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A conexão entre o paddleboard e o surfe é profunda. Não apenas no sentido de preparação física, mas também no gesto motor, na leitura do mar e na paixão pela água.
Nos primórdios, os melhores remadores também eram os melhores surfistas, tendo grande destaque para as habilidades de Tom Blake.
Mesmo com o passar dos anos, a recíproca entre as modalidades sempre existiu. Um dos melhores surfistas da década de 70, Gerry Lopez, sempre “girou os braços” no paddleboard. Mais do que isso, é o idealizador do prone paddleboard desenvolvido pela Naish, que leva seu próprio nome, no modelo da prancha.
Outro grande destaque é o pioneiro do Tow-in, que para muitos é o maior big rider de todos os tempos: Laird Hamilton.
O norte americano já remou em diversas partes do mundo, incluindo o Canal da Mancha, sul da França, mar mediterrâneo e foi o primeiro homem a remar o trajeto Molokai to Oahu (não no formato de competição).
O documentário na Netflix, Take Every Wave, the life of Laird Hamilton, mostra algumas das inúmeras travessias realizadas em seu prone paddleboard.
No passado recente, dois ícones da elite do Surfe mundial, sempre realizaram suas remadas: Mick Fanning e Joel Parkinson.
Parko, foi campeão mundial do WCT (antiga nomenclatura do WSL, World Surf League) em 2012. Demonstrando seu preparo físico, no mesmo ano de 2012, ao lado do amigo Wes Berg, realizou a travessia Molokai to Oahu no formato de dupla com o stock prone paddleboard (prancha de 12 pés).
Vale sempre lembrar que estamos falando de um percurso de 32 milhas, ou aproximadamente 52 Km.
Confira abaixo, o vídeo da travessia de Parko na M2O:
Já Mick Fanning sempre se divertiu nas ondas, e constantemente troca seu prone paddleboard da Deep, por versões mais atualizadas da própria marca.
Chegando aos tempos atuais, o havaiano John John Florance, que divide com o brasileiro Gabriel Medina o posto de melhor surfista do mundo, é um genuíno praticante do paddleboard.
No ano de 2018, teve sua primeira lesão no joelho e se viu obrigado a abandonar o circuito. Florance já era bicampeão mundial e para não perder seu condicionamento, aumentou a quantidade de horas no prone.
Na mesma época, Florance participou da travessia Molokai to Oahu, no formato em dupla, a exemplo de Joel Parkinson.
Seu parceiro de travessia foi o Kona Johnson, e a repercussão foi enorme e quem ganhou com isso foi a modalidade de remada. A famosa travessia não poderia ter um atleta mais prestigiado do que o havaiano John John Florance. A dupla conquistou a honrada segunda posição no evento.
Esbanjando preparado físico, JJ voltou ao tour WSL 2019 de maneira fulminante, vencendo duas das quatro primeiras etapas do circuito mundial e deixando o resto dos competidores para trás.
Infelizmente (para quem torce pelo esporte), o havaiano novamente sofreu uma lesão no joelho e uma vez mais abandonou o tour.
Das águas para as telonas, em 2012 foi lançado o filme pela 20Th Century Fox, Chasing Mavericks. A história, baseada em fatos reais, fala sobre a curta e intensa vida do big rider Jay Moriarity, que forjou sua reputação, aos 16 anos de idade, na temida onda de Mavericks, na Califórnia, ganhando fama internacional.
Como preparação física e sempre junto ao seu tutor Grant Washbum, realizavam longas e constantes remadas de paddleboard. Infelizmente Jay veio a falecer em junho de 2001, durante um mergulho nas Maldivas.
Nos Estados Unidos uma das mais importantes provas de paddleboard chama-se: “In Memorial a Jay Moriarity” (chegando inclusive a ser seletiva para o campeonato mundial da ISA).
Confira abaixo o trailer oficial do filme:
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No âmbito nacional, alguns exemplos são bem-vindos, como o lendário carioca Rico de Souza, um dos primeiros brasileiros a ter destaque no cenário internacional, na década de 70 e 80, e que remava bastante.
Rico chegou a remar de Búzios à Cabo frio a bordo de um prone paddleboard de 18 pés. Imagem esta, que está eternizada no museu do Surfe no Rio de Janeiro que fica localizado no AquaRio, o maior aquário da América Latina.
Falando em Big Rider, um dos mais “cascas grossas” da história nacional, Alemão de Maresias, já realizou incríveis travessias utilizando seu paddleboard. A mais ousada foi a volta de Ilhabela, ao todo foram 90 km, com pernoites em lugares estratégicos da ilha.
O gesto motor do paddleboard agrega muito ao surfista, preparando-o para as mais desafiadoras condições de swell. Não existe a hipótese de ficar longe do mar, se tiver onda vá surfar, se não tiver, vá remar!
Aloha
Patrick Winkler
Top Ten ISA Games (campeonato mundial de paddleboard), China 2018;
Top Ten ISA Games (campeonato mundial de paddleboard), Dinamarca 2017;
Molokai to Oahu, finisher 2017.