (EPIRB), Personal Locating Beacon (PLB), que é um pequeno dispositivo que está permanentemente conectado a seu colete salva-vidas e um dispositivo AIS Man Overboard (MOB) que, quando ativado, transmite uma mensagem contendo sua posição e ID via AIS (Sistema de Identificação Automática) que pode ser detectada por todas as embarcações equipadas com AIS dentro do alcance do dispositivo.
Para acompanhar toda a expedição, programada para começar em dezembro, siga @richardkohleradventures.