Bodysurf: a onipresente arte de surfar ondas

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Bodysurf arte
Maíra Kellermann em ação em Fernando de Noronha. Foto: Henrique Pistilli

Onipresente: aquilo ou aquele que pode ser encontrado em todos os lugares; que se está em toda ou qualquer parte. Essa é uma breve definição sobre o que a palavra onipresente significa.

Dias atrás estava pensando o quão o bodysurf se encaixa com esse adjetivo. Você pode ir a qualquer praia do mundo que certamente irá encontrar alguém utilizando o corpo para deslizar nas ondas e com elas fluir livremente, inclusive, os próprios animais o fazem.

Aliás, a fonte humana de inspiração para a prática do bodysurf veio justamente de animais como golfinhos e focas que, desde os primórdios, “brincam” nas ondas.

E é engraçado que o bodysurf é a base do surfe como já tratei anteriormente aqui nas colunas.

O leash estourou e você perdeu a prancha? Recupere mais rápido e com menos esforço a partir do bodysurf.

Percebeu que vai levar uma vaca? Usa o bodysurf como tantos fazem, assim como Lucas Chumbo fez recentemente em Mavericks.

Caiu em uma corrente de retorno? Ao invés de voltar à praia nadando exaustivamente, vire o jogo e utilize as ondas ao seu favor –  olha o bodysurf aí de novo.

Bodysurf e a arte da fotografia

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Michele Roth submersa fotografando um surfista em Noronha. Foto: Rômulo da Silva Marques

Se não bastassem todos esses exemplos que dei sobre a importância do bodysurf, a arte de fluir com as ondas se faz presente também na vida dos fotógrafos.

Maíra Kellermann, uma das fotógrafas mais talentosas que há no mundo do surfe e da água em geral, pratica bodysurf.

Amante do longboarder, Maíra curte surfar de bodysurf e garante que além do condicionamento físico proporcionado, esse esporte facilita o dia a dia de seu trabalho nos mais diversos aspectos, assista aqui para saber mais:

Fotógrafa profissional há 10 anos, Maíra já rodou pelos mares do mundo e atualmente mora em Fernando de Noronha.

Seu forte são os ensaios subaquáticos e a fotografia de surfe em geral, explorando ângulos surpreendentes que captam toda a essência do momento.

A propósito, Maíra já fotografou grandes eventos de surfe como o WQS Fernando de Noronha e a etapa de Saquarema da WSL.

O bodysurf é essencial na minha profissão porque ele trabalha a aquacidade, o posicionamento no mar, furar as ondas… O bodysurf e a fotografia aquática estão interligados, eles caminham juntos”, conta a fotógrafa.

Além de Maíra Kellermann, outros fotógrafos profissionais enxergam o bodysurf como ferramenta imprescindível para um bom trabalho fotográfico como o carioca Marcelo Piu, que desde os 14 anos pratica o esporte.

Bodysurf é uma das coisas que mais amo dentro d’água além de fotografar. E a correnteza entra como o maior desafio externo na fotografia, já que acaba tirando o fotógrafo da posição ideal no mar e cansando o profissional. Então o bodysurf me ajuda muito”.

Laurent Masurel, bodysurfer que já conquistou o 4º lugar no tradicional Pipeline Bodysurfing Contest, que firmou seu lugar na fotografia profissional em 2000, revelou:

Eu pratico bodysurf desde jovem e sou apaixonado por fotografia, por isso fez sentido experimentar e misturar as duas coisas. Costumo me sentir confortável em ondas grandes por causa dessa minha experiência no mar”.

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Michele Roth furando uma onda na mais pura técnica de Bodysurf. Foto: Maíra Kellermann

Michele Roth, outro grande nome da fotografia de surf, chegou em Fernando de Noronha em 2004 e começou a trabalhar com fotografia subaquática no mergulho em outubro de  2004.

Desde 2008 Michele registra momentos alucinantes em Noronha e reconhece a importância do bodysurf para a fotografia:

Acredito que o bodysurf ajuda muito a saber o melhor lugar para fotografar, ter uma melhor leitura de onda e saber se posicionar. Além de ficar tranquila em relação aos caldos, outro ponto positivo é o preparo físico e respiratório que estão envolvidos em surfar somente com nadadeira.

E isso se assemelha muito a fotografia, onde você se desloca a todo momento apenas com o auxílio da nadadeira e segurando a câmera”.

Impressionante ler esses depoimentos e ver como o bodysurf é tão onipresente a ponto de estar diretamente ligado à fotografia, uma profissão que exige muito fisicamente em busca de uma coisa: eternizar um momento especial através das lentes.

Por isso, deixo aqui o meu agradecimento a todos os fotógrafos que conheço e aqueles que ainda não conheço. Vocês são essenciais, pois um mundo sem a arte da fotografia nunca estará completo.

Aloha!

Letícia Parada

Conheça o canal de Letícia Parada no YouTube: Ela No Mar.

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