Festival Aloha Spirit de Cinema promove inclusão em Ilhabela
O esporte pode incentivar a cultura, e vice-versa. O cinema também será destaque no Aloha Spirit ... leia mais
Durante a transmissão dos Jogos Olímpicos de 2016, o locutor Galvão Bueno, emocionado após a conquista da terceira medalha de Isaquias Queiroz, disse: “A canoagem é o esporte mais brasileiro que existe!”.
Sou obrigado a concordar com ele. Claro que não em termos de popularidade (infelizmente), mas quando olhamos para toda a oferta de rios e lagos navegáveis, além da gigantesca costa de nosso país, essa afirmação faz todo sentido. Dos indígenas que se locomoviam por meio de canoas, aos portugueses, mestres da navegação, que atravessaram o Atlântico para chegar até aqui, muitas águas se passaram para formar o povo que somos hoje, em várias partes do nosso país, cada qual com a sua peculiaridade, mas quase todas tendo a canoa entre seus elementos tradicionais.
No litoral Sul e Sudeste brasileiro, uma das culturas que melhor representa essa gênese entre europeus e indígenas é a caiçara, como são conhecidos os habitantes tradicionais de uma região litorânea que vai majoritariamente do Rio de Janeiro ao Paraná, e que tem na canoa o seu maior símbolo.
A cultura caiçara sofre com a especulação imobiliária, mas resiste e vem ganhando mais força nos últimos anos, sendo, inclusive, incorporada a eventos do segmento “paddle”, como no caso do Kopa, por exemplo.
Por isso, é importante divulgar um dos eventos mais bacanas sobre a temática caiçara realizados em 2018. Trata-se do VIII Festejo Caiçara de Trindade, festival promovido pela AMOT – Associação de Moradores de Trindade, que foi realizado no final de outubro para celebrar a história de luta dessa comunidade com uma extensa programação de atividades culturais.
Top do circuito brasileiro de SUP Race e local de Trindade, Lucas Belchior, que esteve envolvido na organização do Festejo Caiçara, comentou a importância do evento:
“O evento acontece todos os anos, mas ganhou mais força nos últimos por causa da necessidade de afirmação da cultura caiçara em sua terra, contra a especulação imobiliária e outros perigos”, revela.
De fato, nos últimos 30 anos a cultura caiçara tem sofrido muitos ataques por conta da especulação imobiliária no litoral sudeste brasileiro. É, portanto, fundamental manter viva essa cultura que diz tanto sobre nós mesmos.
Preservar a cultura caiçara é preservar a nossa história.