32 km de ‘puro glide’ no encerramento da Molokabra 2020
No encerramento da Molokabra 2020, os competidores remaram ao longo de exatos 32 km, mais uma vez, em ... leia mais
Terminou neste último fim de semana a 9º edição do campeonato mundial de SUP & Paddleboard, realizado na belíssima praia de Sunzal , em El Salvador. Esta foi minha quarta participação no evento da ISA, incluindo México/2015, Dinamarca/2017 e China/2018.
O Paddleboard tem três eventos no campeonato: a prova Long Distance (18K) a prova técnica (5K) e o revezamento (que inclui dois remadores de paddleboard e dois remadores de SUP). Confira as curiosidades da modalidade nas águas de El Salvador:
A prova de longa distância e a prova técnica são exatamente idênticas às do SUP. A diferença entre as modalidades é que o SUP tem uma prova a mais, chamada de Sprint com 200 metros de distância (não existe esta prova no paddleboard)
Existe diferença entre as provas do ISA. Nas provas de longa distância e prova técnica do SUP podem ter dois atletas por país. Na prova de Sprint e Junior-Pró SUP apenas um atleta. No caso do paddleboard, somente um atleta para cada prova.
Esta decisão foi tomada pela ISA, atendendo à campanha de igualdade de sexos. Antigamente eram dois atletas no masculino e uma atleta no feminino. A campanha de igualdade de sexo forçou a entidade a ter apenas um único atleta por país.
Importante ressaltar que muitas seleções, visando a pontuação geral do evento e analisando o time feminino, preferiam manter um atleta no paddleboard do que aumentar para duas vagas.
Ao todo eram três voltas de 6k, como contorno de 7 boias por volta. Devido a um erro cometido pelas líderes da prova, Judit Xifra (Espanha), Tiana Pugliese (E.U.A.) e Yurika Mitsui (Japão), que esqueceram de contornar a boia de número três e foram remando diretamente para boia número quatro, forçou com que as demais atletas as seguissem.
Ao final do evento mais de 50% das atletas foram desclassificadas. Na minha análise, a ISA não teve culpa, se o atleta não realiza o percurso completo, tem que ser desclassificado. Caso o evento fosse de natação, corrida ou triatlo, a decisão seria exatamente a mesma.
A Sinara Pazos, infelizmente, foi desclassificada por errar uma outra boia, a de número um da segunda volta. Melhor para a sul-africana Tyra Bumcobe, que levou a medalha de ouro.
Não há dúvidas de que a Austrália é o país mais forte do mundo no paddleboard. É só analisar a famosa travessia Molokai to Oahu, analisar as últimas oito edições do Mundial da ISA e analisar a quantidade de pranchas de paddleboard vendidas no país. Mas a França vem realizando um magnífico trabalho no paddleboard masculino.
Neste ano de 2019, Mederic Berthe, foi o grande vencedor do Catalina Classic na categoria stock. Para quem não sabe, é a prova mais tradicional do mundo com 64 anos de existência.
Já no mundial da ISA, o jovem Julen Marticorena, foi o vencedor da prova técnica. Podemos dizer, que o nível técnico da França no Paddeboard, está baixo apenas da Austrália e vem no mesmo patamar de Estados Unidos e Nova Zelândia.
Embora o norte-americano Hunter Pflueger tenha vencido com louvor a prova long distance, tornando-se bicampeão mundial pela ISA, quem atraiu a atenção do público foi o compatriota, Bart Shade.
Schade tem simplesmente 56 anos de idade. Demonstrando um show de remada e uma incrível habilidade nas ondas, conquistou a medalha de prata na prova técnica.
Com quatro participações em campeonatos mundiais, posso dizer que conheço os melhores remadores dos melhores países. O Brasil tem forte presença nos eventos da ISA, e embora nosso paddleboard seja modalidade pequena em nosso país, conseguimos passar a mensagem de que: “estamos crescendo”.
Na prova longa conquistei a 6º colocação (minha melhor participação em mundiais da ISA) e Rogério Melo, estreou em grande estilo, conquistando a 8º colocação na prova técnica.
Já a veterana Sinara Pazos, após ser desclassificada na prova de longa distância, deu a volta por cima e terminou a sexta posição na prova técnica.
Tive o prazer de conversar com o diretor técnico da ISA, Anthony Velas. Ele tem vasta bagagem no paddleboard e já concluiu inúmeras vezes as duas travessias mais famosas do mundo: Molokai to Oahu e o Catalina Classic.
Como diretor técnico, ele sentiu muito a falta dos integrantes da Austrália, mas sabe que o motivo da tímida participação do país, foi devido ao aviso tardio da própria ISA sobre o campeonato de El Salvador. O mesmo vale para a Nova Zelândia.
Anthony sabe que o SUP é uma modalidade que traz visibilidade superior ao paddleboard, mas tenta dividir igualmente a atenção do evento entre as os esportes de prancha.
O diretor aproveitou para explicar as dúvidas sobre o nome do evento. O nome completo da modalidade é prone paddleboard, nomenclatura que só passou a existir depois do nascimento do Stand up Paddeboard. No passado, exista somente a palavra paddleboard (não utilizava a palavra prone) e respeitando a tradição, Antony Vela reforça o nome do evento como ISA World SUP & Paddleboard World Championship.
Aloha
Patrick Winkler
Top Ten ISA Games (campeonato mundial de paddleboard), China 2018;
Top Ten ISA Games (campeonato mundial de paddleboard), Dinamarca 2017;
Molokai to Oahu, finisher 2017.