Casper Steinfath | Um viking nas ondas de Chicama
No terceiro episódio de sua websérie “Viking on Tour”, dinamarquês Casper Steinfath viaja até o Peru para ... leia mais
Não houvesse a pandemia de Covid-19, neste mesmo mês de fevereiro, os melhores SUP surfistas do mundo estariam vestindo a lycra de competição em Sunset Beach, no Havaí.
O cancelamento das etapas do Mundial de SUP e as restrições de voos internacionais acabaram por restringir viagens e encontros entre amigos.
Veterano do Tour, o carioca Bezinho Otero havia programado suas férias para fevereiro quando a APP anunciou a etapa havaiana do World Tour, porém, como os demais competidores do mundial, precisou mudar de planos assim que soube do cancelamento e o pior, das dificuldades para entrar no Havaí por conta da pandemia.
O que fazer então?
Olhando os mapas de previsão e os dias de folga pela frente, Bezinho se deu conta de que tinha uma bela oportunidade pela frente: fazer uma rápida “SUP trip” ao litoral de são Paulo, aproveitando para conhecer as ondas do Guarujá, um dos berços do surf brasileiro.
Além disso, seria a oportunidade de rever vários amigos paulistas, competidores da APP, que estariam reunidos no Havaí caso Sunset não houvesse sido cancelada.
O plano seria começar pelo Guarujá e subir pela Rio-Santos até Ubatuba, surfando e revendo amigos locais desses picos.
Luiz Diniz no Guarujá, Wellington Reis em Camburi, Marcio Grillo em Maresias e Gabi Sztamfater em Ubatuba. E, claro, quem mais chegasse junto para celebrar a amizade e as ondas.
Ciente de que as sessions de surfe com remos seria ao lado de diversas feras do SUP mundial, Bezinho convidou o fotógrafo profissional e parceiro de longa data Beto Noval.
O north shore havaiano daria lugar ao north shore paulista. As ondas na “Rio-Sanset”, como seria apelidada a barca, em um trocadilho com as palavras “Sunset beach” e o nome da estrada “Rio-Santos”, certamente não seriam as mesmas, mas a vibe, sim!
Concluída a fase de planejamento, foi a hora de cair na estrada.
Na segunda-feira, Bezinho e Beto pagaram a Dutra diretamente para o Guarujá. Um dos berços do surfe brasileiro e famosa pela qualidade e variedade de suas ondas.
Lá encontraram com o bicampeão mundial de SUP Luiz Diniz, que os aguardava na Praia das Astúrias onde dá aulas de surfe.
No canto esquerdo da praia há um grande mural, de fronte a avenida e ao mar, onde estão pintados os rostos de grandes nomes do universo do surfe oriundos do Guarjá, como Adriano de Souza, Jesé Mendes e o “nosso” campeão mundial Luiz Diniz.
“Uma bela homenagem para o Bolinha e também para o stand up paddle brasileiro”, avalia Bezinho.
A primeira queda foi ali mesmo nas Astúrias, e Diniz brincou dizendo que os atletas pintados no mural seriam os juízes da session.
Bezinho e Beto entraram na onda e, após a sessão em um mar pequeno, porém bem divertido, fizeram questão de tirar uma foto com Dinz, “o prefeito do Guarujá”, ao lado da pintura do mural.
No dia seguinte, acordaram bem cedo, às 5h da matina, para surfar ás ondas na praia do Tombo.
O swell não havia entrado com tanta força e as ondas ainda estavam pequenas, com cerca de um metrinho, mas com uma formação muito boa, o que garantiu uma sessão de qualidade.
Após duas horas de muito surfe, uma pausa para o café da manhã e então pegaram a estrada novamente rumo à Camburi, onde encontrariam com Wellington Reis.
Luiz Diniz aproveitou a oportunidade para acompanha-los na viagem e assim, ainda na manhã de terça, eles chegaram à segunda parada da viagem.
Atual vice-campeão mundial, Wellington Reis, conhecido nas internas do Tour como “Gato Elétrico”, por conta da energia e vitalidade de seu surfe, já os aguardava para uma sessão em Camburi.
A primeira session foi no canto esquerdo de Camburi. As ondas estavam um pouco maiores, com cerca de um metrão na série, e excelente formação.
“São ondas muito manobráveis e mais ‘amigáveis’ do que no Rio. Um mar desse mesmo tamanho lá no Rio já é mais chatinho de tomar na cabeça”, conta Bezinho.
A segunda queda do dia foi acompanhada de Gabi Sztamfater, que sabendo que o swell tinha encaixado muito bem em Camburi, não perdeu a oportunidade de se juntar à trupe.
No dia seguinte as ondas continuaram excelentes, e por uma sugestão de Wellington, a queda foi no meio da praia.
Porém, mesmo nas primeiras horas da manhã, o crowd no meio da praia era intenso e, após a primeira saída para o café da manhã, a opção foi por voltar para o canto esquerdo.
Expoente da nova geração do longboard brasileiro, o vicentino Theo Cabeleira, que frequenta essa praia desde criança, juntou-se aos SUP surfistas.
De noitinha, ponto de encontro eram os bistrôs da rua principal de Camburi, onde Bezinho aproveitou para reencontrar outros amigos:
“Camburi é bem legal. A rua principal é um ponto de encontro muito maneiro, com ótimos restaurantes e cafés. Aproveitei para encontrar com amigos que não via a um bom tempo, como o Wenderson Biludo, e saboreamos um sushi maravilhoso preparado por um amigo do Wellington”, conta Bezinho.
Na quinta-feira partimos bem cedo para Maresias, para surfar com o Marcio Grillo. Fizemos mais uma sessão muito boa em frente à entrada nove.
Em seguida, Carlos Bahia se juntou à barca e ficamos surfando boas ondas até quase o meio-dia.
Depois, ouvido da Gabi, que é local de Ubatuba, que as ondas por lá não estavam boas e sabendo que o swell já estava perdendo a força, Bezinho e Beto resolveram tocar direto para o Rio de Janeiro, concluindo em Maresias uma trip curta, porém intensa e recheada de bons momentos.
“Além das boas ondas, o mais legal dessa trip pelo litoral norte de SP foi reencontrar amigos que não via há muito tempo. Eu, o Bolinha, o Wellington e a Gabi, viajamos juntos para competir as etapas do mundial, então, foi muito bom rever essa galera e surfar junto com eles, fora as resenhas na areia e a troca de experiências sobre a evolução do esporte, é sempre muito bom”, finaliza Bezinho.